Conde Tentador - Os D'Evill 04

Capítulo 18

HARRY D'EVILL

-Dê-nos um momento, logo os encontraremos na biblioteca.

-Certo. - Anthony concorda desconfiado, pegando Alice nos braços e retornando para onde quer que tenha vindo.

-Sua família sempre aparece assim? - Luise pergunta quando abro a porta do quarto, nos guiando para dentro do cômodo.

-Por que não? Não somos do tipo que escondem coisas uns dos outros. Ainda que eu tentasse esconder, minha mãe estaria me caçando pelos campos.

-O que falaremos ao seu irmão?

-A verdade. De certo com sua permissão, a história não é minha para que compartilhe os detalhes.

-Tornou-se sua também no momento em que nos casamos.

-Não compreendeste o que estou dizendo. Posso contar sobre nossa vida depois de casados, mas tudo o que passou antes não é de minha propriedade. Minha família pode nos ajudar, contudo faz-se necessário que saibam da história completa.

-Desde que vim parar aqui?

-Exatamente, talvez até antes. Não te preocupes, não falaremos sobre seu envolvimento com Rodwell, mas teremos de falar sobre seus antigos planos de parceria com seu tio.

-Tudo bem, posso fazer isso. - Acena nervosa.

-Não fique nervosa, minha cunhada estará conosco. Com ela presente é mais fácil que meu irmão comporte-se como um ser humano.

Seu corpo relaxou visivelmente e seu suspiro audível dominou o silêncio do quarto. Ofereci meu braço - que ela prontamente aceitou - e seguimos juntos até a biblioteca, um caminho um tanto longo a julgar pela pequena estatura de minha esposa, eu não poderia dar passadas decentes.

Assim que entramos meu irmão estava beijando sua esposa, esperando por nós entre o par de sofás e o centro de mesa na biblioteca. Obriguei-me a arranhar a garganta para que notassem nossa presença e Tony ainda ousou afastar-se de sua mulher aos resmungos.

-Não poderiam demorar mais um pouco? - Pergunta aborrecido, usando seu corpo para cobrir o de sua esposa, que a esta altura já estava vermelha como um tomate.

-Esta é a minha casa e vocês deveriam se controlar.

-Duvido que você se controle, irmão. - