Capítulo 35

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"Resiliência é juntar os pedaços quebrados, amassar e moldar uma nova versão sua, ainda mais forte e resistente que a anterior."
Élida Pereira Jerônimo

Meses depois...

— Mãe, como é ficar com esse barrigão? Dói? — Tessa alisava a barriga protuberante da mãe, sentindo nitidamente os movimentos que o irmão fazia, se contorcendo pela falta de espaço.

— É mais cansativo que doloroso. Quando chega na reta final da gravidez, os dias parecem se arrastar. — Sorriu para ela, franzindo as sobrancelhas ao sentir uma leve contração.

— Não me assuste com essa cara, Mãe! Davi ainda não chegou, não vai deixar meu irmão nascer agora! — Mariana riu, alisando a barriga para tentar aliviar o incômodo.

— Ele não vai nascer hoje, Tessa. Pode ficar sossegada.

Meia hora depois...

— Acelera, Miguel! Eu vou parir no seu carro! — gritou ao sentir a dor aguda no pé da barriga, se estender às costas. De repente, sentiu um líquido quente escorrer entre suas pernas, molhando todo o estofado do automóvel. — Ah, meu Deus! A bolsa!

— Eu peguei, Mari, não se preocupe — disse Liz no banco do passageiro, tão desesperada ou mais que a irmã.

— A bolsa estourou! Eu vou parir no carro! Eu não quero parir no carro! Acelera, Miguel!

— Se eu correr mais, o carro vira um jatinho — disse tranquilamente, como se aquela situação fosse corriqueira, algo que enfrentava diariamente. — Ainda temos tempo. O bebê não vai sair agora, mantenha a calma.

Cinco minutos depois...

— Prepare a sala para o parto. O bebê já está coroando! — Ouviu a correria nos corredores enquanto a médica empurrava a maca.

— O que é coroando? — perguntou Davi, correndo ao lado da maca enquanto segurava a mão da namorada. Nem sabia como havia chegado ao hospital em tão pouco tempo. Após receber a ligação do irmão, que o informou que Mariana estava em trabalho de parto, agiu no automático. Entrou no carro após explicar a situação aos pais que haviam contratado seus serviços, lhes devolvendo o dinheiro, e dirigiu em alta velocidade, mal enxergando o caminho à sua frente.

— Já está nascendo, papai — disse a mulher, sorrindo para tentar tranquilizá-lo. — Não temos tempo para conversa. Se vai assistir o nascimento do seu filho, é bom que seja forte porque não poderemos fazer um parto e socorrer um pai desmaiado.

— Eu vou assistir. — Mariana gritou mais uma vez enquanto entravam no centro cirúrgico.

— Eu quero empurrar!

— Empurrar o que, meu doce? Fica deitada aí. — A médica não conseguiu conter o riso.

— Fazer força, Davi! — gritou. — Isso é culpa sua!

— Nossa — a corrigiu. Mariana o encarou com um olhar psicótico. — É minha. A culpa é minha.

— Está nascendo! Eu estou sentindo, Cassandra! — A mulher correu e verificou debaixo de sua camisola.

— Empurra, Mariana — instruiu, e assim ela o fez. — Só mais uma vez. — Ao fazer força novamente, a médica segurou o pequeno bebê em seus braços. — Bem-vindo, apressadinho — brincou, enquanto a equipe corria para realizar os primeiros procedimentos. — Se demorasse mais um pouco, teria nascido no carro.

Mariana estava exausta, aliviada por não sentir mais dor, mas completamente sem forças. Davi, que estava ao seu lado, ainda não acreditava que tudo havia acontecido tão depressa. Em um momento estava fazendo uma apresentação em um aniversário, no outro, já estava vendo o filho nascer.

Mais Do Que Sonhei [Desejos Ardentes - Livro Dois]Onde histórias criam vida. Descubra agora