Capítulo 4

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"O fato de o mar estar calmo na superfície, não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas."
Jostein Gaarder (O Mundo de Sofia)

Após cantarem os parabéns para Lavínia, Mariana chamou a filha para voltarem para casa. Tessa ficou visivelmente desapontada, mas a mãe estava decidida a sair daquele lugar. Todas as vezes que seu olhar cruzava com o de Davi, o rapaz abria um sorriso provocativo, como se a desafiasse o tempo todo.

Cedendo às vontades de Tessália mais uma vez, decidiu ficar por mais alguns instantes, dando à filha apenas mais meia hora.

Como já esperava, assim que as crianças deixaram Davi em paz, o rapaz foi até ela, ocupando a cadeira ao seu lado, como havia feito horas antes.

— Já ouviu falar em química? — puxou conversa.

— Sim. Na escola. — Ele sorriu.

— Entre duas pessoas. — Mariana o encarou. — Qual é, aquilo que aconteceu mais cedo foi a coisa mais excitante e intensa que já senti.

— Está falando de quê?

— De você quase ter me agarrado no corredor. Eu estava prestes a arrancar minhas roupas para facilitar seu trabalho. — A mulher suspirou. — Não cola essa sua indiferença fingida. Eu sei que você sentiu. Seu corpo te entregou. Sua pele se arrepiava a cada toque meu, seu olhar era faminto sobre mim. Se não tivéssemos sido interrompidos, até onde acha que chegaríamos?

— A lugar nenhum. — Desviou o olhar, encarando a filha que brincava próximo a eles. — Aquilo foi...

— Uma delícia — a interrompeu, ganhando sua atenção mais uma vez. — Eu quero você. Quero ver até onde aquela sensação nos leva. Quero experimentar o...

— As coisas não funcionam assim, Davi. — O cortou. — Eu não fico com caras mais jovens. — Ele riu despreocupadamente.

— Por quê? — Ela deu de ombros.

— Questão de gosto. Assim como tem os que preferem as loiras, ou as morenas, ou as pretas... Gosto de homem maduro.

— Pode abrir uma exceção.

— Não vai acontecer.

— Por quê? — Arqueou uma sobrancelha, se inclinando em sua direção. — Tem medo de me provar?

— Você é muito seguro de seus... — Buscou as palavras. — Movimentos pélvicos. — O rapaz gargalhou.

— Minha foda. — Mariana olhou ao redor, temendo que alguém os estivesse ouvindo. — Sou seguro com relação a isso.

— Cão que ladra...

— Morde. — Abaixou o tom de voz e se aproximou um pouco mais para que ela pudesse ouvi-lo. — E morde gostoso. Morde o canto da boca, morde o pescoço, morde a pontinha da orelha...

— Pare com isso, Davi! — Voltou a olhar em volta, ouvindo seu riso descontraído.

— Não precisa se preocupar, meu doce. Ninguém está interessado em nossa conversa. Voltando ao que interessa, quero você.

— Davi...

— Uma vez. Depois vemos o que acontece. — Ela suspirou.

— Você está ficando doido.

— Não. Doido eu estava há algumas horas, com um tesão filho da puta só por tocar sua pele. — Riu. — Porra, fiquei parecendo um adolescente. O que foi aquilo, afinal? — Mariana fechou os olhos quando a lembrança daquelas sensações voltaram, mas logo voltou a abri-los, se recusando a vivenciar aquilo outra vez. — Você também sentiu.

Mais Do Que Sonhei [Desejos Ardentes - Livro Dois]Onde histórias criam vida. Descubra agora