Capítulo 14: Angel

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Evie abriu a janela e saiu escalando a parede, seguida por Lydia, Ethan e William. O hotel estava com os negócios um pouco parados por causa dos ataques do estripador, por isso não tinham problemas em ser pouco discretos na maneira de sair. Angel havia colocado a torta na cesta e coberto com um grande pano. Estava pronta. Dylan terminava de limpar a bancada e logo depois saíram de uma maneira mais tradicional: de braços dados e pela porta da frente.

Também estavam indo para um encontro da mesma maneira que naquela foto. Era para ser o primeiro, mas como fora cancelado, esse seria o primeiro.

"Será bom ficar longe dos nervos" Angel soltou, Dylan a puxou mais para perto e beijou sua nuca em resposta "Vai ser sim, Any". Isso já era um bom sinal, Dylan somente a chamava de Any quando estava completamente despreocupado com qualquer perigo, o que a fez relaxar um pouco, sabia que estava longe do perigo.

A praça continuava linda, era um campo amplo e verde, jazia alguns caminhos de pedra, havia um lago, as flores que rodeavam e enfeitavam o lago, as árvores e os caminhos continuavam lindas e vibrantes. Angel havia descoberto que os jardineiros reais gostavam de cuidar das flores dessa praça e ensinar seus prodígios. "Que atrocidade! Quem faria algo assim!" Angel ouviu um assistente reclamando para seu mestre.

"Respire, James, essa é uma praça pública, qualquer um poderia arrancar uma flor sem experiência alguma. Quando estiver nos jardins reais não irá acontecer isso" respondeu o mestre "Oh, olhe lá, senhorita Angel e senhor Dylan! Como estão?"

O casal se aproximou dos jardineiros. "Muito bem, estamos passando para apreciar a beleza desse lugar" respondeu Angel. Dylan continuou o resto da conversa com os jardineiros, como era filho de um fotógrafo gostava de ver as flores antes do amanhecer, "são suas horas mais brilhantes" dizia ele todas as vezes. Angel olhou por cima do ombro qual seria o motivo do stress do aprendiz James. Ali. A roseira azul, ficava um pouco longe da entrada, mas havia sua flor mais alta cortada. Sua mão foi instintivamente para o punho esquerdo, fora o último lugar que a rosa azul permaneceu antes de falecer. Ela tinha certeza de que a rosa cortada era a mesma rosa que Jack a deu.

Um sentimento de culpa a alfinetou, mas não havia nada que pudesse fazer. Quando a conversa se encerrou Dylan e ela estenderam o pano mais no centro da praça, próximo do lago.

- Há muito tempo que não fazemos isso – comentou Dylan, comendo seu segundo pedaço de torta.

- Pois é, aparentemente você teve muito assunto para pôr em dia com os jardineiros – riu Angel.

- Não incomoda – zombou ele, mordendo mais um pouco. Diferente de muitas pessoas, Dylan preferia comer torta com as mãos, Angel sempre come com os talheres, mas sabia que quando estava com ele seria mais divertido comer com as mãos.

- Dy, o que vocês descobriram? – ela perguntou, não iria aguentar segurar a questão.

- Any...

- Desculpe, eu sei – ela o interrompeu – era para ser uma manhã feliz, e sem preocupações, mas eu precisava saber.

- Não, Any, eu nunca me incomodaria de te contar – disse ele, sorrindo e pedaços de mirtilo grudarem em seus dentes, o que fez Angel cobrir a boca para não rir e cuspir um pedaço de torta – o que foi?

Angel não conseguiu encontrar forças para parar de rir, então tentou demonstrar com gestos, o que não funcionou. No fim, tirou um espelho da cesta e mostrou.

- Ah! – Dylan ficou um pouco confuso como isso poderia provocar tantos risos, mas decidiu mergulhar mãos no recheio de seu pedaço e depois as levantou como se fossem garras – Arg! Eu sou o Monstro do Mirtilo! Garotinhas com lindos vestidos devem ter medo de mim!

