Curioso

Uma conversa inesperada

O vento soprava cálido por entre os galhos das árvores que margeavam o fundo do campo de futebol da Panem High School. Arrancando algumas folhas e sujando o gramado perfeitamente aparado do campo, que mais tarde um dos jogadores, que seria escolhido pelo próprio treinador Seneca, limparia com um gadanho tão enferrujado e velho quanto ele.

O apito treinador soou indicando o término do treino. E Cato passou a mão sobre a testa, enxugando o suor que escorria em finas linhas translúcidas pelo seu rosto avermelhado. O tecido fino da camisa do time grudava em seu abdômen, assim como o do shorts em suas coxas. Ele estava ensopado devido ao clima quente e aquilo em anda o agradava. Seneca andava pegando pesado por aquele ser o último ano e a última tentativa do time se classificar para as estaduais.

Seu seus olhos varreram o campo e arredores assim como por sobre as arquibancadas vazias, ou quase. Ainda haviam três pessoas sentadas ali. Que ele reconheceu sendo Johanna, Katniss e Peeta Mellark; um dos “novatos.” Ele sempre se sentava nas arquibancadas, no mesmo horário com um caderno retangular de desenhos, pelo menos ele imaginava que era, já que o rapaz passava minutos rabiscando naquelas folhas. As vezes, como hoje, acompanhado de suas duas amigas. O rapaz de olhos claros ponderou um pouco, ele tivera uma ideia um tanto maluca até mesmo para ele, admitia isso, logo após o trabalho em dupla com o Mellark. Talvez ele o ajudasse, pensou consigo. Ou não.

Cato Hadley estava nervoso, algo inusitado para ele. Seu lábio inferior fora pressionado pelos seus dentes, a adrenalina do recente jogo ainda corria fervorosa em seu corpo. E ele a usou para caminhar em direção ao rapaz.

— Cato, você não vêm? — seu amigo, Marvel, o gritou da porta que dava acesso ao vestiário.

— vou, só me dê um minuto. — Cato encarou o amigo por breves segundos, até que este entrasse no local, antes de voltar a encarar o Mellark. Que parecia bastante entretido em rabiscar o seu caderno.

Cato marchou a passos não tão apressados até as arquibancadas. Olhava com atenção as moças rirem enquanto conversam entre si. O rapaz de cabelos dourados estava seguro de que a sua ideia era um bom plano. Talvez o Mellark achasse a proposta um absurdo e não aceitasse, e talvez arremessasse aquele grosso caderno no meio da sua cara, mas não custava tentar. Ele era a sua melhor opção, talvez, também, ele não confiasse em outra pessoa para tal. E talvez, “só talvez ”, não quisesse outra pessoa.

Cato subiu um ou dois degraus, ficando três abaixo do que o outro rapaz de cabelos alourados estava sentado. Peeta desviou seus olhos do caderno, erguendo o rosto para encara-lo com uma das sobrancelhas erguidas em indagação.

— Peeta...

O Hadley, conseguiu esboçar um sorriso torto, mesmo que este fosse trêmulo de nervoso. Os olhos do menor cravados em sí o deixaram assim, nervoso e quase desarmado. A qual é? Não deve ser tão difícil assim ter aquela conversa com o rapaz?! Enfiou a sua insegurança repentina no bolso. Inclinou seu corpo para frente, e o vento soprou o seu cheiro de grama, terra e suor no rosto do mais baixo.

— e você é... — Peeta fechou o caderno e repousou o lápis no banco. Encarando o rapaz com desconfiança.

— como se não me conhecesse... — Cato sorriu galanteador, mas ficava difícil naquele estado em que se encontrava. Sujo e com terra e grama no cabelo. — nós somos da mesma turma, lembra? Até fizemos um trabalho juntos, há três semanas?!

Cato murmurou pensativo.

— a claro. Convencido, as vezes arrogante, loiro, time de futebol. Cato certo?! — o Mellark se apoiou sobre as palmas das mãos, o corpo inclinado minimamente para trás. O rapaz se perguntava o porque do Hadley estar ali à sua frente, sujo e fedendo. Ele não lhe dirigira a palavra desde o dia em que entregaram o trabalho.