*Hoje vou fazer uma brincadeira com vocês (confesso: estou meio sem ideia mesmo 😅)...
Bora brincar?Qual cena gostariam de ver retratada aqui? Têm alguma sugestão? Deixem nos comentários após o texto. A mais pedida será feita. E vamos para o tão esperado capítulo de segunda. Boa leitura.
Eros estava deitado sobre uma cama esculpida em nuvens no santuário de Afrodite. Os olhos perdidos na imensidão do céu e em tal estado deprimente, que parecia ter perdido a razão de viver. De vez em quando, olhava para sua destra onde a linha tênue da cicatriz da ponta da flecha olhava-o inquisidora, repetindo-lhe a lembrança daquele fatídico dia, onde seu fado unira-se ao destino da sua amada para sempre. Quando se pegava mergulhado nesse pensamento, uma lágrima corria-lhe pela face. Sua mente vagava por todas as doces lembranças vividas com Psique e por mais que tentasse, por mais que estivesse decepcionado com ela, não conseguia esquecê-la.
A chaga do ombro, provocada pelo óleo ardente há meses, não cicatrizara ainda e assumira um preocupante aspecto que fez sua mãe procurar Apolo; pedir-lhe que olhasse seu filho para dar algum diagnóstico e uma possível cura para o ferimento.
O deus prontamente atende o chamado de Afrodite e chega para ver Eros, mas o deus do amor recusa-se a recebê-lo. Ela teve que usar sua autoridade materna para convencê-lo a deixar Apolo examiná-lo.
- Deves estar feliz agora, não é, deus Apolo? Finalmente vossa profecia se cumprira (*).
Apolo não rebate aquele comentário, pelo contrário, estava assustado demais com o estado no qual Eros se encontrava para cobrar-lhe suas antigas chagas. Aproxima-se para olhar o seu ombro e torce o nariz. Um cheiro putrefato emergia da ferida; o deus da medicina nunca vira um ser imortal ferido daquele jeito e por tanto tempo.
- Eu deveria estar de fato feliz, mas minha profecia trouxe consequências inesperadas - fala Apolo enfim. - Esqueça esse orgulho todo e deixai-me tratar desta chaga, antes que piore ainda mais.
- Esta chaga não é nada, perto da ferida que sangra no meu coração - lastima-se o rapaz; os olhos marejados de pesar.
O deus examina a ferida, limpa-a com um unguento para desinfetar e melhorar aquele aspecto e depois, faz sua destra brilhar pondo-a sobre a chaga.
- Isto vai acelerar o processo de cura - explica-lhe, concentrado nos cuidados ao ombro ferido.
Enquanto com extrema habilidade manipulava e enfaixava o ombro de Eros; o jovem contorcia o rosto demonstrando sentir muita dor. Curativo feito, o deus alado balbuciou a Apolo um tímido obrigado.
Penalizado pelo estado dele, pela tristeza que do rapaz irradiava, Apolo tenta interceder a favor do casal, mas a deusa estava irredutível em sua decisão.
- Afrodite, sei que talvez desprezes este meu conselho, mas acho que deverias ponderar tuas decisões e permitir que Eros volte para sua mulher. Ele está em estado de profunda tristeza, perdendo o seu viço e também seu brilho divino porque sente demais a falta dela.
- Isso nunca!
- Afrodite, ele está definhando de amarguras, repense...
- Admiras-me tu, caro Apolo?! Intercederes em favor dele, depois do que ele vos fizestes?
- Eu estava tomado de vaidade e soberba, e ofendi-lhe antes de impor-me a pena. Ouso dizer, que mereci o castigo dado por ele. Mas o que Eros fez ou deixou de fazer, não vem ao caso agora. Da felicidade dele, depende a cura total da ferida...
A deusa do amor estremece e entra em transe.
- O que foi? - pergunta Apolo assustado.
- Alguém me invoca.
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Eros e Psique por Paula Dunguel
Romance"Ferir-se a si mesmo, pode trazer consequências inesperadas..." (Noveleta readaptada sobre a lenda mitológica Eros e Psique). Com uma narrativa dinâmica e ilustrações de próprio punho, a autora convida todos a viajarem por estas linhas, que contam...