[a voz da razão];;

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Já se passaram duas semanas desde a primeira e a última vez que eu encontrei os meninos. Acho que a causa das várias crises de ansiedade que tive nesses últimos dias foram por esse motivo.
Para ajudar, meu irmão não parava de falar sobre o encontro que teve com eles, o que me deixa ainda com mais raiva.

Meu padrasto vai me levar para o trabalho daqui a pouco. Não dormi a noite devido a uma dor de cabeça insuportável. Remédio algum resolveu. Eu me odeio por isso.

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Já havia se passado duas horas desde que eu cheguei no trabalho. Parecia que o tempo havia parado.

Ficar atrás daquele balcão fedendo a mofo era entediante. Só queria estar em Las Vegas agora, andando sem rumo.
Exatamente as 14:30 vi alguém entrar no estabelecimento, mas não consegui reconhecer pois o reflexo da luz me impediu de enxergar

- Lizzie? É você???- A pessoa se aproximou do balcão, tinha um rosto familiar.

- Krist!!! Nossa, que bom te ver. O que faz aqui?- Na hora eu abri um largo sorriso, ainda não acreditava que ele estava aqui.

- Ah, vim comprar algumas...

- algumas...?

-Camisinhas - Ele parecia estar envergonhado. Não fazia muito sentido, todo mundo tem relações sexuais, certo?

- Ah, só um instante.- peguei alguma das camisinhas mais caras da farmácia, eu não me importava com o pequeno dano que isso poderia causar - Pode levar de graça.

- Mesmo? Poxa, valeu... Eu não sabia que você trabalhava aqui. Que sorte te encontrar.- diz Krist, tentando mudar rapidamente de assunto.

- Por mim eu nem trabalhava aqui, odeio esse lugar. O dono dessa farmácia é amigo do meu padrasto. Ele só aceitou que eu trabalhasse aqui por esse motivo, ele não me suporta.

- Cara, se eu fosse você já teria caído fora dessa merda. Eu não aguentaria ficar aqui nem 5 minutos.- ele falou enquanto guardava descaradamente as camisinhas no bolso da sua calça

o encaro por alguns segundos.
ele estava certo, eu não suporto esse lugar.
uma idéia brilhante surge na minha cabeça.

-Vou sair daqui, que se foda tudo. Já deveria ter feito isso faz muito tempo.- Ele me encarou por um tempo, meio sério.

- Tem certeza que quer fazer isso?- Ele ainda estava sério, o que me deixou com um pouco de receio. Provavelmente ele deve estar me achando uma idiota.

- Lógico que sim.

- tudo bem, vamos?- Ele largou aquela expressão séria por uma mais alegre, o que me acalmou.

Eu saí de trás do balcão e fui em direção ao armário, para pegar meu casaco.

-Antes, espere um pouco.- andei até a prateleira de bebidas e peguei duas garrafas de Jack Daniel's. Depois um maço de Marlboro, não podia ficar sem ele.- Agora sim, vamos.

Saímos pelas ruas sem rumo algum, ambos quietos.

-Você e o Kurt se pegaram né?- ele colocara um do cigarro na sua boca e o acendia em um piscar de olhos

Aquela pergunta foi tão aleatória que a máxima reação que tive foi rir. Não sabia o que responder.

- Já vi que a resposta é sim. Eu sei que eu não tenho nada haver com isso, mas quero que vc saiba que o Kurt é uma pessoa difícil, emocionalmente. Ele é legal, mas muito sentimental, ele tem crises do nada. Não vale a pena tentar alg... - ele é interrompido por mim

- Não se preocupe com isso, não passou de uma foda.- Minto. Eu não consegui parar de pensar em tudo que aconteceu naquela noite, foi perfeito. Por mais que tenha sido uma rapidinha, foi a melhor experiência que eu já tive.

- Então ta, vamos logo antes que alguém te reconheça.- Apressamos o passo e andamos lado a lado

Depois dessa conversa começamos a falar sobre família, bebidas, histórias constrangedoras, qualquer coisa que viesse em nossas mentes. Eu bebi a metade da garrafa de Jack Daniel's e já estava fora de si, logo ele, bebeu tudo e ainda parecia bem sã de seus pensamentos
Krist é bem mais legal do que eu pensei, ele tem uma expressão tão séria que sei lá né. Me enganei sobre isso.

Estávamos passando na frente de um café quando ele decidiu parar. Sua expressão estava meio triste, será que ele não se divertiu andando comigo?
Acabou que ficamos quietos só fumando enquanto observamos o céu.

- Porra, para com isso, com essa cara de bunda. Vem.- Após ter terminado a bebida eu estava literalmente fora de si, mas Krist ainda estava com aquele olhar triste.

Segurei-o pelo pulso e saí correndo. Ele, sem muita escolha, correu junto.

-O que você ta fazendo?- Disse ele, já rindo.

-Sei lá cara, só corre.- Saímos correndo pela rua, quase caindo no meio fio. Pessoas que estavam próximas começaram a nos encarar. Sem prestar muita atenção, esbarro em um homem alto, só não mais alto do que krist.

-Olha por onde anda, sua vagabunda.

Isso me irritou de certa forma que eu por impulso dei um chute na canela do sujeito, acho que não me dou muito bem com bebidas

-Diz isso mais uma vez e eu te quebro.- Krist diz num tom raivoso.

- Ah, então você vai defender essa cadela?- no instante em que ele disse isso, Krist se revoltou e deu um soco em sua barriga, fazendo-o dar um suspiro, como quem diz que está com falta de ar. Logo em seguida, ele quebrou a sua garrafa de bebida na cabeça dele e eu fiz o mesmo. Esses golpes foram o suficiente para fazer o homem ficar inconsciente.

- É, acho que esse cara teve o que merece.- Depois de olharmos pra ele por alguns segundos nos demos conta de que tinham pessoas nos olhando do outro lado da rua. Se não saíssemos dali agora, nos pegariam.

Nunca corri tanto em minha vida, foi muita adrenalina para uma noite só.
Dobramos a esquina, já ofegantes. Nos entre olhamos e começamos a rir.

-Cara, o que foi isso?- Perguntei entre risos.

ele só balançava a cabeça ainda rindo. Eu não queria voltar pra aquela casa, pelo menos não por essa noite, sinceramente, nunca mais. O Krist foi gentil o suficiente para me deixar dormir na casa dele, mas amanhã eu vou ter que enfrentar o meu padrasto, mas por essa noite eu só quero me enrolar nos lençóis do Krist e esperar que o amanhã nunca chegue

ele ainda me assusta.

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