Capítulo 31

484 96 172
                                    

"Eu sei que você pode se cuidar,
mas é cansativo.
Às vezes só queremos um abrigo,
então me deixa ser o seu."
Elen Brito

— Você está bem mesmo? — perguntou pela enésima vez. Estavam deitados de conchinha após o banho, ainda nus sobre a cama, curtindo o relaxamento pós-orgasmo.

— Estou, Davi. — Se virou em seus braços, ficando de frente para ele, e lhe deu um beijo rápido. — Incrivelmente bem, como uma mulher bem comida deve ficar.

— Que horror dizer uma coisa dessas, Mariana! — Fingiu indignação.

— Perdão, não foi minha intenção ferir seus ouvidos imaculados — entrou na brincadeira. — Falando nisso, você ainda frequenta aquele clube?

— O clube da discórdia? — perguntou aos risos. — Sério, eu quase tive um infarto quando entendi a confusão que sua irmã fez. Deus do céu! Liz é completamente louca!

— Não mude o assunto. Frequenta ou não?

— Não, meu doce. Na verdade, eu já o frequentava muito pouco. Miguel é quem fica com meu convite, eu só o pegava algumas raras vezes no meio da semana. — Ela franziu as sobrancelhas.

— Por quê? O convite não é seu?

— Acho que é mais dele que meu — disse sorrindo. — Eu o ganhei, mas quase não tive tempo para usá-lo. Geralmente trabalho aos finais de semana, como sabe, não fico apenas em Riacho dos Pardais, mas pela região. — Mariana assentiu. — Muitas vezes chego tarde ou apenas cansado pela viagem e consumido pela energia das crianças, e tudo o que quero é um banho e minha cama ou o sofá. No meio da semana o trabalho é mais brando, poucos pais fazem festa durante a semana, mas são dias não muito bons para ir ao clube, já que a maior parte das pessoas prefere os finais de semana para se divertir. — Ela concordou com um aceno, traçando seu peito nu com a ponta do indicador.

— Como é lá? — Davi arqueou uma sobrancelha. — É só curiosidade — justificou.

— Há um bar no primeiro piso, onde as pessoas dançam ao som de música ao vivo, como em uma boate comum.

— Todos vestidos? — Ele sorriu.

— Sim, mas isso não impede a pegação. — Mariana também sorriu. — Ali é onde temos os primeiros contatos. Quando alguém nos interessa, então fazemos a abordagem, sempre respeitando as regras do local.

— Como funciona?

— Como em uma boate qualquer. — Deu de ombros. — Se nos interessa, então chegamos na pessoa, ou pessoas, e puxamos assunto. Se render, bem, se não, partimos para outra. No caso da sala escura, no entanto, o intermédio é feito através do barman.

— Onde Liz e Miguel se encontravam sem saber — comentou, e ele assentiu.

— Depois que estamos com os parceiros escolhidos, cada um segue para a sala que mais se encaixa aos seus fetiches. Tem BDSM, exibicionismo, swing... Muitas opções para quem gosta de se aventurar. Há uma sala onde as paredes são cheias de buracos. Os homens ficam do lado de fora e só colocam os paus naqueles buracos. Mulheres que se interessam por isso podem entrar e escolher o pau que a agrada e foder com ele. Ninguém vê ou sabe o nome de ninguém.

— Tipo transar com uma parede? — perguntou com estranheza.

— Uma parede com pau. — Mariana riu.

— Qual a graça disso? Não sentir o calor corporal, não tocar, não ter em que agarrar... Não é mais fácil usar um vibrador? Já existe aqueles consolos com ventosa para grudar na parede. Não deve ser diferente. — Ele riu.

Mais Do Que Sonhei [Desejos Ardentes - Livro Dois]Onde histórias criam vida. Descubra agora