* Hoje, compromissos inadiáveis que terei mais tarde, extraordinariamente me fizeram postar o capítulo um pouquinho mais cedo para vocês e não deixá-los na mão. Espero que gostem
A bela ainda não conseguia acreditar no cenário caótico desvelado diante de seus olhos e desespera-se. Não sabia nem por onde começar diante de tanto trabalho e tão pouco tempo para que este fosse feito. Suas esperanças de reencontrar Eros foram por água abaixo.
- Nunca mais verei meu amor outra vez... estou perdida... - soluçava aos prantos, lembrando-se do que passou e o que teve de fazer para chegar até ali.
Zéfiro ouve aquele choro distante e, aproximando-se suavemente, reconhece a dona daquelas lágrimas:
- Psique?!
- Zéfiro? És tu?!
- Sim, minha pequena.
- Oh, bondoso Vento-Oeste! É verdade que meu senhor, por minha causa, encontra-se enfermo? - pergunta aflita.
- Infelizmente, sim. E o mal que o aflige, não só afeta o corpo, mas ao coração de igual modo.
Psique conta-lhe o seu tormento e a ira implacável da deusa do amor:
- Ela quer me separar do meu amor para sempre, Zéfiro, impondo-me este desumano castigo.
- Pobre Psique! É impossível para ti tal feito!
- Oh, bondoso Vento-Oeste! Por obséquio: ajudai-me!
Morrendo de pena, ele promete ajudá-la:
- Aquieta-te, minha criança. Tentarei ajudar-vos...
Zéfiro não perde tempo. Parte sem demora em busca daquele que, com certeza, faria algo por ela.
****
Psique continuava aflita e totalmente inerte diante de façanha tão impossível quando observa uma formiguinha solitária aparecer e pegar a primeira semente. Minutos depois, outras mais surgiram e começaram a trabalhar. Com muito zelo, começaram a separar grão por grão. Psique admira-se com aquilo e arregala os olhos assustada.
"As formigas estão me ajudando?!", indagava-se tentando entender o que estava acontecendo ali, logo; milhares delas separaram cada qual de acordo com sua qualidade. A jovem leva sua mão aos lábios e incrédula, olha estarrecida para o monte de feijões, ervilhas, lentilhas e demais sementes devidamente separadas diante de si e abre um largo sorriso. Pula de alegria já imaginando a cara que Afrodite fará ao ver-lhe a tarefa realizada com tanta maestria e em apenas uma noite, como assim lhe exigira.
Quando amanhece, a deusa vai conferir o resultado da prova imposta à sua rival e, de fato, fica boquiaberta:
- Não pode ser! Por certo, deve ser obra daquele que conquistaste para seu infortúnio e para o teu!
- Eros não teve nada com isso! Fiz tudo sozinha! Posso ver meu esposo agora? Cumpri o que me pediste...
Afrodite encara-a e fala resoluta:
- Não. Ainda é cedo para isso, querida.
- Mas tu prometeste... - argumenta a moça.
- Eu não prometi nada. Disse-lhe: talvez... - corta-a no mesmo instante. - Eu preciso de mais provas, pois fazer isto em uma noite é impossível aos mortais. Isto não foi obra tua, maldita!
Enfurecida, joga no rosto de Psique uma túnica velha e desbotada que trazia consigo e que, um dia, foi uma bela peça de seu vestuário divino.
- A propósito! Vais tomar um banho e vista-te de modo decente. Esta tua fétida aparência me enoja!
E a deusa desaparece, tal como surgiu, abandonando a desolada jovem no celeiro.
Psique se ajoelha e estende as mãos à túnica amiga, alheia a tudo e que agora descansava sob seus pés. Aos soluços, leva-a aos olhos para enxugar as lágrimas e esconder o seu amargurado penar: "Até quando, oh deuses! Este meu sofrimento irá durar?"
****
Psique venceu a prova, mas Afrodite não quis conceder-lhe o prêmio de ver Eros outra vez.
Então, pessoinhas queridas: Será que a deusa do amor uma dia irá se dobrar e mostrar benevolência para com o casal? Ou continuará arrancando mais lágrimas de Psique e irá afastar os enamorados ainda mais? Não percam o próximo capítulo desta saga de amor.
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Eros e Psique por Paula Dunguel
Romance"Ferir-se a si mesmo, pode trazer consequências inesperadas..." (Noveleta readaptada sobre a lenda mitológica Eros e Psique). Com uma narrativa dinâmica e ilustrações de próprio punho, a autora convida todos a viajarem por estas linhas, que contam...