『19』A Dança das Chamas.

3.9K 320 61
                                    

      A noite estava límpida e gélida, com uma aspereza que sugeria o inverno lá fora. A Potter ruiva se remexia na cama de forma inquieta à horas. A noite calma e totalmente silenciosa parecia zombar da garota.

 Ela simplesmente não conseguia parar de pensar e formular teorias sobre sua habilidade de conversar com cobras e sobre como isso estava ligado com Salazar Slytherin e a Câmara Secreta. Suas sobrancelhas estavam franzidas em uma carranca leve, enquanto mordia o lábio inferior.

 Tudo parecia muito assustador e isso a abalou, por mais que não quisesse demostrar isso para qualquer ser vivo, ela estava com medo. Dentro de si, lágrimas de desespero e estresse estavam ansiosas para sair. Porém, Lilium não se achava no direito de libera-las, algo terrível estava acontecendo, e ela precisava ser forte por seu irmão e seus amigos.

 Alguma força sobrenatural dentro dela – que a mesma não se importava em tentar descobrir o que era –, dizia que essa era sua obrigação. Ela precisava protege-los, e essa era a maior certeza de sua vida.

 Depois de horas movimentando seu corpo para todas as direções possíveis, ela finalmente se levantou, saindo da confusão que seus cobertores haviam se tornado de tanto que ela se mexera. Ela sabia que seus olhos não se fechariam, e que seu corpo não se entregaria ao sono tão cedo, então optou por simplesmente desistir.

 Lentamente, e tomando cuidado para que ninguém à ouvisse, ela pegou a varinha de sua mãe, que estava em uma cômoda ao lado de sua cama, e se esgueirou pelo quarto até a porta. Andou pelo corredor, para logo depois chegar a escada em forma de caracol e desce-lá em passos vagarosos.

 Já na Comunal da Gryffindor, ela foi em direção ao sofá que ficava em frente a lareira, e se acomodou no mesmo.

 Em um leve aceno de varinha, o fogo invadiu a vasta lareira, e sentindo a brisa morda em seu rosto, Lilium sorriu.

 Não tinha como explicar, mas o fogo a deixava confortável. Ela passou muitos minutos observando a dança graciosa que o fogo exibia, e se sentiu hipnotizada pela beleza daqueles movimentos.

 Sem que percebesse, sua mão direita – que havia deixado a varinha de lado naquele momento –, se ergueu, encaminhando-se para o fogo.

 E assim que chegou em seu destino, a mão da ruiva fora abraçada pelo ardor latejante do fogo, e Lilium só percebeu isso quando a dor já estava quase insuportável, levou sua mão queimada para seu peito, e o contato entre os dois provocou um gemido baixo de dor vindo da garota.

 Ela não entendeu o que tinha acontecido ali, mas estava com dor demais para pensar nisso naquele momento.

 Com a mão direita, ela agarrou a varinha e apontou para a mão que parecia em carne viva, e no mesmo instante, ela fora envolvida por uma fina camada de gelo, fazendo com que Lilium quase gritasse pela dor como consequência, mas ela abafou o som mordendo o lábio inferior com tanta força que pôde sentir o gosto metálico invadindo a sua boca.

 O gelo logo descongelara, deixando a mão da menina molhada, e isso aliviou um pouco mais a dor. Novamente, ela apontou a varinha para a mão queimada, e após murmurar um feitiço, a mesma fora errolada com um pano limpo e macio.

 Lilium suspirou fundo de forma trêmula e se afundou no encosto do sofá, fechando os olhos com força. Não era a primeira vez que isso acontecia, seu dedo indicador da mão esquerda tinha marcas de queimadura de todas as vezes em que ela, de forma não intencional, pôs o mesmo sobre a chama de uma vela.

 Não tinha como explicar, ela apenas ficava hipnotizada pelas chamas, era algo que ela amava acima de lobos. E se sentia terrivelmente frustrada por não poder toca-las sem se machucar.

A Potter Esquecida.Onde histórias criam vida. Descubra agora