Capítulo 2

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Capítulo Dois

Assim que cheguei em Las Vegas retrai minhas asas. Essa era a parte mais difícil. Esconde-las. Mas nada que um pouco de mágica não funcionasse. Assim que cheguei pude sentir as vibrações demoníacas.

Não era atoa que Las Vegas era chamada de cidade do pecado. Aqui era onde existia um dos principais portais de entrada e saída do inferno. A atividade demoníaca aqui era mais forte do que em outros cantos.

Andei pelas ruas movimentadas de turistas. Tentando passar o mais despercebido o possível, o que era fácil, considerando que os humanos só viam aquilo que queriam ver. Eram raros os sensitivos que tinham sua atenção atraída para nós. A maioria não sentia a compulsão para o divino e muito menos para os demoníacos. Eram medrosos demais. E sinceramente, era melhor assim.

Olhei para o grande Cassino Caesars Palace, o maior cassino de Las Vegas. Era aqui que Aisha estava. Revirei os olhos diante de sua previsibilidade. Entrei rapidamente no cassino e fui até a recepção, como cassino e hotel, eu peguei um quarto. Já imaginando que não seria uma missão que eu completaria em um dia, afinal eu duvidava que teria tanta sorte.

Comecei a andar pelo cassino, eu podia ver os humanos sendo manipulado por demônios de risco, de ganância, luxuria. Infelizmente eu não poderia interferir. Eu vi alguns anjos da guarda que se curvaram para mim enquanto eu passava. Provavelmente já sabiam do porquê eu estava aqui. Considerando que a assinatura de Aisha gritava a quilômetros de distância da cidade.

Ouvi uma risada sensual vindo de uma das mesas de poker. Eu olhei automaticamente, mas não vi nada além de várias pessoas amontoadas na mesa.

Acho que a encontrei.

Me aproximei da mesa e quanto mais perto chegava, mais alto as risadas sedutoras ficavam. Assim que cheguei abri espaço entre as pessoas e quando finalmente meu quadril encostou na mesa eu tive uma visão dela.

Aisha entre todos os filhos de Lúcifer e Lilith era a que mais se parecia a mistura perfeita dos dois. Seus cabelos eram longos e ondulados vermelho sangue. Seus olhos eram de um negro profundo como os do pai. Parecia que você poderia perder-se no abismo que eles representam, mas diferente de Lúcifer, os olhos de Aisha brilhavam de malicia. Seu rosto tinha as feições perfeitas de Lúcifer, mas nela era tudo delicado, os traços mais femininos, suavizados pelos traços de Lilith, na boca carnuda e sensual. O formato dos olhos que lhe dava a eterna sensação de que ela era superior a você.

O corpo era feito para o pecado, mas isso era um presente de Lilith para todos os filhos. Considerando sua natureza sexual. Apesar de ser mais comumente conhecida por ser uma Succubus, Lilith nunca poderia ser descrita como somente um demônio sexual. Oh, não, a rainha do inferno era tão poderosa quanto Lúcifer. Uma deusa realmente. Amaldiçoada por Deus com seus poderes Succubus, meio que saiu pela culatra, pois Lilith abraça a sexualidade dela como se fossem melhores amigas.

E assim como todos os seus filhos o faziam.

Assim que seus olhos negros pararam em mim seu sorriso sumiu de seu rosto e uma carranca apareceu.

— Mas será possível que eu não posso ter um minuto de liberdade nesse caralho? – ela falou olhando para mim. Logo todos ali olharam também, e eu revirei os olhos diante disso. Ela olhou para todos ali enquanto se levantava — Vou ali me livrar de um encosto e já voltou, não ganhem tudo sem mim.

Ela deu uma risadinha, antes de me olhar com uma careta e se afastar da mesa.

Eu me afastei saindo daquele aglomerado de pessoas e já a encontrei parada olhando para mim. Ela vestia um vestido curto que abraçava suas curvas como segunda pele vermelho e saltos pretos.

