Ravi
_ O que você está fazendo aqui? _ arqueei a sobrancelha.
_ Eu queria conversar com você, pode ser?
_ Claro! Aceita um café? Estou trabalhando, não posso te oferecer uma cerveja... Se não... _ dei um sorriso cínico.
Ela sorriu ironicamente.
_ Eu aceito um café.
***
_ Eu acho o café daqui muito bom... Ele é bem forte sabe? Me mantém acordado.
Sophia revirou os olhos.
_ Mas então, me fala, a que devo a honra da sua ilustríssima visita?
_ Eu quero saber o que aconteceu na noite passada.
_ Eu te ajudei com a mudança, depois te ajudei a colocar as coisas no lugar.
_ E depois?
_ Comemos uma pizza e tomamos umas cervejas.
_ E?
_ Está querendo saber se fizemos sexo?
_ Fala baixo, Ravi! _ ela olhou ao redor e enrubesceu.
Aproximei meu rosto dela, mesmo tendo uma mesa entre nós.
_ Não fizemos sexo, embora você quisesse muito.
_ O que? _ ela estava quase da cor dos seus cabelos.
_ Não minto.
Sua boca abriu e rapidamente ela tapou com uma das mãos.
Eu me divertia.
_ Eu bem que queria, mas eu queria que você vivesse todos os detalhes e então...
_ Ravi... _ sussurrou totalmente envergonhada.
_ Não aconteceu nada entre nós. Você bebeu um pouco mais, eu te coloquei na cama e acabei dormindo sem querer do seu lado.
Ela respirou aliviada.
_ Não aconteceria nada entre nós, Ravi!
_ Você não lembra mesmo do que aconteceu?
_ Eu não posso beber. Sou fraca para essas coisas.
_ Vou anotar no meu caderninho.
_ Não precisa, não teremos outros momentos como esse.
_ Ah que bom! Assim não preciso ficar me preocupando se vou ter que cuidar ou não de você no dia seguinte.
_ Você é bem ridículo.
_ Não posso me intrometer nas suas opiniões.
_ Você é insuportável!
_ Vindo de você é um elogio.
Ela se levantou.
_ Foi um erro ter vindo aqui.
_ Nisso a gente concorda.
Ela virou as costas e saiu.
Eu fiquei sorrindo sozinho até levar um susto com Maurício do meu lado.
_ Que porra, Maurício! Mania de aparecer do nada! _ levantei.
_ Eu a conheço.
_ Conhece.
_ Vocês estavam discutindo? Ela saiu daqui bem irada né.
_ Discutir é o que fazemos de melhor.
_ Mas por quê?
_ Porque pergunto eu! Por quê está tão interessado na minha vida, Maurício?
_ Você tem consulta agora com a Doutora Rose, vim te buscar.
_ Me buscar? Tá de sacanagem!
_ Tô não. O consultório dela é no...
_ Eu sei onde é. _ o interrompi, seguindo o meu rumo.
***
_ Então doutor Ravi, me fala um pouco sobre você?
Doutora Rose era uma senhora com seus quase 70 anos. Eu podia arriscar que ela era a funcionária mais antiga daquele hospital, depois do doutor Ramon, com certeza.
Os cabelos curtos, totalmente brancos e um óculos enorme no rosto.
Sempre foi muito reservada, porém gentil. Estava sempre com um sorriso no rosto, mas não era de muitos amigos. Ela entrava e saía no seu horário e era muito discreta.
Seu consultório era parecido com ela, discreto e com móveis antigos, mas de muito bom gosto.
Eu não tinha intimidade nenhuma com ela, na verdade, acho que nem a família dela tinha.
Ela era muito esquisita.
_ Doutor Ravi? Está me ouvindo?
Seu sorriso não parecia honesto.
_ Me desculpa, o que foi que a senhora disse?
_ Perguntei sobre o que quer falar.
_ Não sei...Estou sem assunto hoje.
_ Não se trata de ter assunto ou não. Você está aqui por alguma razão e eu só quero te ajudar. Nada do que você falar aqui, vai sair daqui.
_ Isso é bom.
_ E então? Vamos falar sobre sua infância?
_ Ah... Foi tranquila.
_ E sua mãe?
_ Pula.
_ Seu pai?
_ Pula.
_ Tem irmãos?
_ Podemos mudar de assunto?
_ Eu só vou conseguir intermediar a sua melhora, se você falar, doutor.
_ Entendi.
_ Existe algum assunto que queira falar?
_ Não.
_ Tudo bem, se não quer falar, não precisa. Podemos passar uma hora sem falar nada. Uma hora, você vai cansar.
Me deitei no divã e cruzei as pernas.
_ Posso dormir?
_ Não.
_ Merda! _ sussurrei.
_ A escolha é sua.
***
A luz da sala acendeu e eu me assustei.
O relógio marcava exatamente três horas da manhã.
_ Ravi?
Semicerrei os olhos e tentei me levantar, mas não consegui mexer nenhum músculo do meu corpo.
_ Ravi?
Ela parecia nervosa e eu continuava sem poder me mexer.
Tentei falar seu nome, mas minha voz não saiu. Um sentimento de pânico tomou conta de mim.
_ Ravi?
Sua voz já estava em desespero e por mais que eu me esforçasse, eu não tinha controle do meu corpo.
_ Não! Por favor! Não!
O silêncio doeu nos meus ouvidos.
A luz do meu quarto acendeu, me cegando momentaneamente e quando eu consegui enxergar, Catarina estava materializada em pé na minha frente, de calcinha e sutiã, o corpo sujo de sangue e o rosto cheio de cicatriz.
Se aproximou de mim com a faca na mão e sorriu.
_ A culpa é toda sua! _ sussurrou, encravando a faca no meu peito.
Acordei gritando, mais uma vez assustado.
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Dr. Ravi
RomansaApós um grande trauma, Dr. Ravi tenta desesperadamente manter seu passado para trás, até encontrar tudo o que buscava esquecer em um grande amor e então, sua cabeça dá um verdadeiro nó. ATENÇÃO: Contem Sexo, linguagens inapropriadas e muito entreten...