Capítulo 18- new beginnings

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-A sua irmã está me assustando. Por que ela me olha assim? - Murmurou Wesley que estava sentado ao meu lado durante o jantar.

Karolayne ainda o olhava com raiva eu nunca vi tanta raiva em seus olhos verdes. Então acabei rindo, e meu pai resolvel puxar assunto ja que a mesa era total silêncio.

- Wesley, Kath comentou que você joga no time da escola.

- Sim, sou o capitão. - Wesley falava de boca cheia e pude ver o desaprovamento de minha mãe ao ver aquilo. Senti uma enorme vontade de rir mas me controlei.

Na verdade eu não comentei nada com meu pai, acho que desde o dia do hospital meu pai anda estudando Wesley, o que era bom.

- Vai ter um jogo no mês que vem, o senhor poderia assistir. - Propôs Wesley casualmente.

- Na sua idade eu também jogava. - Comentou meu pai. - Não era o capitão mas jogava bem.

- Eu não duvido. - Wesley disse sem tirar os olhos do prato.

- Não precisa puxar meu saco Wesley. - Disse meu pai e ambos riram.

Olhei para minha mãe que carregava feições de tédio o que era estranho, ela nunca ficava calada no jantar ainda mais quando minha gêmea estava presente.

O resto do jantar foi cheio de conversas de Wesley e meu pai, as vezes eu entrava na conversa e rendia boas risadas mas mesmo assim a cara de ódio de Karolayne não desapareceu e Beth como a irmã sensata só observava as vezes bebericando o suco de laranja.

Todo adolescente tem um porão em casa onde é o segundo quarto mas na minha casa meu pai que tinha, ele acreditava que só meninos podiam ter um e ninguém protestou. Levei Wesley ao porão, o porão do meu pai não era bagunçado mas também não era arrumado. Sentamos em um sofá de couro vermelho velho de frente para uma TV minúscula daquelas bundudas, sim meu pai tinha relíquias aqui.

- Você tá meio esquisita hoje. É por conta do Jacob? Ele também estava mais cedo. - Disse Wesley sentando-se no sofá.

- Não quero falar sobre isso. - É eu não queria mesmo. Como eu ia dizer? "Ah eu tava apaixonadinha por ele e ele me deu um pé na bunda enquanto assistiamos o por do sol." Definitivamente não.

Fui até um mini-freezer que ficava ali também e peguei duas latinhas de refri para nós dois enquanto perguntava se ele queria ver jogo ou jogar algum. Wesley optou em ver, até que meu pai desceu para o porão também.

-Jogo Estadual! Os meus preferidos.- Disse meu pai se jogando em uma poltrona velha ao lado do sofá.

Assistimos o jogo escutando muitos palavrões saindo de nossas bocas e rindo dos pênaltis perdidos, até que no intervalo meu pai foi ao banheiro deixando eu e Wesley somente em nossa companhia de novo. Então veio repentinamente na minha cabeça se Jacob estaria pensando em mim como eu pensava nele? Ele estaria ao lado do telefone verificando se havia mandado um mensagem do tipo " Some você com esse seu carro anti-marcha-ré!" Ou " Tudo bem, esqueceremos o que passou e seguiremos em frente".

- Wesley, se você achasse alguém que valesse a pena você esconderia seu passado para poupa-lá ? -Acabei perguntando.

- Nosso passado são pedaços de quem somos, e com esse meu jeito eu nunca esconderia quem eu sou para ninguém... Aliás eu sou uma mala e tanto. - Wesley dizia olhando para a TV, e rindo na última frase.

- E se você pudesse recomeçar?

- Não pensaria duas vezes. Recomeçaria. Você é uma das poucas pessoas que eu levaria nesse recomeço Kath, você toparia? - Agora Wesley me olhava e tinha um sorriso.

- Claro. - Sorri e segurei a mão dele. - Estamos juntos nessa e em todos seus recomeços. - Falei e ele beijou nossas mãos ainda laçadas e seu lábio estava frio por conta do refri.

Quando subimos para a saída do porão esbarramos com Karolayne e ela resmungou algo.

-Qual é o seu problema comigo? - Wesley perguntou encarando-a.

-Tesoura. - Disse ela e saiu andando.

- Sua irmã é surtada. - Com isso eu acabei rindo, ninguém nunca havia falado da Karolayne assim era sempre elogios do tipo : linda, perfeita, meiga , fofa, nunca surtada.

Quando chegamos na sala minha mãe conversava com Agustina sobre receitas de lasanha.

- Muito obrigado pela noite de hoje, a comida estava deliciosa e desculpa qualquer coisa, principalmente se eu falei de boca cheia, é que eu não consigo controlar entende...

Com esse comentário de Wesley minha mãe riu. Pela primeira vez na noite ela sorriu e ainda por cima para Wesley, e então disse :
- Tudo bem, volte sempre.

Volte sempre? Como assim antes do jantar ela não o queria aqui... Vai entender...

Minha mãe se despediu de Agustina e os acompanhei até a porta. Então vi Wesley olhar para minha irmã mais velha como se fosse um gato e ela um rato.

-Você nunca disse que tinha uma irmã tão gata.

- Ela é três anos mais velha que você.

- Não me importo.

- Ela tem namorado.

- Não me importo.

- Ele é minha IRMÃ.

- Não me importo.

- Vai embora Wesley. - abri a porta rindo.

- Não me impor... Pera aí, que?

Assim que eles foram embora entrei fechando a porta atrás de mim, e vi minha mãe lavando a louça enquanto meu pai secava.

- Eu gostei dele. - Disse meu pai enquanto secava um prato.

- Da próxima vez avise antes Katherine. - Disse minha mãe de costas para mim lavando outro prato.

- Tudo bem, obrigada.

Não sei bem por que agradeci mas provavelmente pelo fato do "Da próxima vez" na frase. Subi as escadas do quarto e encarei o celular em cima da minha cama.
E pelo impulso da coisa preucurei "Jacob" na lista de contatos.

Wesley me afirmou que recomeçaria se fosse possível, e eu com toda certeza ficaria ao lado dele mas por que eu tinha que ser tão egoísta e curiosa em relação a Jacob? Ambos queriam a mesma coisa e eu estava disposta a cooperar só com um. No calor do pensamento tomei a pior decisão da minha vida, liguei para Jacob, poderia ter deixado ele ir desde o pôr do sol porém liguei naquela noite, pois algo em mim gritava que aquele não era o nosso fim. Mas devia ser porém fui empurrando com a barriga até você me deixar.

No segundo toque Jacob atendeu.

Se eu não ligasse eu ia te poupar de me deixar, me poupar de sofrer e nos poupar do que estava por vir pela frente. Mas eu liguei. Droga eu liguei.

Antes dele dizer a palavrinha mágica "alô" eu já fui falando antes de mudar de idéia.

- Jacob, você não é nenhum foragido da polícia não né?

Demorou para ele responder mas então respondeu um "Não" muito sonolento e confuso.

- Ótimo. Então sim, eu topo.

- Topa o que Katherine? - Agora ele suspirava como se estivesse levantando.

- Eu topo ser seu recomeço, eu topo embarcar nesse seu carro velho sem marcha ré... Eu topo, se for com você eu topo. - Então paguei de doida e desliguei o celular antes dele poder fazer qualquer tipo de pergunta.

Burra.

Katherine Purple.Onde histórias criam vida. Descubra agora