Capítulo II

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Olhei para Peter com uma expressão surpresa. Ele sabia que mamãe não escondia coisas de mim. Sempre que eu perguntava algo sobre os casos, e ela não podia responder ela me falava. Mas não me esconderia algo ou mentiria.

Quando meu pai morreu, eu era apenas uma garotinha de dez anos, e hoje quase não tenho lembranças dele. Mas mamãe me criou da melhor forma possível. E o que mais me ensinou foi ser honesta. Se ela me perguntava alguma coisa, eu respondia a verdade, e com ela era a mesma coisa. Se eu fiz todas aquelas perguntas sobre o caso, ela me falaria. E quando não pudesse prosseguir por sigilo, ela simplesmente me diria, sem problemas.

— Você ouviu muito bem Úrsula. Tia Greta não te falou tudo. Eu sei como é a relação de vocês duas e sei como funciona quando ela não pode responder suas perguntas sobre as investigações. Mas dessa vez tem algo mais. Eu sinto muito, mas é a verdade. — ele respondeu me olhando com cautela.

Peter caminhou para minha escrivaninha, provavelmente para se sentir mais confortável usando o notebook. Eu permaneci quieta e pensativa. Ainda não conseguia acreditar que minha mãe realmente tinha feito aquilo. Mas essa não era a hora de me lamentar. Nós estamos investigando um caso, e eu preciso me concentrar. Faremos a reportagem perfeita, e vai ficar tudo bem.

Peguei a cadeira que fica ao lado do guarda-roupa e fui me sentar ao lado de Peter.

— E então? Não vai me falar mais sobre os assassinatos que aconteceram na floresta? — perguntei olhando para ele, que logo me olhou de volta, e sorrindo se prontificou a me responder.

— Claro que sim. Afinal, temos trabalho a fazer. — respondeu se voltando a tela do notebook, mas logo voltou a olhar para mim. — Como eu estava falando, o padrão do assassino de 1949, é o mesmo do cara que matou Susan. Eu andei pesquisando sobre a morte dela e descobri algumas coisas sobre como o corpo foi encontrado e coisas desse tipo. E é exatamente a mesma coisa, louco não é?

— Será que é o mesmo cara de anos atrás? — perguntei erguendo uma sobrancelha.

— Impossível. Ele já está morto. E mesmo que estivesse vivo, acho que ele não conseguiria arrastar corpos e fazer essas loucuras que os assassinos fazem. Mas, isso não descarta o perigo. O assassino do presente estudou muito antes de fazer algo. Foi tudo muito bem calculado, mas como dizem, nenhum crime é perfeito, certo?

— Certo. Me diga, como se chamava esse primeiro homem? — o perguntei.

— Ele se chamava Russell Ross. Assassinado aos 50 anos na cadeia. Até onde eu sei, na época ele se envolveu em uma briga dentro da prisão e os outros detentos mataram ele. Ao menos pagou pelas atrocidades que fez.

— Sim, você tem razão. — disse calmamente, com um olhar vago para minhas plantas. Mamãe adora assistir séries de investigações, e as vezes eu me pegava pensando o que levava uma pessoa à cometer um assassinato.

Porque acabar com a vida de alguém? Acabar com sonhos, futuros e, inevitavelmente, acabar com famílias que permanecem vivas, mas marcadas eternamente pelo luto e pela saudade de seus entes queridos que partiram brutalmente e sem aviso. Deixei meus pensamentos de lado quando resolvi focar no que deveria. Voltei a olhar para Peter antes de perguntar:

— E o que mais você tem aí?

— Ah, claro! Deixa eu te falar como o corpo da garota foi encontrado. Não existe nenhum sinal de estupro, mas existe de torturas. Encontraram marcas de socos, cortes pelos braços, coxas, barriga e seios, que foram feitos enquanto ela estava viva. Ela estava nua e também encontraram sinais de estrangulamento. O cabelo dela estava amarrado com uma fita vermelha, e ela estava escorada em uma árvore olhando com um sorriso para um caderninho que estava apoiado nos joelhos que dizia "eu paguei pelo que fiz, e não sou a última" e isso estava escrito com a própria letra da Susan. Essa frase é o que difere dos assassinatos anteriores. Nos assassinatos que Russell cometeu, ele fazia as vítimas escreverem no pequeno caderno seus nomes, o dia e a hora em que seriam mortas. No depoimento dele, ele disse que se sentia completo quando via o medo estampado na cara das vítimas e a última expressão que faziam antes de morrer. E ainda não sabem as motivações do homem que matou Susan. Podem ser as mesmas, ou não. Mas ele com certeza se inspirou no Russell Ross.

Peter acabou de me contar o que sabia e senti um arrepio percorrendo todo meu corpo. Esse homem era um monstro! Os dois eram. Eu nunca consegui entender como as pessoas podem ser horríveis as vezes. Eu sinto nojo desses homens. Nojo do que fizeram, e só queria que esse novo assassino morresse antes de fazer mais coisas ruins.

— Caramba, isso é horrível! — falei enquanto tentava achar um jeito em que eu me sentisse mais confortável na cadeira.

— E tem mais, quando digo que o tal homem estudou muito, ele o fez. Ele é rápido, e não deixa nada fora do lugar. Primeiro que ele não poderia deixar o corpo de Susan arrumado e cheio de detalhes daquele jeito se não fosse ágil. Ele teria que fazer tudo antes do rigor mortis, o cadáver não poderia endurecer. E segundo que ele não deixou nenhuma pista. Sua mãe deve estar tendo um trabalhão!

— Eu imagino, mamãe deve estar muito sobrecarregada. Mas, ainda tem uma coisa que quero saber.

— É... Tudo bem. — vi que ele ficou um pouco inquieto com a minha pergunta, e esse era um sinal claro que ele tinha feito algo errado.

— Onde você encontrou tudo isso? Essas informações do caso de Susan não estariam em um site qualquer, ou expostas em um jornal. E mesmo que estivesse, não seria tão detalhado assim. — cerrei meus olhos e cruzei os braços esperando uma resposta do meu melhor amigo. Ele passou a mão no cabelo, e esse sinal indicava que ele estava nervoso.

— Ah... Eu não fiz nada demais... — me disse com um tom de vergonha na voz. Olhei para ele com uma expressão dura e irritada e ele cedeu. — Que droga, não dá para esconder nada de você! Eu entrei no sistema da delegacia.

— Peter! — falei um pouco alto demais. Peter se levantou da cadeira bruscamente e tapou minha boca.

— Você está louca? Fale baixo Úrsula, ninguém pode descobrir isso. — disse rapidamente com o tom de voz mais calmo, e voltou para seu lugar.

— Ai meu Deus, Peter! Quem está louco aqui é você. Como você teve coragem de fazer isso? Se descobrirem que o sistema foi invadido, você ferrado, e sabe disso! Sem falar que a nossa investigação vai por água abaixo e o sucesso também.

— Eu sei, eu sei. Não precisa se preocupar, eu sei o que estou fazendo. — falou dando um sorriso, enquanto eu revirei meus olhos antes dele continuar. — Agora que nós sabemos o possível padrão, e alguns segredos que estavam escondidos por trás da história da cidade, temos uma base para continuar com a investigação. E é melhor começarmos.

— E o que você tem em mente?

***

Peter está me saindo um belo de um xereta, hahaha. Me conta aí o que você achou desse capítulo, e não esquece de deixar a estrelinha tá? ;)

Mistério em Forest VillageOnde histórias criam vida. Descubra agora