Mais Do Que Sonhei [Desejos Ardentes - Livro Dois]

Capítulo 16

"Muitas vezes as reviravoltas servem para nos sacudir, para nos fazer acordar. Para mostrar que a gente merece mais, muito mais."
Clarissa Corrêa

Madri, Espanha

Durante as semanas que se passaram, Mariana se ocupou em ajudar Lucas com todos os preparativos para a viagem, confirmando com Liz se Tessa não iria atrapalhar a nova vida de casada ao passar o mês com ela e Miguel. Após ouvir alguns impropérios da irmã, que afirmou que cuidaria da sobrinha pelo resto da vida se fosse necessário, finalmente ficou mais tranquila e embarcou no avião ao lado de Lucas e mais duas modelos que também participariam daquele trabalho.

— Ele está louco para conhecer você — disse Lucas, enquanto caminhavam pelo Aeroporto de Barajas, a doze quilômetros Madri.

— Quem?

— Vicente, o cara que insistiu para que você aceitasse vir. — Ela franziu as sobrancelhas.

— Por que todo esse interesse? — questionou, mas não teve tempo de receber uma resposta, uma vez que uma das modelos informou que viu alguém segurando um cartaz com o nome de Lucas.

Foram até ele e o cumprimentaram, mas o homem só falava sua língua nativa, o que dificultava a comunicação entre ele e Mariana, então coube a Lucas manter contato com ele até chegarem ao carro que os aguardava.

Durante o caminho até Madri, Mariana sentiu certa tensão em seus músculos. Algo em sua mente a alertava de algum perigo, mas confiava em Lucas o bastante para saber que ele jamais a colocaria em risco, sendo assim, ignorou todos os avisos de seu sexto sentido e tentou se distrair, observando as ruas da capital da Espanha.

Chegaram a um prédio residencial e o motorista estacionou, o que a fez franzir as sobrancelhas para o amigo.

— O que estamos fazendo aqui?

— Viemos encontrar o Vicente. É ele quem fará as fotos — esclareceu, enquanto as outras duas saltavam do veículo extremamente animadas. — Vicente é publicitário e fotógrafo freelancer. Pelo que andei pesquisando, um dos melhores do país. — Se juntaram às outras modelos e aguardaram enquanto o motorista trocava algumas palavras com o porteiro, e logo tiveram a entrada liberada.

Se dirigiram ao elevador, mas Mariana mal prestou atenção ao seu redor. O coração disparou quando as portas se fecharam, e as mãos começaram a dar indícios de suor.

— Lucas, eu estou com fome — disse a jovem loira, com a voz afetada, tentando fazer charme para o homem. Lucas era bonitão, não era surpresa nenhuma quando uma das modelos tentava uma aproximação além da profissional, mas o homem sempre agiu corretamente em sua área de trabalho, tudo para evitar dores de cabeça.

— Você não trouxe nada para comer? — questionou, praguejando mentalmente quando a jovem negou. — Deveria ter me dito no aeroporto, querida. Não tenho como comprar nada para você nesse momento. Terá que aguentar mais um pouco. — A outra modelo, uma ruiva franzina de olhos verdes, revirou sua bolsa e entregou a ela uma pequena barra de cereal.

— Pode ajudar a aguentar mais um pouco — disse sorrindo.

— Trate de se alimentar direito, Luara. Não quero ver ninguém passando mal de fome. Vocês já são muito crescidas para eu ter que ficar fiscalizando se se alimentaram ou não — disse seriamente, vendo a garota se retrair com a reprimenda. Ao olhar para Mariana, soube que algo não estava bem. — O que foi? — A mulher tentava puxar algumas respirações para se acalmar, mas o coração estava descompassado, ecoando em seus ouvidos. — Mari, o que está sentindo? — Segurou seus braços e olhou em seus olhos, nesse momento as portas se abriram e ele a ajudou a sair do elevador.