Capítulo 22: Piratas Robin Hood

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Look how they shine for you.
(Olha como brilham para você)
Yellow - Coldplay

- Xeque mate!

Já faziam algumas semanas desde o nosso assalto, roubamos tudo, inclusive seu tabuleiro de xadrez e eu amava aquele jogo, era uma ótima distração!

E para minha sorte, encontrei um competidor tão bom quanto eu, modéstia à parte, e que compartilhava do mesmo prazer pelo jogo: Henri.

Mas ele não parecia muito focado aquele dia...

- Henry? Xeque mate!

- Ãn? - ele perguntou acordando de seja qual fossem seus pensamentos e ao olhar para o tabuleiro disse desanimado:
- Ah, sim, claro. Meus parabéns. - ele disse me estendendo a mão.

- Meus parabéns? Quem é você e o que fez com meu amigo? Você deveria ficar irritado! Jogar o tabuleiro longe! O que você tem?

Ele suspirou e me olhou intensamente.

- Quando você vai se tocar que eu gosto de você, Anne?

Aquilo me pegou de surpresa e eu não fazia ideia do que responder.

- Henri, eu... Eu...

- Olha, tudo bem se você não sentir o mesmo, mas eu preciso saber!

Eu realmente não sabia o que falar... Eu gostava muito dele, mas não sei se era algo a mais do que apenas amizade. Uma amizade que eu amava demais e não queria perder! Tinha medo de falar que o via apenas como amigo e perdê-lo...

Tentei me imaginar o beijando, me casando com ele, tendo filhos... E meu corpo estremeceu quando em todas essas imagens Henri desaparecia e em seu lugar eu via Pierre...

Suspirei antes de responder:
- Por favor, Henri... Eu não quero te perder...

- Você não vai! Eu quero que você seja feliz, ao meu lado ou não, mas eu preciso que você seja sincera para eu saber se posso alimentar esse sentimento ou não.

- Você não pode. - respondi direta.

- Você o ama, não é?

Franzi as sobrancelhas fingindo desentendimento mas eu sabia muito bem de quem ele estava falando...

Ele então olhou para um ponto no céu e não tirou os olhos de lá, parecia hipnotizado.

- Henri, por favor, você falou que não ficaria estranho!

Ele abriu um sorriso, o que me assustou um pouco, e então ele apontou para onde olhava.

- Veja!

Olhei para o céu e vi algumas gaivotas voando em grupo, não entendi de imediato o porquê ele estava tão animado com os pássaros, mas logo me toquei: pássaros são sinônimos de que estamos próximos de terra firme!

Me levantei empolgada.

- Gaivotas!

Henri também se levantou com um sorriso imenso no rosto.

- Gaivotas!

Passamos a gritar "gaivotas" como dois loucos nos abraçando e todos passaram a fazer o mesmo.

Corri empolgada até a cabine de Pierre e bati em sua porta.

Ele abriu com uma expressão carrancuda.

- Deveria saber que era você... Será que algum dia se passará sem que eu me arrependa amargamente de tê-la trazido ao meu navio?

Eu sorri.

Coração NaufragadoOnde histórias criam vida. Descubra agora