Capítulo 8 - I come undone

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Será que a gente pode fumar aqui dentro?" perguntei a Frank, estendendo meu braço para pegar meu maço de cigarros na mesa de cabeceira.

"Acho que não, mas foda-se," ele se sentou na cama enquanto olhava para o teto do quarto. "Se bem que, olha," indicou com o dedo. "Tem um detector de fumaça nessa merda," e revirou os olhos.

Assim como ele, vesti minha boxer e fui em direção à varanda, fugindo da tensão que pairava no ar agora. Era mais fácil administrá-la quando ele estava dentro de mim e gemendo o meu nome do que agora.

Quando abri a porta, a brisa gelada que vinha do deserto me atingiu em cheio, mas ainda estava com o corpo quente demais para sentir frio. Esperava que Frank saísse para a varanda também, mas como ele não veio depois de alguns minutos, desisti de aguardar e apenas acendi meu cigarro.

Agora, com a cabeça mais fria, tudo aquilo começava a pesar um pouco. Eu estava tecendo uma trama de mentiras e ocultações que iam me custar caro em algum momento, mas o pior era que eu estava sendo injusto comigo mesmo. Naquele momento, parecia que eu não tinha qualquer respeito pela pessoa que eu fui e que teve que viver um luto intenso por conta daquele relacionamento.

Parecia que estávamos retomando de onde paramos, mas era absurdo. Éramos pessoas completamente diferentes agora, com vidas e interesses diferentes. Claro, tínhamos uma história em comum, mas não era como se nossas vidas pertencessem a nós única e exclusivamente.

Frank me puxou de meus devaneios quando se postou ao meu lado, me estendendo uma long neck e levando a outra aos seus lábios. Interpretei isso como um pedido de trégua, mas ainda não estava disposto a ceder - o ciúme vinha em ondas.

"Você não tá com frio?" ele perguntou enquanto equilibrava cerveja, maço e isqueiro em sua mão. Meneei a cabeça negativamente - o que era um pouco mentira porque o vento estava começando a me deixar com frio, desejando que ele me abraçasse. "Gerard, eu não sei se isso foi uma boa ideia," Frank falou baixo, suas palavras muito mais amargas que a cerveja que eu tomava.

"Que parte?"

Ele deu um suspiro longo, eu ainda olhando seu rosto em busca de resposta. Okay, sendo bem pragmático, tudo aquilo era uma péssima ideia, se a gente fosse analisar meticulosamente. Mas foda-se, eu não queria fazer análise, eu só queria viver aquilo.

"Tudo," ele disse finalmente, sua voz me atingindo como adagas. De novo passar por tudo aquilo? De novo?

Apaguei meu cigarro no cinzeiro, apertando-o contra a pedra como se esfregasse a bituca na cara dele - naquele segundo, era essa a minha vontade. O desejo era de sair no soco com ele, canalizando todo meu ódio por ele. Mas como você consegue odiar uma pessoa que você ama tanto?

"Realmente, Frank, não é uma ideia sã, mas isso não quer dizer que não seja uma ótima ideia," eu disse finalmente. Quando me virei para voltar para o quarto, ele segurou meu braço, me fazendo ficar. "Eu entendo você questionar porque eu também questiono, sabe?"

"Não é justo com elas, Gee, você sabe," precisei concordar com a cabeça porque não deixava de ser verdade e era terrível. "E tem as crianças também. Meu medo é de que elas fiquem machucadas," ele concluiu sua fala com um gole em sua cerveja.

Envolvi sua cintura com um de meus braços, deixando um beijo sobre um de seus ombros. Por pior e agonizante fosse aquele sentimento, era bom ter alguém se sentindo da mesma forma. Até aquele momento, eu não tinha exatamente pensando onde aquilo podia parar.

"E não é como se a gente pudesse simplesmente sair... Desmontando tudo, sabe?" ele dizia metaforicamente, mas eu conseguia enxergar bem o subtexto e o ponto que ele queria criar. Ele estava me dizendo que suas intenções ali não passavam de um caso e eu me sentia usado.

"Ninguém tá pedindo pra você sair desmontando tudo. E você gosta da sua esposa, eu to vendo isso," eu disse.

"Ela é minha melhor amiga, Gerard... E você tem que entender que são muitos anos juntos também e-"

"E eu sou o cara que você vem, come e vaza, né? Aquela parte que você tem que esconder, né? Ela sequer sabe que você gosta de homem também?" falei, sem perceber quando minha risada irônica surgiu do fundo de minha garganta, deixando Frank desconfortável. Desvencilhei-me dele para voltar para o quarto, deixando minha cerveja em qualquer lugar, buscando por minhas roupas porque eu precisava sair dali o mais rápido que pudesse.

Frank irrompeu em seguida. "Como se você fosse simplesmente largar sua esposa e a sua filha do dia pra noite, né, Gerard?" seu tom de voz começava a subir.

"Por você? Sim," nem eu tinha consciência do que estava falando àquela altura.

"Por favor, não fala uma merda dessas," ele revirou os olhos, o tom voltando a subir. "Como se a Lindsey soubesse que você também gosta de homem, né? Você contou pra ela sobre a gente? É claro que não!" revoltado, ele esmurrou o colchão. "Porque você já tinha vergonha da gente naquela época!"

Apertei minhas têmporas com meus dedos, tentando me recompor. Estava odiando o rumo que aquilo estava tomando e definitivamente não era a minha intenção passar a noite brigando com Frank em um quarto de hotel. Sem responder, terminei de me vestir, buscando por meus calçados. A questão estava começando a se tornar complexa demais, eu tinha a impressão de que ele jamais entenderia meus motivos e eu também não queria justificar comportamentos antigos.

"Você não vai falar nada?" ele me cobrou.

"Por que você não pede pra sua melhor amiga falar algo pra você, Frank?" eu disse irônico. "Por que você tá aqui então?"

Frank deixou a garrafa de cerveja sobre a mesa que ficava no canto do quarto, ao lado de onde eu havia deixado a minha e veio em minha direção, engolindo seco. "Porque eu ainda te amo."

Segurei seu rosto com minhas mãos, tocando suas bochechas com meus polegares, observando cada detalhe de seu rosto com atenção - o olhar hipnotizante, os lábios rosados. Pouco havia mudado, mas ao mesmo tempo, ele estava diferente. Nada mais importava para mim, ele parecia mais lindo do que nunca.

"Eu também te amo, Frank," confessei de volta. "Mas a gente precisa estar na mesma página, senão, não vai dar certo," ele concordou com um aceno de cabeça, nossos lábios se encontrando para selar finalmente nossa trégua. 

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N/A: capítulo anterior gigante e esse pequeno. Eu não sei dividir capítulos muito bem, não reparem, hehe. 

No One Knows [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora