Capítulo XI

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— Ela está morta, Peter. Crystal está morta. — falo ainda em choque me afastando do cadáver. — Precisamos ligar para a minha mãe.

— Claro, tudo bem. Ligarei agora mesmo.

Eu não quis saber se tinha sinal de telefone, ou se minha mãe iria atender rapidamente, se iríamos levar uma bronca, ou se seríamos considerados suspeitos dos assassinatos. Não me importo se passaríamos a noite em uma cela como Cristopher, só me importa me afastar mais ainda daquele lugar.

Caminho para mais longe do local com minha mente cheia de pensamentos sobre tudo. Provavelmente isso não foi culpa do rapaz que estava preso na delegacia. Existe a possibilidade dele ter ajuda de alguém, mas será que ele é realmente o culpado por tudo isso? A mulher está morta em uma árvore não tão distante de onde estou, e ele está impossibilitado em uma cela.

Isso dá um nó em minha cabeça. Não sei como os detetives suportam o próprio trabalho. É tudo tão complicado, e até mesmo assustador. É extremamente difícil entrar na mente de alguém, de um assassino, e resolver todo um mistério que a maioria das pessoas são incapazes de encontrar uma solução.

— Sua mãe já está a caminho. Logo ela estará aqui e fará os procedimentos necessários. — Peter me diz enquanto se aproxima de mim.

— Procedimentos que agora são inúteis não é? Ela morreu, não tem mais nada que possamos fazer. Eu achei que finalmente conseguiria salvar alguém. Achei que iria conseguir fazer por Crystal o que ninguém pôde fazer por Susan. Mas eu consegui? Claro que não. Eu tentei ser corajosa e esperta, mas acho que não passo de uma jovem curiosa demais que só está atrapalhando.

— Não fale assim, Úrsula. Nós fizemos o que estava ao nosso alcance. Eu sei que não conseguimos encontrá-la a tempo, mas nós tentamos, e isso já é importante demais. Muitas pessoas em toda essa cidade nem pensariam em fazer o que fizemos hoje. Eu sei que você sabe disso.

— É, Peter, eu sei. Só queria realmente fazer algo que fosse importante. Estou tão cansada de sempre tentar e não evoluir, sabe? Parece que corremos em círculos.

Em vez de me responder, ele apenas me puxou para mais um abraço. Eu imagino quantos abraços a família de Crystal irá receber. Quantos "meus pêsames" eles terão que ouvir, quando só queriam que ela estivesse bem, e viva.

Ao pensar nisso, meus pensamentos se voltam para os itens que mamãe terá que cumprir. Daqui a pouco, ela chegará com viaturas e um carro para levar o corpo. Médicos legistas irão remover a mulher e a colocarão em um saco preto para levarem-na daqui, mas antes eles farão várias fotos da cena do crime, e de cada mínimo detalhe. O que me faz lembrar que meus passos e os de Peter provavelmente estarão presentes ali perto, mas isso conseguimos resolver facilmente. Afinal, fomos nós que a encontramos, nossas pegadas teriam que ficar ali de um jeito ou de outro.

Decidimos nos sentar em um pequeno galho que está próximo à uma árvore, não muito longe do cadáver. Não podemos sair daqui até que as autoridades cheguem. Logo que penso isso, luzes de lanternas brilham em nossos rostos.

Fecho um pouco meus olhos, já que a luz forte os fazem arder. Quando consigo abri-los normalmente, vejo a xerife acompanhada de Ethan, de dois policiais que não consigo identificar, e de mais um cara que pode ser o responsável pela autópsia forense.

O provável médico legista e os dois desconhecidos se aproximam do local do crime, mas minha mãe e Ethan permanecem perto de mim e de meu amigo. Eles nos olham com pena, aparentemente. Pensei que logo que mamãe chegasse aqui, ela iria me abraçar e tentar me acalentar, pelo visto me enganei.

Enquanto observamos os homens tirarem fotos, olharem o corpo de Crystal e cada mínimo detalhe que pode existir ali, minha mãe está de braços cruzados e com uma cara extremamente irritada. Sua ira é confirmada quando ela pega em um braço de Peter, e em um braço meu, e nos arrasta dali de perto.

Mistério em Forest VillageOnde histórias criam vida. Descubra agora