ELIZABETH CRANE
-Eu conheço essa expressão.
-Não tenho ideia do que estás falando, meu querido.
-Ora, minha senhora esposa, sei que está aprontando algo. -Daniel sorri e estende os braços quando Cameron se joga contra ele.
A gargalhada de nosso filho preenche o ambiente e Daniel lhe faz cócegas, fazendo Cam rir mais ainda.
Muito satisfeita com essa cena - e comigo mesma - ando com Cérbero até o sofá mais próximo de ambos. Cérbero se senta no chão, ao lado de Daniel e aos meus pés.
Anos atrás este mesmo homem disse-me que jamais se casaria e não teria filhos. Bem, agora ele está com o visconde de Lawfort em seus braços, sorrindo abobadamente um para o outro.
Mamãe sempre disse que os homens não têm ideia do que realmente precisam e posso afirmar com propriedade que ela nunca esteve mais certa.
Cam vai até uma pilha de brinquedos do outro lado do novo escritório de Lawfort Hall - sim! Finalmente conseguimos desfazer aquele antigo cômodo horrível e criar um novo completamente diferente. O marco de nosso começo, do recomeço de Daniel.
Percebendo que nosso filho se encontra concentrado demais com um pequeno balde e un cavalinho de madeira, Cérbero se deita no chão - cansado de sua prestação de serviços aos humanos desnecessários - e Daniel puxa minha mão, trazendo-me para seu colo.
-O que está tramando, minha senhora esposa?
-Uma carta de Harry chegou hoje, ele precisa que eu investigue um homem.
-Devo me preocupar?
-Meu capitão, você sabe que não há necessidade. - Cruzo meus braços em seu pescoço, não podendo esconder o sorriso - Não é nada arriscado, apenas reunião básica de informações.
-Pergunto como ainda não trabalha como agente da Coroa.
-E abrir mão de meu belo marido e nosso filhinho? Não, obrigada. Estou muito bem aqui.
-Tens habilidade para muito além das fronteiras de Lawfort.
-Não estou confinada aqui, meu amor. Fico em nossa casa porque não me interessa tantas festas ou visitas da sociedade. Gosto de estar com vocês e quando busco por mais emoções visitamos meus pais. Há emoção maior que passar duas semanas de férias com Charlotte?
-Ainda pergunto-me como ela conseguiu roubar o sofá de nosso quarto durante a noite. Você tem o sono mais leve que já vi.
-Minha irmã não é humana, todos sabemos disso.
-Preciso concordar, mas é bom lembrar que Charlotte parece muito com sua mãe.
-O que torna tudo mais assustador. -, Sorrio e estalo os dedos, chamando atenção de Cam, que caminha sorridente até nós.
Abraço meu filho, acariciando seus cabelos castanhos como os do pai, seus olhos cor de esmeralda brilhando de alegria.
-Ele está crescendo rápido demais. - Daniel comenta preocupado, não parecendo ligar por manter sua esposa e filho no colo.
-Infelizmente é o ciclo da vida. - Brinco com o cavalinho, causando uma risada em Cameron - É bom aproveitar os pequenos momentos.
-Não estou pronto para vê-lo ir à escola.
-Levará alguns anos para isso, meu amor. Você o protege demais, é bom que a criança se suje, alguns arranhões e machucados fazem parte da infância.
-Não quero vê-lo machucado.
-Não será nada grave, querido. Deixe-o viver um pouco. - Acaricio suas cicatrizes - Temos algo a falar também.
-O pedido de Harry exige algum tipo de viagem?
-Não, temos outra coisinha.
-Que coisinha? - Olha-me desconfiado.
-Bem, nossa família é pequena, você, eu, Cameron e Cérbero, mas suspeito que haja um novo integrante a caminho.
-Elizabeth... Você...
-Ainda é cedo para falar, entretanto estou atrasada novamente.
Seus olhos castanhos crescem ao ponto que pergunto-me se pularão para fora de seu rosto. A cor fugiu de sua face e os únicos sons da biblioteca são as brincadeiras de Cameron e a respiração ruidosa de Cérbero.
Se Daniel não se mexer ou ao menos demonstrar que está respirando pegarei Cameron nos braços e correrei para longe clamando por ajuda.
-Daniel? Querido?
-Teremos outro bebê.
-Teremos.
-Eu mal sei cuidar de Cameron.
-Capitão, não diga besteiras. És o melhor pai do mundo e continuará sendo.
-Teremos outro bebê.
-Teremos, querido.
-Meu amor, isso é incrivel!
Daniel dá-me um sorriso gigante, a belíssima mexa rebelde cai sobre seus olhos e a afasto delicadamente.
-Você é tão lindo, Daniel.
-Amo-te, Lilibeth.
-O amo também, Cap. Muito mesmo.
Tudo o que conseguimos fazer foi um beijo casto antes que Cameron resmungasse e se jogasse entre nós, tentando afastar o pai de mim.
-Cameron parece seus irmãos. - Daniel resmunga e não contive minha gargalhada.
-A julgar por Cameron ter apenas meus olhos, enquanto todo o resto é igual a ti, parece-me justo que ele tenha traços da minha família.
-Não comentarei sobre isso, parece-me o sensato a fazer. - Sorri maliciosamente - Conte-me sobre o pedido de Harry.
-A carta foi escrita dois dias atrás. Meu querido e idiota irmão decidiu se casar sem nos preparar antecipadamente.
-Harry D'Evill está casado?
-Sim, com a garota que Victoria ajudou outra noite.
-Estou lembrado. A irmã do barão, certo?
-Sim, o barão morreu e o filho de nove anos herdou o título. Ao que parece a jovem em questão conquistou meu irmão e ambos se casaram.
-Como puderam casar tão depressa? Fizeram-nos esperar por um mês antes quue nos casássemos.
-Victoria estava grávida, é compreensível a nossa demora.
-Eles me bateram!
-Meus irmãos não são melhores que animais selvagens. Com todo o respeito, Cérbero.
O cachorro apenas pisca para mim, com sua eterna expressão de tédio.
-Eu não posso discordar.
-Não é o importante, capitão. Agora preciso investigar tudo o que puder sobre a história da família Thoperton e todos os membros vivos da família.
-É certo que não estás te metendo em nada perigoso, meu amor?
-Certíssimo. Não há nada com o que se preocupar. De qualquer forma, aproveitarei a chance para investigar tudo o que puder sobre essa garota.
-Elizabeth...
-Querido, não posso admitir que uma completa desconhecida se junte a família. Não sabemos nada sobre a garota. Pode ser um perigo!
-Se seu irmão casou-se com ela, não creio que seja um perigo.
-Amor, você não entende as mulheres! - Limpo algumas partículas invisíveis de poeira em seus ombros -Espere até mamãe e Charlie souberem das novidades.
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Conde Tentador - Os D'Evill 04
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! As responsabilidades obrigaram Harry D'Evill, o novo conde de Wendwood, a isolar-se em sua propriedade. Harry gosta da sensação de paz e calma...