Capítulo 15

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Sophia

Meu Deus do céu, que braço é esse em cima de mim?

Não tenho coragem de abrir os olhos...

Tateei meu corpo.

Estou vestida, graças a Deus!

O que aconteceu?

Abri os olhos e veio a dor de cabeça.

Merda!

Se eu me mexer eu o acordo.

O que eu faço?

Aos poucos fui tentando sair dos braços dele, até que consegui.

Ufa!

Me rastejei lentamente até a beira da cama, rezando para que ele não acordasse e finalmente consegui me levantar.

_ Está tentando fugir de mim?

Me virei lentamente e vi Ravi, sem camisa, deitado na minha cama e exibindo um sorriso enorme, se divertindo ao ver minha fuga frustrada.

_ Eu não queria te acordar.

O que? Eu deveria era começar um interrogatório e perguntar se rolou alguma coisa entre nós e eu me finjo preocupada com ele?

_ Eu nem dormi. Aliás, estou com o braço dormente... Sua cabeça pesa!

Meu estômago revirou e eu corri para o banheiro.

_ Você está bem? _ perguntou ainda do quarto.

Eu não respondi, pois estava ocupada no vaso sanitário.

Consegui escutar um abrir e fechar de portas e depois ficou em silêncio.

Saí do banheiro ainda enjoada e com uma dor de cabeça inimaginável.

Com dificuldade procurei Ravi pelo apartamento, sem sucesso.

Em cima da mesa, havia um bilhete e alguns comprimidos.

"Tome isso e descanse um pouco. Estou atrasado. Você vai ficar bem. Ravi"

Como assim? Ele vem na minha casa, me deixa bêbada, me come e vai embora sem se despedir?

Filho da puta!

O mal estar que eu estava sentindo não me deixou desobedecê-lo. Tomei os comprimidos e me deitei, adormecendo.

Acordei com a campainha tocando e com dificuldade me levantei e fui atender.

Do outro lado da porta, tinha um entregador, com uma sacola na mão.

_Senhora Sophia, boa tarde.

_ Boa tarde.

_ Encomenda para você.

Sem entender peguei a sacola e fechei a porta.

Para minha surpresa, havia uma sopa e meu estomago fez barulho.

Nem pensei em como ela foi parar na minha casa, eu estava com fome e devorei rapidamente.

Deitei no sofá e dormi mais uma vez, acordando um pouco mais tarde com uma mensagem no celular.

"Está melhor? Espero que tenha se alimentado. Chego em trinta minutos para ver como você está."

_ Ravi!

"Não estou em casa".

Respondi o mais rápido que pude.

"Então está melhor. Isso é bom. Outro dia a gente se vê! Se cuida!"

Não respondi.

O que esse homem quer???

Eu queria de todas as maneiras evitá-lo. Porque por mais que eu o odiasse pelo o que ele fez, ou melhor, deixou de fazer, eu não podia negar que ele era encantador e eu estava apaixonada por ele.

Ravi era o tipo de cara que eu nunca me apaixonaria.

Apesar de bonito, ele não fazia meu tipo, porque não fazíamos parte do mesmo mundo. Mesmo se eu deixasse a história da minha avó de lado, eu jamais me apaixonaria por ele.

Mas Ravi era único. A sua beleza física de fato chamava atenção. Moreno, cabelos lisos jogados para o lado, barba por fazer e um abdômen impecável, mas o que chamou a atenção foi seu jeito carinhoso de ser, seu bom humor em meio a um mal humor insuportável e como ele podia ser cavalheiro quando queria, além de ser gentil até quando estava sendo estúpido. O homem era educadíssimo!

O tempo que passamos juntos cuidando da minha avó, foi o suficiente para me fazer olhá-lo de outra maneira e desistir de todo o meu plano de vingar a morte dela.

Mas o problema era exatamente esse! Eu não conseguia olhar para ele, sem lembrar da minha avó e isso me deixava angustiada, estressada e irritada, ao mesmo tempo que me deixava louca para me jogar nos braços dele. Eu odiava isso!

Já fazia anos que eu não tinha ninguém. Eu não sabia como reagir perto dele e ele fazia meu corpo reagir de uma maneira inédita para mim. Eu o desejava...

Não era só o coração, o corpo precisava se alimentar dele e isso para mim era novidade, pois para mim, sexo era apenas uma obrigação conjugal.

Eu não queria mesmo pagar para ver o que poderia acontecer entre nós, além de raiva e paixão, eu estava com muito medo.

***

A lembrança da noite anterior, ou a falta dela, ficou martelando o dia inteiro na minha cabeça e eu nem consegui trabalhar direito. Eu precisava tirar aquela história à limpo!

Decidi ir até o hospital após o meu expediente para tentar entender o que tinha acontecido. Eu não iria conseguir dormir sem saber o que realmente houve naquela noite.

_ Estou procurando o doutor Ravi. _ falei para a recepcionista da emergência.

_ Posso ajudar? _ uma mulher se aproximou, uma médica, provavelmente.

_ Estou procurando o doutor Ravi.

A recepcionista se afastou depois de um sinal da médica.

_ Qual seu nome?

_ Sophia.

_ Sophia?

_ Sim, eu te conheço.

_ Verdade. Você é a neta daquela senhora que eu tratei o câncer.

_ Isso.

_ Posso te ajudar?

_ Na verdade eu queria mesmo falar com o doutor Ravi. _ repeti pela milésima vez.

_ Infelizmente ele não está. Quer deixar um recado?

_ Não. Eu ligo para ele depois, obrigada.

_ Disponha.

Sorriu pra mim e eu me virei para sair.

_ Sophia?

Eu já estava saindo da emergência quando ouvi a voz dele e me virei para olhá-lo. 

Dr. RaviOnde histórias criam vida. Descubra agora