Pombinhos atrapalhados.

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Quando os primeiros mornos raios de sol adentraram o cômodo, atravessando as frestas finas da persiana, das janelas. Momentos depois a porta do quarto - que na noite anterior serviu de ninho de amor, ou acasalamento - foi escancarada de supetão, causando um estrondo ruidoso, que ecoou pelos quatro cantos do cômodo. O rapaz que entrara, cujo a expressão era raivosa, fitou os dois rapazes despojados em cima da justa e sagrada cama.

A sua cama. Pela bagunça que encontrara no corredor, achou que fosse um ladrão. E talvez teria sido melhor que fosse um; pois a visão que tinha era desconcertante, constrangedora e certamente traumatizante.

— Só pode ser brincadeira.

Ele rosnou. Vendo que os dois permaneciam desfalecidos em sua cama. O rapaz segurou a porta e a fechou – com uma força a mais que usará para abrir. Aquilo só poderia ser algum tipo de pegadinha. Era a sua cama, a sua, o seu lençol cobrindo os corpos daqueles dois marmanjos. Onde estava o respeito?, ele se perguntava. Certamente teria de lavar tudo com alvejante, ou alguma merda do tipo. Pois não iria correr o risco de deitar em resíduos corporais que não fossem os seus. Vendo que não adiantou, o rapaz passou a esmurrar a porta até ver os corpos se remexerem.

No segunda sequência de murros que os amantes despertaram, meio grogue, quase desesperados. Num movimento quase que sincronizado, Cato é Peeta se sentaram na cama. Com olhares confuso, passando a olhar em volta, tentando identificar o local onde estavam.

De forma preguiçosa, Cato coçou os olhos e deixou um longo bocejo escapar. Peeta olhava em volta, o quarto estava levemente escuro e sua visão nublada.

Aquela lerdeza despreocupada irritou o rapaz. Que pigarreou bem alto.

Peeta rapidamente olhou em direção a porta, onde o outro cara estava. Demorou alguns segundos para a sua visão de acostumar com a pouco claridade matinal e reconhece-lo em meio. Ele reconhecia aquela cabeça livre de cabelos, o corpo alto e atlético, a pele escura e os olhos incrédulos. O rapaz trazia consigo uma mochila recheada e até isso ele reconheceu.

— TRESH? — O Mellark gritou assustado. Se escondendo embaixo do lençol, deixando somente os seus olhos envergonhados aparecerem. Esses fuzilavam seu namorado, Cato.

Cato ao ouvir o nome do amigo, o encarou atordoado, constatando que era ele de fato. Aquilo não fazia parte do pacote.

— Cacete. Você não deveria voltar só amanhã? — O Hadley murmurou. Esboçando um sorriso largo e amarelo, com os dentes arreganhadas.

Fora a vez de Tresh fuzilar o rapaz com o olhar. Jogando a mochila no chão, cruzando os braços. Graças aos céus seus pais só voltariam amanhã.

— porra. É isso que tem pra me dizer?— O negro falou, esticando o indicador na direção do seu amigo. — Meu quarto tá fedendo a motel, seus arrombados, não a incenso e defumador que resolva. Ááá! Sério que vocês copularam na m-i-n-h-a cama?

Ele rosnou ainda indignado. Embora soubesse que não poderia fazer nada a respeito, já estava feito. Incinerar tudo seria uma boa. Qual é! Não se transa na cama de uma cara, é sagrado, todos sabem disse; gay, bi, pan ou hétero. É como corromper um santuário.  

— Você quer mesmo a resposta? — Cato ergueu a sobrancelha dourada. Pondo a perna para fora, sentiu o frio do chão se esgueirar por toda a sua perna, que fora exposta até parte da virilha, quando o lençol escorregou.

— não. E, por deus, NÃO se levantem. — O rapaz bradou. Cobrindo os olhos com uma das mãos.

Cato o olhou e olhou para si, torcendo o nariz. Mas cobrindo-se.

— Fresco. — o Hadley resmungou.

— Nossas roupas estão no banheiro.

Peeta avisou, puxando o lençol para que sua boca surgisse. Vermelho de vergonha. Sua vontade era de se enfiar na cama e sumir. Cato lhe pagaria por aquilo.

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