— Aisha – eu falei a cumprimentando enquanto eu parava bem ao seu lado. Eu era mais alto que ela, mas claro que não significava muita coisa. Aisha era uma igual, quando a assunto era luta.

Ela revirou os olhos e se afastou andando rebolando sua bunda enquanto andava na minha frente indo em direção ao bar. Ela não respondeu, e eu presumi que era para segui-la.

Eu realmente nunca tive um contato com ela diretamente, mas havia visto o suficiente para saber como agir em torno dela.

Assim que ela se sentou no bar, cruzando suas longas pernas um barman rapidamente veio lhe atender com um sorriso de paquera no rosto, no qual ela respondeu enquanto pedia dois drinks flamejantes enquanto eu me sentava ao seu lado.

— Eu estou aqui em um dia e já me enviaram uma baba. Sabe o mundo humano não pertence somente a vocês anjos de merda. Eu posso vir aqui sempre que eu quiser, por que diabos você está aqui?

É claro que eu não poderia falar da visão de Anael, coisa que nem sabíamos muito. Então busquei uma resposta que poderia satisfazê-la, sem deixá-la irritada o suficiente para deixar esse tempo que eu estaria aqui insuportável.

— Rafael acha que você é um perigo ambulante que precisa de supervisão para que não cause uma terceira guerra mundial.

Ela bufou e então começou a rir. Seu rosto se iluminando com o humor. O barmen colocou as duas doses de bebida na frente dela.

— Isso é hilário, eu poderia fazer sim, mas eu confesso que não preciso. Do jeito que o mundo está eles vão caminhar para isso sozinhos.

A pior parte de sua resposta, era que eu me sentia obrigada a concordar com ela. Ainda em setembro de 2019 já havia acontecido tanta coisa, que eu realmente conseguia ver uma terceira guerra chegando não muito distante. Mas nada havia sido definido, o futuro ainda era incerto, mas deixava a todos nós no céu apreensivos.

— Então você é o ... – ela parou e sua testa vincou enquanto ela claramente tentava lembrar meu nome.

— Azrael – eu falei, poupando-a.

— Isso, Azrael – ela falou — olha, eu vim aqui para me divertir. O inferno está um inferno esses dias, e eu queria um pouco de diversão. Prometo não causar problemas além do habitual – ela deu um sorriso sarcástico, quando nesse exato momento o casal que se sentava atrás dela começaram a se beijar de forma totalmente inapropriada para o local, e ela riu feliz enquanto virava para olhar. Seus olhos brilhando enquanto sorria. O que me dizia que era ela fazendo isso. Tentei não respirar fundo para tentar buscar paciência para suas ações e não a ofender ao mesmo tempo.

Ash era simplesmente a Luxuria. Como terceira filha de Lúcifer e Lilith, é claro que ela era a personificação de um dos 7 pecados capitais. E ela adorava espalhar luxuria por onde ia.

Ela riu de mim, enquanto tomava sua bebia. E eu suspirei a ignorando e olhando em volta tentando ignorar os casais que ela havia influenciado.

— Qual sua posição lá em cima, Azrael? – ela perguntou e eu pude vê-la pelo canto do olho me observando com um interesse renovado enquanto eu a ignorava.

— Um Arcanjo – eu falei simplesmente.

— Você deve ser bem foda se está nessa posição – ela disse. E eu dei de ombros, eu não saberia dizer o que ela consideraria 'foda', mas eu havia treinado muito para chegar a essa posição.

— Venha – ela disse depois de deixar algumas notas no balcão — eu vim aqui me divertir e já que você é minha baba, você vem comigo – ela deu um sorriso lascivo.

Eu não pude deixar de pensar com o olhar que ela me deu, que ela ia tentar me fazer o mais desconfortável possível nesse tempo em que eu estaria com ela. 

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