Arte, teatro e Kyungsoo

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Depois da cena que presenciou no banheiro, Kyungsoo não teve coragem de olhar no rosto de Jongin. Saiu correndo, pois nada daquilo fazia sentido. O coração dele estava quase pulando do peito, e eram por tantos motivos que ele sequer saberia como explicar.

Não era a primeira vez que ele se sentia estranho perto de outro garoto, e tudo só piorou por ser um garoto extremamente bonito. O coração dele já não estava muito bem, mas quando ele ouviu a conversa entre o Baekhyun e o jogador alto… pensou que fosse finalmente infartar. 

Quando ele saiu do banheiro, correu para um canto afastado da escola para poder colocar seus pensamentos em ordem. Estava dividido entre ser um cara responsável e maduro que sabe lidar com qualquer problema, ou ser o adolescente sem jeito como ele sempre foi. 

Respirou fundo, e tentou fazer a técnica da borboleta para se acalmar, do mesmo jeito que viu em um vídeo aleatório. Colocou a mão direita no ombro esquerdo, a mão esquerda no ombro direito e alternou em dar leves tapinhas alternadamente. Surpreendentemente, funcionou depois de um tempo. Quando teve certeza que estava bem e pronto para olhar para o amigo novamente, saiu do cantinho do auditório do teatro para ir até a sua sala.

Caminhou determinado pelos corredores, como se estivesse fazendo parte de um filme adolescente, quando eles andam em câmera lenta de maneira dramática. Se ele realmente estivesse, seria aquele tipo de personagem que escorrega e cai dentro da lata de lixo na frente da pessoa que está afim. Felizmente, ele não estava. Chegou na sala de matemática são e salvo.

Deu uma última olhada nos corredores e entrou na sala de aula. Todos estavam em seus respectivos lugares, junto do professor com seu giz escrevendo milhares de fórmulas na lousa. 

— Kyungsoo, está tudo bem? — a professora, sempre atenciosa com o Do, perguntou sem dar importância por ter interrompido a aula. — Você nunca se atrasa. Está precisando de ajuda? 

Quis morrer ao perceber que a sala toda estava o encarando atentamente. Detestava receber atenção desnecessária.

— Está tudo bem, professora. Desculpe por te preocupar — Se abaixou em uma rápida reverência. — Fui entregar alguns papéis para o professor de física, e ele insistiu em me fazer uma breve explicação sobre como o sol é importante no sistema solar.

— Entendo — ela sorriu simpática. — Na cabeça dele, ele ainda pensa que vocês são alunos do primário. Pode ir se sentar, Kyungsoo.

— Obrigado — fez outra rápida reverência e seguiu para a sua carteira. 

Fez questão de manter os olhos presos no chão até chegar na carteira. Tudo para não precisar encarar Baekhyun tão cedo, o que não deu muito certo, pois o garoto sentava atrás dele em todas as aulas. Antes de se sentar, reuniu toda a sua coragem e subiu os olhos para o amigo, que o correspondeu com uma língua de fora seguida de um sorriso bobo. 

Era o Baekhyun de sempre.

— Cara, eu não te vi durante todo o intervalo. Onde você tava? — o Byun cochichou no ouvido de Kyungsoo. — Pensei até que você tinha ido embora mais cedo. Tinha ficado com um pouco de inveja, para ser sincero.

— Eu… — tentou pensar em uma desculpa aceitável. — Eu queria ficar sozinho e ensaiar um pouco o roteiro da peça.

— E você não me chamou? — ainda que em cochicho, a indignação do Byun estava óbvia. — Pode devolver a pulseira que te dei no seu aniversário. Não sou mais seu amigo.

Do que ele estava falando? Baekhyun parecia ocupado demais durante o intervalo para ensaiar, mas é claro que ele não podia falar sobre isso. Escolheu se fazer de desentendido.

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