Capítulo XII

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É isso! Essas anotações podem nos ajudar a descobrir quem é o culpado pelas mortes das duas mulheres.

— É melhor sairmos daqui antes que alguém chegue. — meu melhor amigo diz.

— Eu sei, vamos logo.

Talvez só um segundo tenha se passado até um homem abrir a porta do quarto. A primeira coisa que me veio à cabeça foi:

Mamãe vai me deixar de castigo para o resto da vida.

— Quem são vocês dois? O que estão fazendo aqui? — o marido de Crystal diz.

— É que... Eu e ele, nós... — digo me enrolando nas palavras.

— Minha amiga veio procurar o banheiro, e como ela demorou um pouco resolvi vir atrás dela.

Quando olho para Peter fico impressionada. Esse garoto deveria estar em Hollywood! O sorriso sem graça que ele dá para o homem acompanhado de sua expressão de calma são ótimos.

É provável que eu, com meu espanto e nervosismo tão aparente, estrague a desculpa que meu amigo arranjou em pouquíssimos instantes. Agora eu pude lembrar o motivo de amar tanto o meu melhor amigo. Pelo menos ele me tira das enrascadas.

— Já que sua amiga já encontrou o banheiro, é melhor os dois saírem daqui, agora. — ele diz, visivelmente abalado, o que é óbvio.

Seu sofrimento é tanto, que percebo que o pobre homem nem notou que os banheiros ficam logo no início do corredor.

— Desculpe-me por invadir de certa forma sua privacidade, senhor. É que eu estava observando as fotos de vocês dois, e me encantei com a felicidade que vocês aparentavam ter. Eu sinto muito por sua esposa.

Sim, eu sei que parte disso não se passa de uma mentira. Mas eu realmente sinto muito por ele. Sinto de tal maneira que as vezes parece que esse sentimento me sufoca.

O homem assente, e abaixa a cabeça. Logo vejo lágrimas descerem de seu rosto, e pouco depois ele já está chorando copiosamente. Vendo o quanto aquilo estava dilacerando seu coração, me aproximo vagarosamente dele, e o abraço.

Ele me abraça de volta, e eu consigo sentir toda a dor dele. É como se esse gesto simples fosse tão significativo a ponto de apaziguar a angústia que toma conta dele.

Ainda passamos uns instantes abraçados enquanto tento acalmá-lo. Ele se afasta de mim e enxuga as lágrimas que caem pelo seu rosto.

— Obrigado. — ele diz.

Apenas aceno com a cabeça. Peter vai na frente, e eu vou logo atrás. Fecho a porta atrás de mim e como despedida dou um pequeno sorriso de lado ao homem.

— Você é incrível, sabia? — Peter me diz de forma casual.

O olho sem entender, afinal não é sempre que se recebe um elogio de repente.

— Você conseguiu acalentar o marido de Crystal. Parecia que você sabia exatamente do que ele precisava. Nada de "meus pêsames" ou palavras repetidas que ele já ouviu tanto hoje. No momento em que ele começou a chorar, você só o abraçou sem dizer nada. Sem perguntar, sem se intrometer. As vezes as pessoas só precisam disso. De um silêncio acolhedor.

Depois de ouvir isso, foi inevitável sorrir. Enquanto ele falava meus olhos até ficaram marejados. Me senti importante, e útil. Acho que pela primeira vez em todos esses dias eu fiz algo que seja bom de verdade, e eu fico muito feliz com isso.

A sensação de ter conseguido ajudar alguém quase me fez esquecer de uma coisa muito importante. Uma coisa que não pode ser ignorada.

O caderno.

Mistério em Forest VillageOnde histórias criam vida. Descubra agora