O infortúnio de Heaven

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Laynei estava sentada em uma cadeira de balanço ao lado de sua amiga Ava. As duas aproveitavam a leve brisa que soprava e o canto dos grilos desafinados na noite sem estrelas.

A mão de Laynei voou para a barriga saliente de Ava e um sorriso despontou de seus lábios carnudos.

— Como vai o bebê mais lindo da titia? — Ava sorriu ao ouvir a voz melódica de Laynei conversando com seu filho.

Era gostoso estar ali com sua melhor amiga aproveitando aquela noite sombria e silenciosa. 

Após muito tempo somente na companhia do marido, Ava soube aproveitar aqueles pequenos momentos com alguém tão especial quanto Laynei.

Era raro a amiga aparecer ali por conta das responsabilidades dela mas quando o fazia era aproveitado da melhor forma possível.

— Como acha que Linary está se saindo tomando conta de Laylin? — Ava quebrou o silêncio da noite e observou os vaga-lumes se acendendo e apagando diversas vezes enquanto voavam.

— Eu espero que ela esteja bem. Acho que ela é capaz de conseguir o que quiser só basta parar de ser impulsiva e se dedicar.

— Está louca para voltar não é. — O que era para ser uma pergunta acabou saindo como uma afirmação.

— Sim Ava. — Ela suspirou e coçou as vistas que pareciam cansadas. — Sinto muita falta delas. — Ava assentiu e se levantou com o intuito de preparar algo quente para elas beberem.

Mas no momento que se apoiou nos braços da cadeira, uma leve vertigem lhe acometeu, fazendo com que Laynei se levantasse a aparasse.

Não era um simples sintoma causado pela gravidez, afinal Ava tinha uma saúde de ferro e o bebê crescia de maneira saudável. Se não fosse pelo leve arredondamento da barriga, Ava poderia dizer que não estava grávida de cinco meses.

— O que houve Ava? Está tendo uma visão.

Os olhos da bruxa da água se mantiveram fechados e murmúrios inaudíveis escapavam de seus lábios trêmulos.

Ela via tudo, o caos instaurado no Reino vizinho, as pessoas gritando, mortes e muito sangue. Tanto sangue.

— Não. — Um lamento choroso escapou da boca dela e Laynei estava a ponto de chamar o marido adormecido para lhe ajudar.

— Ava está me assustando vou chamar Damein. — Laynei sussurrou e se aproximou da amiga que estava ficando cada vez mais pálida. — O que você vê Ava? — Quando ela não obteve resposta da amiga, Laynei se virou para chamar o marido dela.

Mas a mão forte de Ava segurou o pulso dela, fincando suas unhas afiadas em sua pele, criando meia - luas no seu braço.

Laynei a olhou assustada e viu o rosto da amiga coberto de lágrimas que escorriam sem controle algum.

— Sangue. Todos irão sucumbir. — Laynei arregalou os olhos e viu Ava desmaiando, em um ato reflexivo a segurou para que sua cabeça não batesse no chão.

— Damein!!! — Ela berrou para que o marido de Ava, que estava adormecido no quarto, a escutasse.

Laynei era de uma estatura mais baixa que Ava e fazia um tremendo esforço para manter o corpo de sua amiga em seu colo.

Os passos pesados de Damein fizeram com que Laynei respirasse aliviada, pelo menos o peso de Ava iria ser aparado.

— O que houve com ela? 

— Ela teve uma visão e desmaiou logo em seguida. — Damein assentiu e içou o corpo de Ava para seu colo a carregando para o quarto e colocando na cama com todo o cuidado do mundo.

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