You're my medicine

Capítulo 28

Pov Gerard

Trinta e um dias.

Trinta e um dias da mais pura angústia. Trinta e um dias sem dormir ou comer corretamente. Trinta e um dias de choro. Trinta e um dias desejando ver o meu sorriso favorito. Trinta e um dias lembrando-me do quão distante estava o meu sorriso favorito. Trinta e um dias visitando diariamente o mesmo lugar da clínica e passando horas do meu dia ali até que me tirassem de lá para o jantar e o horário de recolher logo após.

Um mês inteiro já havia se passado desde que visitei Frank naquele hospital. Ele se recusou a deixar meu pensamento em todos eles, em cada milissegundo.

Mais uma manhã atroz havia se iniciado, e mais uma vez eu me peguei ponderando na mesa posicionada nos fundos da enorme e silenciosa biblioteca, sem ler coisa alguma.

Hoje é trinta e um de agosto, significa que amanhã iniciaria setembro. Outro mês e nada de melhoras ou notícias boas. Eu sabia que nada havia acontecido graças a Ray e Bert que estavam sendo impecáveis comigo, mesmo que eu não merecesse. Ray se prontificava a ir todos os dias até o hospital para saber sobre Frank, e sempre que não podia por conta da faculdade ou coisa assim, recebia informações da recepcionista com quem passou a trocar mensagens e ter encontros desde o dia em que a mesma nos ajudou a ver Frank. Soube que ele e a recepcionista Christa, estavam saindo e se curtindo à beça, e meu coração se enchia de felicidade a cada sorriso bobo que Ray lançava involuntariamente ao falar de como se davam bem e dos gostos em comum.

Bert, por sua vez, aparecia sempre que podia para me ver. Especialmente para me ver! Porra, eu finalmente pude entender o carinho grande que Frank sente por ele, afinal de contas, o cara é um amigo incrível e eu me sentia confortável como nunca sempre que ele me dava a liberdade de chorar e expressar tudo o que abrigava em meu peito, afirmando sempre me compreender. Embora os meus sentimentos retraídos me impedissem de demonstrar, eu me sentia profundamente grato pelo esforço de Bert e de Ray. Um saia de outra cidade sempre que conseguia somente para se certificar de que eu estava bem, o outro reorganizava toda a rotina para poder obter informações sobre Frank sem sequer ter obrigação de fazê-lo.

Durante essa sequência de dias, Linda havia sido ainda mais magnânima do que o habitual. Sempre tão bondosa, buscando saber como eu estava e até mesmo me agraciando com privilégios como: o direito de receber as visitas de Bert fora dos dias de visita e o direito de permanecer no quarto a qualquer hora. Claro, sempre mantendo o cuidado de me levar para tomar um ar e comer, do contrário eu passaria dias no mesmo lugar sem me alimentar, me hidratar ou até mesmo tomar banho.

Eu me sentia grato cada vez que me lembrava dessas pessoas, sempre tão afáveis comigo, de forma que ninguém fora desde que Mikey e Elena partiram; desde que Frank fechou os olhos e não mais abriu. Era como se eles fossem pilares me sustentando para que eu não caísse de uma só vez e me afundasse na minha própria dor.

Senti uma mão pesada pousando diretamente em meu ombro, causando-me um pequeno espasmo de susto pelo contato repentino. Ao levantar o olhar e encarar o proprietário daquele toque, logo me deparo com a cara não muito animada da bibliotecária que costumava ser sempre amigável comigo antes. Antes.

– Horário de almoço. – Ela me informa pela trigésima primeira vez naquele mês, com o mesmo tom irritadiço que passou a utilizar ao se dirigir a mim. Havia virado um costume indesejado o fato da infortunada bibliotecária sempre precisar me avisar sobre o horário de almoço para que nós dois pudéssemos cair fora da biblioteca. Embora o local nunca tivesse a porta trancada, eram normas da clínica que ninguém permanecesse no recinto sem a presença de algum responsável, o que era de fato totalmente compreensível.