Capítulo 11

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"Moleque levado
Sabor de pecado
Menino danado
Fiquei balançada, confesso
Quase perco a fala
Com seu jeito de me cortejar
Que nem mestre-sala."
Meu Ébano - Alcione

Mariana abriu os olhos na manhã seguinte, e um sorriso preguiçoso brotou em seus lábios. Pela primeira vez em muitos anos, estava verdadeiramente feliz.

Olhou para o lado e viu Davi de bruços, dormindo tranquilamente, com o lençol cobrindo seu corpo da cintura para baixo.

Quando fez menção de se levantar, a voz dele a fez parar.

— Quem acorda primeiro paga o boquete.

— Grosso! — Rindo, o rapaz se deitou de barriga para cima, a puxando para seus braços para roubar um beijo.

— Ontem você não reclamou enquanto fodia sobre a mesa, nem no chuveiro ou aqui na cama. — Roçou o nariz em seu pescoço, aspirando seu cheiro. — Bom dia, meu doce.

— Bom dia. — Tentou se esquivar, mas Davi a apertou ainda mais, fazendo-a rir ao girar seus corpos sobre a cama e pairar sobre ela. — Preciso levantar, Davi.

— Você é linda — disse tranquilamente, ignorando o que ela havia dito. — Com essa cara de mulher que foi bem-comida, fica radiante.

— Bom dia, ego. — Ele riu, arrancando dela um pequeno sorriso. — Você é tão risonho.

— Isso é um defeito?

— De jeito nenhum! Tem um ar de menino levado. — Davi riu, então ela olhou em seus olhos. — Não mude isso. Essa essência de menino, brincalhão. Mantenha isso sempre vivo em você. Não deixe que ninguém mate a criança que ainda existe aí dentro. — Colocou o dedo indicador sobre seu peito, na direção do coração. Davi viu quando a tristeza cobriu seus olhos. Aquele sentimento estava sempre ali, e ele se perguntou o que teria causado tamanho desgosto em Mariana ao ponto de torná-la uma mulher tão apática.

— Me conte o que aconteceu. — Resvalou os nós dos dedos em sua bochecha. — Quem machucou você?

— Do que está falando? — Piscou um par de vezes, escondendo seus sentimentos mais uma vez e se amaldiçoando por ser tão descuidada diante dele. Por que estava sempre baixando a guarda e expondo partes de si mesma que fazia questão de esconder de todos? — Preciso me levantar.

— Não fuja de mim. — Impediu que ela saísse. — Eu só quero te entender e tentar te ajudar.

— Pelo amor de Deus, Davi! — Usou um tom severo, uma tática para afastá-lo. — Transamos uma vez e você acha que já me conhece a esse ponto? — Se remexeu sob ele, então o rapaz a deixou sair. — Você nem deveria ter passado a noite aqui. Tessa está para chegar e não pode vê-lo aqui.

— Se não quer falar sobre isso, apenas diga, não fique agindo como uma pedra de gelo para tentar me afastar. — Ela suspirou, dando-lhe as costas e pousando as mãos na cintura.

— Me desculpe — murmurou, se voltando para ele. Davi saiu da cama e foi até ela, puxando-a para junto de si e enterrando o rosto em seu pescoço.

— Não quis ser invasivo.

— Eu sei. Só não lido bem com certos questionamentos. Me desculpe. Podemos esquecer isso? — Ele assentiu, levantando a cabeça para encará-la.

— Vamos do início? Bom dia, meu doce! — Mariana sorriu. — Bora foder?

— Você é tão...

— Gostoso?

— Eu ia dizer inconveniente, mas isso também serve. — O rapaz gargalhou, enquanto ela ia até a mesa de cabeceira para apanhar o celular. — Deus do céu! Esqueci de avisar que estou bem.

Mais Do Que Sonhei [Desejos Ardentes - Livro Dois]Onde histórias criam vida. Descubra agora