Capítulo 27

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HARRY D'EVILL

-Harry! - Margot entra no escritório após ter sua entrada autorizada, seu rosto expressando espanto - Deus, Harry, apresse-se.

-O que foi, Margot?

-Há um homem na porta, disse que é lorde Thoperton. Exige falar com a sobrinha.

-Eu sabia que ele chegaria cedo ou tarde. - Me levanto de minha cadeira, sendo seguido por meu pai, meu irmão e Isaac - Estou indo, Margot. Não permita que ele entre até que eu esteja lá.

-Sim, senhor. - Se retira do escritório, deixando-nos sozinhos.

Pouco antes do jantar nos reunimos para conversar sobre nossa ferrovia, estamos ampliando os horizontes, fechando novos contratos, renovando outros e expandindo nossa zona de influência. Recentemente iniciamos um debate sobre exportar nossos serviços para países vizinhos, o negócio está mais rentável que nunca.

Senti-me confortável o suficiente para deixar Luise quando em meio as muitas linhas de conversa na sala, ela e Charlie sentaram no mesmo sofá e começaram a conversar entre si. Em algum momento Grace juntou-se a elas e não demorou muito para que as mulheres estivessem tendo uma conversa estranha, com guinadas repentinas nas mais diversas direções.

-Vamos, faz certo tempo que não assusto ninguém! - Meu pai segue na direção da porta sem preocupar-se em desdobrar as mangas de sua blusa dos cotovelos. Com os passar dos anos meu pai fez questão de exercitar-se e manter seu porte atlético, claro que acabou por ganhar mais músculos, porém a única coisa que delata sua idade são os cabelos grisalhos nas têmporas, dependendo da iluminação não se consegue distinguir do loiro e o homem aparenta a idade de Anthony.

Assustador, mas uma meta de velhice.

-Não quero que Luise saiba de sua presença, ao menos não hoje. - Balanço a cabeça e os olhos - Ela está se divertindo hoje, não quero causar uma cena.

-Onde está o garoto? - Anthony pergunta.

-Foi levado para a área infantil com as outras crianças, elas estão agitadas hoje, jantarão juntas.

-Então chamamos Charlotte e lhe pedimos para fazer uma distração. - Isaac sugere.

-Farei isso agora mesmo.

-Iremos na frente falar com o homem. - Meu pai anuncia e sai do escritório, sendo seguido por meu irmão e cunhado.

Por sorte a sala de visitas onde as mulheres da família estão reunidas é na parte traseira da casa, com vista para os jardins traseiros. Sigo até lá e consigo ser discreto em atrair a atenção de minha irmã caçula para fora. Permaneço escondido no corredor enquanto escuto Charlotte inventar uma desculpa qualquer para sair dali.

-O que aconteceu? - Pergunta com a voz baixa, minha pequena diaba sabe quando seus serviços são necessários.

-O tio de Luise está aqui e vamos expulsá-lo, não quero que Luise perceba o que está acontecendo.

-Eu devo distraí-la?

-Exatamente.

-Sabe que meus serviços são caros, não sabe?

-Caros, mas eficientes. Por favor, estou desesperado.

-Pretende esconder dela sobre a visita do tio?

-Duvido que ele desista esta noite, estou ganhando tempo para conversar com ela mais tarde, quando todos estiverem recolhidos em seus quartos. Ela está se divertindo com vocês, não quero estragar isso.

-Espero mesmo que conte a ela ainda esta noite.

-O farei, estou prometendo.

-Ótimo, lhe enviarei o custo de meus serviços depois.

-Dou-lhe quantos chocolates você quiser, apenas salve-me disso.

-Não estou cobrado chocolates, desta vez será em dinheiro, mas como eu disse, enviarei a conta depois, preciso de uma estimativa de dificuldade de ação. Não creio que sairá tão caro assim, mamãe está tentando convencê-la a fazer um baile campestre para comemorar o casamento e anunciá-la como Condessa de Wendwood.

-Não poderei anunciá-la se o tio dela estiver como minha sombra.

-Tudo bem. - Suspira derrotada.

-Obrigado.

Charlie se vira para a sala novamente, um sorriso enorme em seu rosto. A garota é tão convincente que eu mesmo acreditaria em sua encenação.

-Luise, estive pensando, sobre as flores para o baile...

Saio dali o mais rápido que posso e encontro Margot no caminho, pedindo-lhe para mantar os empregados longe da entrada enquanto estivermos lá. Assim que ela concorda corro para encontrar meu pai encarando um homem do alto de minha escadaria de entrada, os braços cruzados e um olhar firme no rosto. Anthony e Isaac estão parados ao seu lado, não parecendo muito receptivos também.

-Quem é o senhor?

-Sou Félix Thoperton, és o conde de Wendwood?

-Eu mesmo.

-Ouvi que estava com a minha sobrinha.

-Sim, ela vive aqui, mas o senhor não falará com Luise hoje.

-Minha sobrinha e meu sobrinho estão aqui, imagino que o senhor não saiba, mas Luise é dada como procurada por sequestro. Estou aqui para reivindicar a guarda de meu sobrinho, o barão.

-Isso não será possível. - Cruzo meus braços - Se deseja falar com ela, volte amanhã, hoje o senhor não encontrará nenhum dos dois.

-Ora, isso é um ultraje!

-Preciso lembrá-lo que o senhor está em minhas terras? Invadindo a minha propriedade?

-Não estou invadindo.

-Entrar em meus domínios sem minha permissão seria o que? Pela lei estou livre para atirar no senhor se assim me parecer, não queremos esse tipo de incidente por aqui, não é? Ótimo, foi o que pensei. - Sinto um lado de minha boca repuxar em um rápido sorriso - Como eu disse, senhor Thoperton, se deseja falar com ela retorne amanhã.

-Diga a Luise que estarei hospedado na hotelaria do vilarejo e que me encontre para discutirmos toda essa situação.

-Vejo que o senhor não entendeu. Se deseja lhe falar encontrará com aqui, onde posso vigiá-los. Ela e o barão são meus convidados e protegidos, eu diria que é inadequado deixá-los em risco, não acha?

-Crês que presento perigo aos meus sobrinhos?

-Não sei, diga-me o senhor.

-Pois eu não vim até aqui para ser insultado, Vossa Graça. Saiba que retornarei amanhã sim e se Luise recusar a minha receber retornarei com o magistrado.

-Ótimo, estaremos mais que dispostos a falar com ele. - Sorrio diabolicamente - A propósito esta é minha família, meu pai, lorde D'Evill, Marquês de Brightdown; meu irmão, visconde de Brightdown e meu cunhado, lorde Hinxtone, Duque de Brandford. Não esqueça de comunicar ao magistrado que estaremos ansiosos por sua visita.

Por alguns segundos Thoperton pareceu desconcertado antes da fúria dominar seu rosto e ele marchar de volta até seu cavalo, rapidamente o montando e saindo de nossa vista. Bastardo.

-Ele não vai descansar até conseguir o que quer. - Isaac diz.

-Bem, ele pode tentar. - Anthony dá de ombros - Estaremos esperando.

Conde Tentador - Os D'Evill 04Onde histórias criam vida. Descubra agora