Capítulo XXIII

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– Eu só sei que eu o amo e quero viver essa história até onde der. – Tammy respondeu encarando a psicóloga a sua frente.
– Porque tem tanta certeza que vai acabar em algum momento?

A pergunta fez a moça refletir um pouco.
– Porque em algum momento ele vai enjoar de mim. Vai ver o quanto eu sou depressiva, bipolar, dependente.
– Tamara ele viu o seu pior e ainda assim escolheu ficar ao seu lado, é nisso que você tem que focar.

O silêncio se fez presente no consultório por um momento.
– Não seja cruel com você mesma assim, você é uma garota bonita, extremamente forte, não é qualquer um que consegue lidar com esse tipo de situação. Não ache que você é fraca por se sentir assim. – a mulher apoiou os braços na mesa e encarou atentamente a moça a sua frente. – Depressão e ansiedade não são sinais de fraqueza, significa que você foi o forte o quanto pôde.

Uma lágrima silenciosa desceu pelo rosto de Tamara.
– Eu li uma frase uma vez que chamou muito minha atenção, não sei quem escreveu, não consegui achar o autor. Ela diz assim: Depressão nada mais é que um ciclo vicioso pessimista. Quanto mais se pensa, mais se enfraquece; quanto menos age, mais se afoga. Poucas palavras, mas que explicam bem como funciona. Aja e reaja Tammy, a vida está aí para ser vivida.
– Eu me consultava com outra psicóloga e ela disse que eu tinha depressão, inclusive me indicou um psiquiatra e eu comecei a tomar remédios.

A doutora olhou interessada para sua paciente.
– Não acho que você tenha depressão. Está lidando bem com toda a situação, conseguindo se reerguer, eu apenas citei a frase como um exemplo, mas ela também pode ser usada para a ansiedade.

Tamara olhou para a médica pensando em tudo que ela havia falado.
– E os remédios que você tomava? O que fez? Ainda continua tomando?

Um pouco envergonhada, ela desviou o olhar.
– Eu parei de tomá-los.
– Sabe que não pode fazer isso não é? Parar por conta própria, primeiro tem que conversar com o médico sobre isso.
– Eles não me faziam bem, me deixavam grogue. Por causa deles que eu... Quase fiz aquela besteira na viagem.
– Quer falar sobre isso?
– Eu misturei com álcool. Tinha brigado com meu pai por telefone e resolvi tomar dois comprimidos de uma vez pra me acalmar, acabei indo a uma das festas no navio e ingeri bebida alcoólica.
– Você passou mal?
– Sim, eu desmaiei e só acordei no outro dia. Eu me sentia um lixo, um ser humano fraco, dependente, me sentia um fardo para os meus amigos. – a psicóloga escutava atentamente em silêncio. – Eu não queria morrer, eu só queria acabar com a dor.

Mais algumas lágrimas silenciosas brotaram dos olhos castanhos.
– Eu sei. Você se preocupa tanto com o que os outros vão pensar, que aquele medo te paralisa, qualquer preocupação dobra de tamanho, causa insônia, desconforto fora do comum, choros compulsivos. Se sente insegura, acha que está sempre incomodando, pensa muito antes de falar algo ou agir, sempre com medo dos julgamentos alheios. Sente uma culpa absurda, principalmente em questões mal resolvidas do passado, tem medo de errar e se algo sai do controle, seu mundo desaba.

Tamara deu um sorriso triste limpando o rosto.
– É exatamente assim que eu me sinto.
– A ansiedade é viver em constante estado de alerta para qualquer situação. Você acaba criando certos "hábitos" que lhe dão a falsa sensação de segurança, mas é tudo ilusão, e se você tenta reagir, parece que tudo piora. Isso é apenas o seu cérebro agindo com medo, criando uma sensação de perigo que não existe. Pode parecer clichê o que eu vou lhe dizer Tamara, mas é apenas coisa da sua cabeça.

A moça suspirou desanimada.
– Mas não é frescura, ou drama para chamar atenção, nada disso. Você precisa de ajuda, por isso está aqui. Vamos continuar com a terapia até quando eu achar que você consegue lidar sozinha com tudo, mas eu também recomendo que você faça exercícios diários para mudar o foco dos seus pensamentos. Meditar é muito bom, ajuda você a controlar a respiração. Em uma crise de ansiedade, você respira aqui em cima. – a médica apontou para o próprio peito e a garganta. – Lhe dando a sensação de que está ficando sem ar, sufocando. Quando você respira devagar, contraindo o diafragma, facilita a entrada de ar nos pulmões e consequentemente mantendo a calma. – dessa vez ela inspirou profundamente contraindo o abdômen. – Vamos lá, tente. Puxe o ar profundamente e depois conte até cinco e solte lentamente.

Amor e Paixão no CaribeOnde histórias criam vida. Descubra agora