Ainda Bem - Girafa

07

🎧 Bilhetes - Tiago Iorc

POV GIZELLY

Minha semana foi tão corrida, resolvi todos os casos que dava para resolver e transferi os outros para Thaís, minha amiga de longa data, ela no início me questionou o porque, mas eu logo disse que em breve ela saberia, ela aceitou de início, Letícia ainda não sabia de nada, ela continuaria sendo responsável pelo escritório de São Paulo, mas quando eu estivesse pronta contaria tudo a ela, não tenho coragem de falar nada pra ninguém, me fechei de uma forma que eu nem me reconhecia, eu não era boba, consultei um médico cliente meu e ele olhou os meus exames antes de eu levar para Rafaella, que com todo cuidado me confirmou, achei muito delicado da parte dela tentar me passar segurança, mas deve ser coisa de médico mesmo.

Hariany! Esse assunto foi difícil, ela apareceu na minha casa três dias depois que a chamei, aparentava cansaço, ela vivia viajando e dava pra ver que era desgastante, e justamente por isso que eu não queria e não iria ser um peso morto na vida dela, não era essa a minha intenção na vida daquela doidinha, ela merecia alguém que a completasse, não eu, não o meu câncer!

Quando ela chegou na minha casa naquele dia eu a beijei de uma forma que nunca esquecesse, nem eu vou esquecer, foi especial aquele momento

— Que recepção gostosa! Isso é saudades?

Sorri fraco, não iria iludir a menina.

— Precisamos conversar Hari!

— Ah pronto! O que eu fiz? Eu já disse que levo de boa o relacionamento aberto, Carinho!

"Carinho" eu gostava daquele apelido, sentiria falta.

— Não é nada disso Girassol, eu só não posso mais ok? Só não posso.

— Sério Gizelly? Você me chama aqui, me beija desse jeito e me manda ir embora da sua vida?

Ela já estava estressada, eu não especava menos.

— É pro seu bem, eu não posso e nem vou ficar com você! Só respeite isso.

Tive que ser fria, só assim pra ela entender.

— É a tal médica não é? Você voltou pra ela? - ela se referiu a Marcela.

eu ri, ri da minha própria desgraça, queria contar, mas não podia.

— Não tem ninguém Hariany! Eu só não quero mais ok?

Ela saiu pela porta e nunca mais falou comigo, e agora estou aqui olhando para essas palmeiras lá fora, o vendo a as balançavas e aquilo trazia até um conforto. Eu não sei como vou contar pra minha mãe, acho que nem tenho coragem de falar com ninguém, me sinto uma covarde.

— Oi - era a Dra. Rafaella

— Oi - falei quase inaudível

— A Marcela me ligou, ela estava de folga, mas não tive como mentir, daqui a pouco ela vem te ver! Espero que entenda.

— Tá tudo bem Doutora, eu não iria conseguir mesmo. - soltei indiferente.

— Me chama de Rafa, Gi! - brincou ela risonha, ela era bonita quando sorria, parecia um anjinho.

— Tá bom Rafa - sorri fraco.

— Gi, posso te oferecer um abraço? Não é pena, não é como médica, é como alguém que quer te ver bem, eu posso? - céus ela era um anjo mesmo, eu precisava muito de um abraço

Acenei de forma positiva, e me sentei na maca, que agora seria minha nova cama, ela se sentou ao meu lado, mas assim que veio em minha direção eu a parei.

Eu não havia chorado durante toda a semana, e sabia que naquele abraço com uma pessoa ainda meio que desconhecida, eu choraria, e ela leu meus pensamentos

— tem uma música que diz assim

"Tem dias que parece
Que não vou conseguir
O medo me persegue
Me impede de sentir
Eu só quero amar direito
E ser tudo que eu puder
Seja o que for
Venha o que vier
E se caso for
Eu posso esperar
A chuva passar
Pra tudo recomeçar"

Eu me joguei em seus braços e chorei, chorei com toda dor que eu sentia dentro de mim, me senti tão pequena, mas aquele abraço, aquele abraço parecia que foi feito pra mim, ela me afagava de um jeito tão carinhoso, eu precisava exatamente daquele momento e a Dra. Rafaella foi inesquecível.

— A propósito eu amo Bossa Nova, e essa música, obrigada!

Ela beijou minha testa e se manteve abraçada.

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Me emocionei escrevendo esse capítulo, sei lá o pq! Estão gostando? A música nem é bossa nova, mas aqui vai ser.
Bjs, votem e comentem!