Eros e Psique - Cap XI

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— TRAIDOR! AJUDASTE A TOLA MORTAL, APOSTO!!! — acusa-lhe a mãe.

— AJUDEI-A SIM! Voltaste a atormentá-la, quando jurou-me que nada mais farias contra ela!  Se tu foste incapaz de cumprir tua parte no trato, também me considero livre de qualquer comprometimento! Impuseste-lhe uma prova muito injusta, minha mãe! — retruca o deus.

Um vigor inesperado apoderara-se de Eros, como se ele tivesse renascido das cinzas da tristeza; e embora a chaga no ombro o incomodasse, a vontade de ajudar e defender sua amada — ainda mais sabendo por Zéfiro que ela veio procurá-lo e estava disposta a provar os sentimentos por ele — fizeram-lhe recuperar as antigas cores e sua alegria.

— Ora! Achaste injusta tal prova, insolente?! POIS IREI DAR-LHE UMA PROVA MUITO PIOR POR ESTA TUA AFRONTA! — ameaça a deusa.

— NÃO FAÇA ISSO MÃE! — pede-lhe o filho.

— Sim, o farei! E pela tua audácia, vou matá-la para que não fiques com ela! 

Quando a mãe sai, Eros fica desnorteado. Aflito, invoca mais uma vez Zéfiro, seu grande e solícito amigo. Ele jamais iria faltar-lhe nessa hora.

— Chamou, meu caro Eros? — o Vento-Oeste percebe a aflição do jovem deus. — Por Zeus! Estás pálido...

— Zéfiro, ajude-me! Minha mãe acabou descobrindo o que fiz e quer castigar Psique com provas ainda mais impossíveis e ainda ameaçou matá-la!

— Pelos deuses! O que faremos?

— Os outros deuses! É isso! Zéfiro por favor, fale com eles! Talvez os outros possam ajudar-nos se apiedarem-se da nossa história. Dizei a eles que o Amor os exorta e pede-lhes clemência. Ainda estou muito fraco; o ferimento me dói muito para fazer frente à Afrodite e voar até o Olimpo em busca de socorro.

— SIM! Agora mesmo! Precisamos pôr um fim nisso!

****

Três dias se passaram e depois de arquitetar o pior intento em sua mente, Afrodite chama Psique para mostrar-lhe sua nova prova:

— Vede aquele bosque que se estende à margem do rio? — fala-lhe apontando-lhe o lugar ao qual se referia; não era tão longe de onde estavam. — Ali encontrarás carneiros pastando sem um pastor, cobertos de lã brilhante como ouro. Vai buscar-me uma amostra grande daquela lã preciosa colhida de cada um dos velocinos. Quero fazer para mim uma bela túnica dourada. Ficarei linda! Combinará com o tom alvo da minha pele — diz-lhe convencida.

Psique, sem titubear ou reclamar, afasta-se para cumprir a ordem dada. Afrodite olha-a pelas costas, com um certo ar de triunfo nos lábios.

— Minha cara, princesa... não sabes o que te esperas… — murmura a deusa.

****

Qual será a próxima armadilha de Afrodite? O que espera por Psique à outra margem do rio? Será que os deuses atenderão o pedido do apaixonado Eros?
No próximo capítulo, teremos estas respostas.

Eros e Psique por Paula DunguelOnde histórias criam vida. Descubra agora