Angel se levantou e começou a correr enquanto dava pequenos gritinhos, Dylan a seguia confiante de que a alcançaria. Afinal, assim como todas as outras vezes que corria, ela tropeçou nos próprios pés e caiu. Ele se sentou ao lado e segurou seus punhos. "Só deixo você sair se pedir por favor" disse.

"Nunca me renderei a um malvado como você" foi sua resposta. Com pouco esforço Dylan conseguiu manchar as bochechas dela com o recheio de mirtilo. Seu rosto se aproximou do dela. O suficiente para Angel sentir sua respiração na pele. Seus olhos verdes pareciam paralisados pelos azuis dela, não era diferente para ela, sentia que não conseguiria se mexer e tentasse.

Ela sabia que poderia resultar nisso. Sabia o que estava prestes a acontecer. Sabia que poderia ser muito feliz desse jeito. Sabia que Jacob havia dado sua benção para Dylan, conseguir isso não era algo fácil. Angel fechou os olhos, seria o seu primeiro beijo.

"Angel," Dylan sussurrou "eu não vou te beijar na frente de todo mundo". Ela abriu os olhos e se sentou. "Não é todo mundo, são apenas algumas pessoas" ela rebateu.

- Mesmo assim, eu preciso aproveitar e te contar tudo aquilo que sua mãe não contou – quando disse isso, o rosto de Angel foi coberto pela curiosidade e seriedade. Seria um dos poucos momentos que teriam à sós. O que estaria por vir ia ser como uma bomba explodindo.

Enquanto lavavam o recheio que ficara em seu rosto no lago, Dylan a contava tudo com muitos detalhes. Dama O tinha muito envolvimento com o estripador, e aparentemente tinha um sócio, mas não havia muitas informações dele. "Registro nenhum revelava o nome dele, aparência, só sabemos que é homem" dizia ele. Mas algumas anotações acabaram levando a umas embarcações abandonadas, onde todos os assassinos em Londres foram procurar pistas, com exceção de Dylan.

Não havia outras informações tão relevantes exceto a hipótese que talvez Angel não fosse um alvo. "Como você já deve imaginar, Evie não conta muito para nós, pois ela acredita que te contaremos depois..." ele disse "... o que é verdade. Ou talvez ela não queira que muita informação fique espalhada por muitos ouvidos, pode alertar o estripador."

- E o que você acha de tudo isso? – ela perguntou. "Como?" as sobrancelhas dele se curvaram enquanto ela molhava o rosto – o que você de tudo isso? Que tipo de pessoa você acha que é o estripador? Em quem eu deveria confiar? Essas coisas...

- Bem, os cortes do estripador, são muito precisos para ser um simples açougueiro ou alguém de classe baixa. Não houve redução no número de mendigos, aparentemente ele tem alvos precisos, mas não existe muita relação entre as vítimas.

- E Jack?

- Jack? O que tem ele? – Dylan foi pego de surpresa.

- Ele não é um assassino também?

- Se for, eu não saberia.

- Seria estranho se não fosse, Evie só deixaria sair com quem fosse um ótimo assassino, você não acha?

- Sobre isso... – Dylan alcançou a toalha para Angel se secar – nós continuamos te vigiando enquanto procurávamos informações. Foi uma ordem dela, então talvez ele não seja tão confiável. Se você quer um conselho, não confie nele – ela esfregou o seu rosto na toalha mais tempo do que precisaria, tinha que esconder o espanto do rosto – falando nele...

Angel se virou e encontrou Jack andando em direção a eles.

- Bom dia, senhorita Angel.

- Bom dia, Jack.

Dylan limpou a garganta e resmungou "Angel e eu viemos desfrutar juntos de uma torta que fizemos juntos, e você, o que te traz aqui?"

- Dy, não seja mal-educado – Angel disse enquanto Jack beijava sua mão.

- Estava procurando por mais uma flor para a senhorita – disse ele. O que fez Angel esquentar as bochechas.

- Acho que isso não vai ser uma boa ideia – disse Dylan – aparentemente alguém arrancou uma rosa azul e isso deixou os jardineiros muito irritados.

- Eu não sabia que não podia pegar as flores daqui – Jack se surpreendeu – venho de outro país, e me senti arrependido de não trazer algo tão bonito para dar para a senhorita.

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