Você acredita em fadas?

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A música que Linary canta para a mãe se encontra no vídeo acima.
Vale a pena escutar, é linda.

Darken se dirigiu para dentro da cela e deu um tapa no rosto de Linayna para que ela acordasse do sono profundo que se encontrava.

— Preciso de você bem desperta bela bruxa. — Ela abaixou e nivelou o olhar com Linayna. Os olhos translúcidos da bruxa brilharam e se apagaram, demonstrando a guerra que sua mente enfrentava contra o feitiço.

— O que pretende fazer com ela rainha? — Kyle perguntou, observando todo o desenrolar da cena que presenciava.

Querendo ou não ele tinha que ficar ali. Darken não estava com o melhor dos humores e alguém tinha que ser a voz da razão.

— Ela é tão bonita não é mesmo caçador? — A bruxa da noite fincou suas garras negras nas bochechas imaculadas da bruxa do ar, fazendo com que Linayna gemesse baixinho.

Kyle se manteve calado o tempo todo, mas por experiência própria sabia que Darken estava no limite da sanidade. A raiva eclipsava em sua mente e ele não sabia dizer se era dirigida a relutância de Linayna a aceitar o feitiço ou da rainha das fadas por lhe entregar uma magia falha.

— Não tem nenhuma cicatriz, marca ou linha de expressão visível. Bela e jovem. Uma vida pela frente. — Ela parou seu discurso e analisou o dedo indicador esquerdo.

Ela mexeu os lábios e recitou palavras estranhas em uma língua que ele não tinha conhecimento. Logo a unha pintada de negro se transformou em uma espécie de garra metálica com aparência afiada.

— Perfeito. — Darken levou a garra até o pescoço de Linayna e fez um corte profundo ali.

Gritos de dor e um leve tremor foram vistos e ouvido por Kyle. A bruxa da noite parecia satisfeita ao terminar seu trabalho, resultando em uma cicatriz disforme e horrível, como as que ela mesma tinha.

— Agora a melhor parte. A dose diária, terá que me obedecer jovem bruxa. — Linayna se manteve calada, com os olhos fechados e respiração entrecortada.

Darken aproveitou do silêncio e colocou as mãos sob a cabeça de Linayna, as palavras horríveis ditas em baixo tom, se caso Kyle não tivesse tão perto jamais teria ouvido.
Linayna revirava os olhos e assentia para o que Darken lhe falava, como uma marionete.

Kyle desviou o olhar daquela cena horrível que presenciava. Aquilo iria lhe assombrar por um bom tempo, não por Linayna ser uma pessoa, ele há muito tempo deixou de se importar com seres humanos. Ele não sentia compaixão por ninguém, mas sim por ela ser quem era, a irmã de Linary. O único ser humano que ele se importava e não tinha medo de admitir. A bruxa da terra se tornara uma fraqueza para ele.

Kyle nunca foi capaz de sentir nada por ninguém, a não ser por ele mesmo. Em suas vinte e uma primaveras, ele já havia presenciado momentos terríveis e bons, os episódios ruins aconteciam com mais frequência e era algo que já estava acostumado.

Já vira pessoas morrer bem a sua frente, na maioria das vezes ocasionado por ele mesmo. Gente passando fome, entre outras tragédias e nunca foi capaz de sentir nada, compaixão? Ele nem saberia dizer o que aquilo significava.

Mas ao conhecer Linary tudo mudou, algo nele havia despertado e tudo parecia ter mudado de cor. Não existia mais o preto e o branco, uma paleta de cores se formava diante de seus olhos.

Tudo não era visto mais como antes, o que era normal para ele, não era mais e ele era um idiota por estar daquela forma. Se Darken, ou pior Delma, descobrissem sobre aquilo ele estaria em apuros.

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