O segredo de Samar

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Linary e suas irmãs seguiam Samar pelo extenso corredor, ornamentado com belas obras de arte que eram desde de pinturas de artistas bem pagos e de muito talento até esculturas que deveriam estar expostas para todos apreciarem.

Linary pensava que não era justo tudo aquilo estar ali e ninguém poder apreciar, ninguém a não ser o velho rei Auheb.

— Não vai se encrencar por nos oferecer abrigo por hoje Samar? — Laynei perguntou olhando em volta para ver se não havia ninguém por ali.

— Claro que não. Fiquem tranquilas. Tenho duas amigas que trabalham por aqui, elas vão garantir que vocês comam algo, devem estar famintas. — Ela olhou para trás e sorriu. — Não ia ser justo que vocês fossem obrigadas a voltarem para o Reino da terra com o frio que está.

— Sim estamos famintas e obrigada por tudo. — Laylin respondeu com um sorriso amplo nos lábios rubros. 

— Laylin tenha educação. — Laynei a repreendeu.

— Não tem problema. Sei como são as crianças. 

— Não sou criança. — Laylin cruzou os braços emburrada e aquela atitude arrancou um sorriso de lábios selados de Linary.

Por mais que a mais nova insistisse que não era uma criança, ela agia como se fosse uma pelas suas atitudes. Ninguém conseguia entender a mente de Laylin como Linary, pois ela fora criada como uma criança mimada pela mãe e irmãs, sempre protegida de tudo e todos, então era normal que ela agisse daquela forma.

— Já volto, vou providenciar a comida. Aí podemos nos conhecer melhor. — Samar disse com uma expressão amigável e saiu do pequeno quarto que ocupava.

Linary foi até a porta, abriu uma pequena fresta e colocou a cabeça para fora do quarto, vendo se a bruxa do fogo encontrava-se por ali. Quando viu que ela não estava, fechou a porta e voltou-se para as irmãs. 

— Será que ela quer ser nossa amiga? 

— Por que diz isso? — Laynei disse e sentou-se na cama, visivelmente, cansada.

— Eu gostei dela, ia ser decepcionante descobrir que é uma falsa. — Linary deu de ombros e foi até a janela para observar a paisagem lá fora.

A amplitude da janela permitia que ela visse toda a extensão do Reino do fogo, incluindo os muros de tijolos marrons que circundavam o território. Tinha que admitir que todo o Reino tinha sua beleza, apesar do monarca podre.

Ela sorriu ao ver um bando de gansos tentando alçar vôo. Uma mãe e seus filhotes, Linary teve vontade de ir lá fora e pegar o pequeno filhote, de cor diferente, e colocar nos braços, como fazia quando criança.

Se fechasse os olhos, ela seria capaz de lembrar das broncas da mãe para ela parar de apertar os pobres bichinhos e ir para dentro tomar banho, pois estava muito suja de lama. Eram momentos como aqueles que traziam lágrimas para seus olhos e que faziam que a saudade apertasse seu peito.

Ela adorava quando os animais estavam no início da vida, todos eram tão fofos aprendendo sobre as coisas novas do mundo. Todos eram lindos, menos os filhotes de jacarés, aqueles ela achava horríveis demais, por ela não deveriam nem existir.

— Trouxe algo para vocês. — Linary estava tão distraída que não ouviu a porta sendo aberta por Samar e mais três criadas. 

Elas colocaram quatro pratos em cima de uma mesa que havia no canto do quarto e depois as criadas se retiraram, só restando Samar. Linary já conseguia sentir o aroma de temperos picantes invadir todo o quarto.

A fome havia voltado com tudo, fazendo o estômago de todas roncarem. Fazia horas que não colocavam nada de substancial em seu corpo e toda aquela quantidade de comida fazia com que o estômago das três roncassem.

Reinos da magia ( Em Revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora