PARTE 01 - Anne Shirley.

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Narradora:

- Pi...pi...pi...pi...pi...pi... - o som do despertador ecoava pelo pequeno quarto de Anne. 

- Ai, droga. - a garota diz enquanto se movia para desligar o bendito despertador. - Que sono! Deus, eu só queria poder dormir!

Anne estava acabada, não havia dormido nada na noite anterior e não estava nem um pouco a fim de sair do aconchego de sua cama.
 
Ela se levanta, ainda sonolenta e vai direto para o banheiro tomar um banho. Vai tropeçando nos móveis que estavam dispersos pelo caminho.

"Preciso mandar essa inhaca embora", ela pensou consigo mesma.

Depois de um banho rápido, ela volta para o seu quarto e pega o seu celular para ver a hora.

- 04h20min da manhã! Tenho que me trocar depressa! - ela murmura. 

Anne coloca uma calça jeans velha, uma blusa branca básica de mangas curtas e a sua botina preta. Amarra o seu cabelo em um rabo de cavalo, passa uma maquiagem básica e borrifa perfume pelo corpo inteiro, quase se "afogando" no líquido perfumado.

"Saio simples, mas não saio fedida", ela pensou.

Termina de arrumar os seus pertences dentro de sua mochila e sai, rumo ao ponto de ônibus.
Ela chega no ponto faltando dez minutos para às 5h da manhã.

Minutos depois, o ônibus chega.

- Anne! Bom dia! - seu Antônio, o motorista do ônibus a cumprimenta. 

- Bom dia, seu Antônio! - Anne retribui o cumprimento e sorri.

Ela escolhe um lugar dentre os últimos assentos do ônibus e coloca uma música para tocar em seus fones de ouvido. Ela queria poder cochilar por um curto período de tempo, antes que o ônibus chegasse ao ponto de Diana.

Diana morava no bairro de Paraisópolis e Anne morava no bairro de Heliópolis. Ambos eram bairros favelizados e um pouco distantes um do outro. 

Quando o ônibus chega na parada de Diana, Anne estica o pescoço e vê sua amiga lá na frente, passando o seu cartão na catraca do ônibus e vindo em sua direção.

- Amiga, pensei que você não iria vir. Mandei mensagem pra você e nada. - Diana fala ofegante e se senta ao lado de Anne. 

- Desculpa, eu acabei me atrasando um pouco, nem peguei o celular para ver as mensagens ainda. Mas, você está bem? 

- Menina, nem te conto. Na hora em que eu 'tava' saindo, a Bianca começou a chorar, a fazer birra. Fiquei quase doida. Sorte a minha que, dona Francisca, a minha vizinha apareceu e levou a Bianca pra casa dela já. Aí, tive que vir correndo para o ponto e quase que perco o busão. - Diana fala ainda meio ofegante.

Diana era mãe solteira e tinha uma linda filha chamada Bianca, que tinha três anos de idade. Ela sempre deixava Bianca com a dona Francisca, antes de sair para o trabalho. Mais tarde, sua vizinha levava Bianca para a creche e Diana, ia buscar sua filha depois.

Já era 06h da manhã e a agitação na cidade de São Paulo era algo inevitável.
Chegar atrasadas no serviço, já era uma realidade costumeira para Anne e Diana.
 
Assim que o ônibus chega ao centro da cidade, elas descem em um dos pontos perto do trabalho delas. 
Chegando lá, elas tomam um café da manhã rápido e vão ao banheiro trocar de roupa. Colocam seus uniformes laranjas, guardam suas mochilas nos armários e se encaram, ambas dando um longo suspiro. 

- Hoje está um lindo dia para varrer ruas, Anne! - Diana diz empolgada e solta uma risada. 

- Sim, tomara que não chova. Com esse clima doido de São Paulo, é capaz de chover a qualquer momento. Vamos, dona Diana, as ruas não irão se "varrer" sozinhas. - Anne diz e também solta uma risada.

OPQNS - (Shirbert)Onde histórias criam vida. Descubra agora