Capítulo 17: Manoir Richesse

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I knew the pathway like the back of my hands.
(Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão)
Somewhere Only We Know - Keane

Chegamos à Paris depois de três dias de viagem. Meus avós já haviam nos deixado, passando a antiga casa deles para meu pai, mas meu pai era muito orgulhoso para simplesmente ficar com o palacete dos pais, ele queria conquistar suas próprias coisas sozinho. Mas a pobreza e a fome foram maiores que o orgulho, então vendemos nossa antiga casa para conseguirmos um dinheiro extra e tivemos que nos mudar para cá.

Eu já tinha ido lá algumas vezes, mas, sinceramente, não gostava de lá... Era muito grande e silencioso, quase sombrio... Nunca achei que eu seria obrigada a chamar aquele lugar de lar...

Entramos no palacete e não consegui disfarçar um suspiro de desapontamento.

Minha mãe, provavelmente simpatizando comigo, disse:
- Por que você não vai escolher um quarto? Isso pode te animar um pouquinho...

Sorri para ela.

- Claro!

E me afastei indo na direção dos quartos, mas assim que ela deu as costas, eu corri para o porão.

Sabia o que me animaria, e não seria escolher um quarto, seria procurar mais coisas sobre minha tia vó!

Abri a porta de madeira do porão que rangia barulhenta contra o piso de madeira, estava muito escuro e aquela casa não tinha energia elétrica, só as casas construídas agora (e de famílias ricas) tinham, não estava com nenhuma vela ou algo do tipo, então minha única iluminação era a luz que entrava pela janela do corredor, o que deixava aquele porão ainda mais assustador!

Cada passo que eu dava, o piso rangia em reclamação e eu já estava começando a temer que ele cedesse.

Além de algumas luminárias quebradas e umas estatuetas assustadoras, não parecia ter nada lá!

Avistei uma caixa de madeira grande e a abri cuidadosamente, com medo do que acharia dentro, já estava tão assustada que não duvidava nada em encontrar um cadáver!

Mas dentro dela não tinha um cadáver, apenas uns papéis manchados e muito mofo.

Levei a caixa (que estava bem pesada aliás) até o corredor para conseguir enxergar o que estava escrito naqueles papéis.

Sentei no chão e passei a tirar os papéis da caixa um por um, até que um documento me chamou a atenção... Era uma escritura de uma casa, também em Paris, que estava no nome de Alison e Valentina Renault, meus bisavós...

Guardei de volta a caixa e depois de arrastá-la de volta para o porão, subi até a sala principal onde meus pais estavam.

- Pai, quantas casas em Paris nós temos?

Meu pai estava transportando as coisas da carruagem para dentro de casa e não prestou muita atenção, então eu repeti a pergunta.

- Só essa.

Me aproximei para evitar de ter que repetir minha fala outra vez.

- Mas o bisavô não morava aqui...

Meu pai finalmente parou o que estava fazendo para me dar atenção.

- Ah! Não... Ele morava na Manoir Richesse... Sua tia Adrianna mora lá...

- A tia Adrianna? - perguntei empolgada - Podemos visitá-la?

Meu pai fez uma expressão cansada.

- Agora? Você sabe que eu e sua mãe estamos ocupados com a mudança...

Coloquei as mãos para trás alternando o peso entre as pernas, eu realmente estava ansiosa com a possibilidade de achar algo a mais sobre Brigitte... E ela morou lá, tinha que ter alguma coisa...

Coração NaufragadoOnde histórias criam vida. Descubra agora