Capítulo I

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Acordei com o sol iluminando meu quarto. Juntei toda a pouca coragem que eu tinha e levantei da cama para fazer minha higiene matinal. Depois de pronta, desci até a cozinha onde encontrei minha mãe aprontando nosso café da manhã.

— Úrsula! Bom dia querida, acordou bem? — me perguntou com um sorriso no rosto.

— Sim mamãe, sua comida está com um cheiro ótimo, como sempre. — respondi calmamente antes de começar a fazer minhas perguntas a ela. — É verdade que uma garota foi achada morta na floresta? Peter comentou comigo.

— Infelizmente sim. Mas não se preocupem com nada. Já estamos trabalhando nisso — ela falou enquanto pegava xícaras para colocar nosso café.

— E o que aconteceu? Como encontraram o corpo dela? Eu a conhecia de vista e ela não aparentava ser alguém encrenqueira. Acharam o assassino? Como isso aconteceu aqui? Forest é um tédio, nem sei como a senhora ainda ganha um salário! — perguntei sem sequer respirar. Mamãe me olhou com olhos arregalados, provavelmente surpresa com tantas indagações de uma vez só.

— Úrsula, já falei para ter calma ao perguntar alguma coisa — ela falou revirando os olhos — todos sabem que esta é uma cidade calma, mas aconteceu. Não sabemos a motivação do crime, tampouco quem é o assassino. E Susan era uma ótima garota. Era filha de dois amigos meus. Mas já disse, estamos trabalhando nisso. A investigação acabou de começar, mas isso não vai se repetir. Agora coma. Eu vou para minha sala estudar mais sobre o caso — falou enquanto pegava sua xícara e algumas torradas.

Com essa resposta me dei por vencida e comecei a comer. Não iria insistir, talvez ela ficasse irritada e eu não queria atrapalhar na investigação. Hoje ela ficaria em casa o que me fez lembrar que Peter viria passar o dia comigo para fazer o mesmo que ela: estudar sobre a morte de Susan.

Peter é meu amigo de infância, nossos pais eram amigos e nós também criamos uma amizade. Ele é meu melhor amigo desde que me lembro, e praticamente o único. Apesar de falar muito, eu não tenho o dom de fazer muitas amizades. Até falo com algumas pessoas, mas nada se compara ao que tenho com Peter. Nos entendemos, e apesar de algumas brigas, não nos abandonamos nunca.

Todos que nos vêem e não nos conhecem, acham que somos namorados. O que para nós não faz o menor sentido. Sei que andamos sempre juntos, mas mesmo assim nunca tivemos nada. Peter até já namorou com uma garota da escola, ela se chamava Megan e era muito bonita. Mas não deu certo. Um professor, que até hoje não sabemos quem é, deu em cima de Megan várias e várias vezes. Depois disso, ela decidiu se mudar e pôr um fim no namoro dos dois.

Peter ficou muito mal, porquê era apaixonado por Meg. Mas depois de um tempo, ele ficou bem e se afastou de relacionamentos sérios. Já eu, nunca namorei e nem quis. Conheci alguns garotos, nos envolvemos, mas eu nunca dei um passo a frente. Isso me faz lembrar que Peter começou a me chamar de querida Úrsula pela mais pura implicância, hoje ele ainda usa o "apelido" por causa do hábito que ele criou. Uma vez, recebi uma carta romântica de um garoto e ele repetia isso muitas vezes, e cá entre nós, foi ridículo. Acho que o garoto se sentiu tão envergonhado por ter mandado o que escreveu, que nunca mais falou comigo. Meu amigo viu nesse mico do pobre rapaz uma oportunidade para nunca me deixar esquecer desse episódio da minha vida.

Termino de me alimentar e coloco a louça na pia. Pouco depois ouço a porta bater.

— Eu vou atender a porta mamãe, acho que é o Peter. Ele vem passar o dia aqui comigo. — falei quando a vi saindo da sala onde trabalhava quando estava em casa. Abri e dei de cara com Peter.

— Olá Úrsula, tudo bem? — ele falou enquanto passava por mim entrando na sala, a intimidade que nós tínhamos era de se admirar. — Tia Greta! Como a senhora está?

— Estou bem querido, que bom ver você por aqui. Já comeu alguma coisa? — mamãe o respondeu sorrindo enquanto estava escorada no batente da porta de sua sala segurando uma xícara de café.

— Sim, comi antes de vir, mas obrigado por perguntar. — ele respondeu com o mesmo sorriso radiante que sempre teve e que sempre conquista qualquer pessoa.

Ela fez um breve aceno de cabeça para ele e voltou ao trabalho, e eu conduzi Peter até o andar de cima, afinal, nós também iríamos começar o nosso. Subimos as escadas e caminhamos até meu quarto. Fechei a porta quando vi meu amigo se acomodando em minha cama. Meu quarto é bem organizado, suas paredes são de um tom de azul bem claro, quase branco, a cama fica ao lado de uma janela onde eu coloco algumas plantas. Ao lado direito fica minha escrivaninha com todas os meus trabalhos e matérias para o jornal da escola. Acima dela tenho várias borboletas azuis coladas na parede, e no lado oposto ao da cama fica meu guarda-roupa e outra cadeira.

— Então, você descobriu alguma coisa com tia Greta?

— Nem nos meus mais belos sonhos. Acho que me precipitei enchendo mamãe de perguntas, o que a fez encerrar logo o assunto com respostas curtas. — Respondi indo me sentar na cadeira que fazia parte da escrivaninha.

— Você e seu belíssimo dom de não conseguir controlar a língua. Por Deus Úrsula, será que não poderia ter calma uma vez na vida? — ele disse revirando os olhos para mim.

— Eu só estava tentando descobrir mais e me empolguei, babaca. E o que você descobriu? — Peter riu do meu xingamento e começou a se animar quando me respondeu.

— Você não vai acreditar. Lembra quando eu disse que um assassinato não ocorria a sabe se lá quantos anos? Então, eu falei no sentido de que nunca houve um homicídio em Forest Village. E é aí, querida Úrsula, que nós nos enganamos. — Ele me falou tirando seu notebook da mochila e me chamando para sentar ao seu lado na cama.

— O que é isso? São reportagens? — perguntei observando imagens do que pareciam ser reportagens de algum jornal antigo, e outras de pesquisas que Peter realizou.

— É exatamente isso. Eu procurei isso como um louco e cheguei a pensar que nem acharia algo antigo sobre a cidade. Mas depois de muito sacrifício, eu encontrei. — me respondeu sorrindo e apontando para a tela do notebook — Isso não é incrível? São registros antigos, e falam sobre uma série de assassinatos que aconteceram na floresta. Eu procurei saber sobre o assassinato de Susan, e é o mesmo padrão. E tem coisas que sua mãe não te contou, pelo visto. E só veio a tona quando anunciaram a morte da garota.

— O que você está dizendo Peter?

***

Quero aproveitar para agradecer a cada um de vocês que deu uma chance para minha história. Que votou e comentou (se não fez isso ainda, faça agora rs), e que está ajudando na divulgação! Aliás, eu não imaginava que o livro alcançaria esse público de mais de 60 pessoas em menos de dia. Vocês são incríveis demais, por isso postei este capítulo hoje também. Muito obrigada mesmo! :')

Mistério em Forest VillageOnde histórias criam vida. Descubra agora