Capítulo 21

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LUISE D'EVILL

-Eles causaram muito? - Grace pergunta e Margot solta uma risada alta.

-Estão perfeitamente comportados. Alice vem enchendo Edmund de perguntas, mas ele as responde com paciência.

-Alice está na fase dos "porquês" de tudo. É muito curiosa e desconfiada, não preciso dizer que tem o gênio do pai, certo?

-Como são os D'Evill em relação a gravidez? - Quando dei por mim, a pergunta já havia saído de minha boca e senti-me tola no instante em que as palavras reverberaram no ar.

-Protetores, um tanto paranóicos. - Grace sorri de maneira nostalgica e Margot nem ao menos deu-se ao trabalho de disfarçar o riso - Vejo que Tony está mais tranquilo na segunda gestação. Quando esperávamos por Alice eu não ficava sozinha por um único instante, Tony tinha medo que algo ruim ocorresse.

-Vocês não viram a gestação de Olívia. -Margot ri novamente, balançando a cabeça recordado de boas lembranças - Enquanto esperava por Anthony, Thomas praticamente parou sua vida, dizia que Olívia precisava de constante vigilância. À medida que as outras gestações ocorreram eles relaxaram, ao menos até Elizabeth.

-O que houve? Por que até Elizabeth?

-A gravidez de Charlotte fora uma verdadeira surpresa. - Margot guia os olhos bem treinados para Alicr e Edmund, ocupados demais com seus brinquedos para prestar atenção em nossa conversa - Olívia teve certas complicações. Precisou passar todos os meses deitada, lutando para segurar a criança. Por isso há uma diferença notável de anos entre Charlie e o restante de seus irmãos. Anthony já tinha quatorze anos quando ela nasceu.

-Não tinha ideia disso. Harry nunca comentou nada.

-Eles raramente comentam, não é um assunto bom de ser lembrado. Creio que nem mesmo Charlotte saiba desse detalhe. Para nosso alívio o médico disse que nunca fizeram um parto tão facilmente e nunca havia visto um bebê tão saudável.

-Nada consegue parar Charlotte. - Grace brinca e todas sorrimos.

-Os melhores momentos de minhas crianças aconteceram nesta casas, senhoras.

-Por que não nos conta algumas histórias, Margot? - Sugiro com minha melhor cara de inocente - Prometemos que não contaremos a ninguém mais.

-Exatamente! Tenha bondade com esta pequena grávida. - Grace acaricia sua barriga.

-Pois não contarei de todos, contenham-se com as histórias de seus maridos.

-É o bastante! - Concordo.

-Anthony já lhe contou sua reação ao receber seu primeiro cavalo?

- Não. - Grace balança a cabeça - Para ser justa nunca pareceu-me necessário perguntar.

-Eu digo que nosso querido homem corajoso gritou o correu para o lado oposto quando viu o pequeno pônei cor de mel. Levou algumas horas para que Thomas o convencesse a montar. Ao final daquele dia Tony havia batizado o cavalo de Anthony II.

-Minha nossa. - Gargalhamos por um bom tempo e Grace tenta conter as lágrimas que escapavam de seus olhos antes de prosseguir sua fala - Eu consigo imaginar Anthony criança, emburrado enquanto era obrigado a subir no cavalo.

-A realidade não foi muito diferente. Agora vamos ao Harry. O erro de Thomas foi lhe presentear com um cavalo branco.

-Por quê?

-O pestinha escapuliu de casa durante a noite e ao amanhecer seu cavalo, Pirata, estava completamente sujo de aquarelas. Harry o havia usado como uma tela gigante e pintou paisagens aleatórias em seu pelo. Não preciso dizer todo o trabalho que tivemos para limpá-lo, certo?

-Não acredito que Harry tenha feito isso! - Gargalho novamente.

-Oh, acredite! Harry ainda ousou esconder suas roupas sujas de tinta no quarto de Anthony para incriminá-lo.

-Pobre de meu marido. Os irmãos o enlouquecem desde sempre. Agora entendo porque Anthony é do jeito que é.

-Seja lá sobre o que estão falando eu garanto que é mentira! - Anthony alega ao entrar na sala azul, onde estamos tomando chá.

Suas roupas já não pareciam tão aristocráticas. Seu colete estava aberto, as mangas de sua camisa dobradas até os cotovelos, suas calças e botas sujas de lama. Meu marido não estava muito diferente, com a pequena distinção de seus cabelos parecerem úmidos.

Céus, eu amo seus cabelos.

-Estive contando um pouco sobre vocês as suas esposas. - Margot toma um gole de seu chá, sua postura ereta e elegante - Parece-me justo avisá-la sobre com quem estão casadas.

-Margot, pensei que nos amasse! - Harry cruza os braços e no instante seguinte estou babando por ele. O homem consegue ser atraente fazendo o mais banal dos movimentos.

-Eu os amo, mas pedirei esfregões para que limpem a sujeira que fizeram com toda essa lama. Vejam os tapetes, estão arruinados! - Põe sua xícara na mesa de centro e se levanta - Vocês deveriam ter percebido que são adultos agora, não mais crianças com permissão para brincar com os porcos.

-Não seja tão dura conosco, Margot. Estávamos ajudando...

-Os arrendatários, sim, eu sei. Ainda não entendo como estou aqui. Eu deveria ter ido para longe muitos anos atrás. Quem sabe viver com meu filho e sua esposa do outro lado do país? Os D'Evill me estressam demais.

-Você não nos abandonaria. Sem ti estaríamos perdidos.

-Estou ciente disso. É por isso que não os deixei ainda, imagine o estado que ficaria essa casa? Não, não mesmo. Tenho trabalho a fazer.

-Prometo cuidar de Harry e garantir que se comporte o mais perto possível de um ser humano. - Anthony estende a mão para cima, palma para frente como se estivesse jurando algo.

-Eu não confio em vocês. - Margot bufa -Tenho de verificar o movimento na cozinha. Vocês dois tratem de se limpar.

-Sim, senhora. - Respondem em unissono.

-E Harry. - Margot volta a chamar.

-Sim, meu amor?

-Estás proibido de sair desta casa para trabalhar hoje. Como seu irmão e sua cunhada estão o visitando, comporte-se.

-Nunca pensei o contrário, querida Margot.

-Você mente muito mal. - Balança a cabeça - O almoço sera servido em breve, ocupem suas vidas até lá e me apareçam limpos.

Dito isso Margot evapora da porta, sumindo como em um estalar de dedos. Tony e eu não ousamos nos aproximar dos sofás, por isso nos mantivemos de pé.

-Sobre o que estavam falando? - Pergunto.

-Assuntos femininos, querido.

-Não acredito em ti.

-Eu concordo com ela. - Grace fala - E não é certo desconfiar de uma mulher grávida.

-Exatamente! - Anthony diz - Não desconfie dela.

Conde Tentador - Os D'Evill 04Onde histórias criam vida. Descubra agora