Capítulo 10

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Eu estava animado.

Levei meu melhor terno para o consultório e o melhor sapato social também. Era um grande dia.

Nos corredores só se falava sobre o fim da minha solteirice e eu sabia que aquele seria o evento do ano. Maurício me atualizou sobre um bando de jornalistas do lado de fora do hospital querendo saber do acontecimento e eu fiquei querendo saber como a notícia tinha se espalhado tão rápido.

Eu já tinha voltado a rotina normal na emergência. Daniela tinha ido para o seu setor e eu voltei a ter como meu braço direito o Maurício. Tirando o evento no fim do dia, era um dia normal de trabalho.

Passei o dia tentando evitar Daniela e embora nós não tivéssemos conversado durante esses trinta dias, ela se mostrou bastante paciente em esperar até o final do expediente.

No dia anterior eu entreguei para a Sophia o vestido que a Dona Zélia usaria.

Doutor Ramon, também participou da brincadeira, encomendando um bolo, salgados e refrigerante para a recepção, que seria ali na UTI mesmo. Tudo muito simples.

Mesmo nada sendo de verdade, eu estava nervoso. Eu fiz uma promessa e eu ia cumprir e eu não era muito bom nisso, já tinha decepcionado muitas pessoas com as minhas promessas sem fim.

E depois de um dia que se arrastou para passar, finalmente chegou a hora do meu casamento.

***

Do lado de fora da sala, dava para ver o movimento por trás dos vidros foscos da UTI.

A porta se abriu e Sophia saiu rapidamente, a fechando logo em seguida.

_ Você está atrasado.

Ela estava linda.

Seus cabelos acobreados estavam amarrados em uma trança que caía em seu ombro, o que fazia par perfeito com seus olhos castanhos claros. Ela usava um vestido rosa bem claro e esvoaçante até os joelhos, sem decotes, sem fendas, muito simples. Percebi que suas sandálias eram brancas e pude reparar até mesmo em seus pés.

_ Vamos doutor, não vai entrar? _ perguntou enquanto colocava algumas flores no bolso do meu paletó. _ trouxe as alianças?

_ Você está linda.

Não pensei antes de falar.

Ela parou e olhou séria para mim.

_ Você esqueceu as alianças?

_ Não, estão no bolso da minha calça.

_ Então vamos!

Ela apoiou a mão em meu braço e eu abri a porta.

Todos estavam arrumados com roupas de gala, inclusive os médicos e enfermeiros. Após um flash ter me cegado momentaneamente, notei a presença de alguns jornalistas, equipes de TV e doutor Ramon.

Dona Zélia na maca, próximo à bancada da recepção da UTI, e atrás da bancada, estava Maurício, que seria nosso mestre de cerimônia.

A UTI estava decorada com bolas e flores, sem muitos exageros.

O sorriso da minha noiva me iluminou e eu olhei para Sophia, que estava me acompanhando até Dona Zélia, que por sua vez, sorriu para mim.

Sophia me deixou ao lado da avó e eu beijei a mão dela antes de ela sair do meu lado e logo em seguida beijei a testa de Dona Zélia e segurei sua mão.

_ Preparados? _ Maurício perguntou.

_ Vamos logo com isso, quero me casar! _ reclamei.

Dona Zélia consentiu com a cabeça sorrindo.

Dr. RaviOnde histórias criam vida. Descubra agora