2 - Não consigo chorar

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                                                                Vivendo em um orfanato rigoroso, Xingcheng não via a hora de ficar de maior, e poder finalmente viver. Desde muito novo estava ali, não podiam sair, e ele a muito tempo não tinha esperança de ser adotado.

Sofrendo constantemente com os garotos mais velhos, por ter uma aparência delicada demais, até mesmo para um ômega. Isso até que uma das cuidadosas mais antigas Baoshan, o ensinou alguns golpes de auto defesa.
O que acabou sendo o motivo para ele ser transferido para outro orfanato ainda mais rígido e precário.

Teve o azar do filho da diretora esta acompanhando a mãe naquele dia, e se juntou ao grupo que fazia de seu passa tempo favorito, infernizar Xiao, psicológica ou fisicamente.
Colocando o ensinamento em prática, Xingchen se defendeu de um soco, torcendo de leve o punho do garoto, esse começou a chorar alto no instante seguinte.

Em poucos minutos, Xingchen estava de cabeça baixa, ouvindo a diretora furiosa o culpar por ter atacado e quase arrancado o braço do seu filho sem razão alguma, tendo todo o grupo de marginais mirins como testemunha, ele sequer teve oportunidade de se defender.
Baoshan ainda tentou aliviar a situação, mas recebeu apenas um aviso de demissão em resposta.

Foi dado até o dia seguinte para que o ômega com dez anos, fizesse as malas, o que poderia ser considerado uma piada de mal gosto, já que tudo que vinha para si com as doações, era roubadas no dia seguinte, portanto o garoto não tinha nada que lhe pertencesse.

Tendo se mantido acordado por toda a noite, com medo que o grupo viessem se "despedir", ele escutou claramente os passos no corredor, saindo do quarto que dividia com mais três crianças.

Baoshan o olhou sorrindo, o máximo de expressão que ele já vira nela, atrás dela vinham dois homens, alfa e beta, ele reconheceu por algumas características, como o alfa parecer uma montanha de tão alto e forte, e o beta exalava um cheiro fraco mas que causava efeito calmante.

MingJue observava a conduta de Xichen, trouxera o garoto para sua primeira missão não oficial, apenas para saber mais da personalidade alheia, mesmo que não fosse próximo da sua equipe, nem de ninguém no geral. Achava essencial saber se poderia confiar neles, afinal na maioria das vezes, dependia  disso para não acabar levando um tiro.

- Eles são do lugar que eu trabalhava antes, vão te levar, você não vai para aquele campo de tortura. - Baoshan jamais poderia permitir que o doce e generoso ômega, fosse para aquela casa dos horrores, ela sabia bem o que acontecia com as crianças lá. Afinal foi resgata de lá em coma.

- Eu vou ser adotado? - Seu tom incrédulo, fez Xichen se encolher por ter que desiludir a criança.
E MingJue parecendo saber do seu conflito, sequer se moveu, passando a responsabilidade para ele.

- Bem, você vai ganhar irmãos - Começou tentando aliviar a situação, mas MingJue o interrompeu, claramente insatisfeito.

- Colegas de bloco.

- E um quarto grandão só para você. - Continuou ignorando, MingJue lhe explicara antes que tudo era padrão, portanto os outros blocos eram iguais. Isso estava o ajudando um pouco, pensar que A-Zhan tinha uma cama confortável e comida na hora certa, mas ainda sim, seu maior desejo é se juntar ao mais novo.

- Novato? - Baoshan pergunta a MingJue, que bufa antes de afirmar.

- Vamos.

- Não temos que assinar papeis para leva-lo? - Xichen pergunta confuso.

- Não estamos o adotando, estamos o raptando.

Ele pega o pulso fino do ômega, que se despede rápido da cuidadora, e logo fica quieto no banco de trás do carro, mesmo com várias perguntas em mente, se contenta com as informações que capita na conversa dos dois que vão nos bancos da frente.

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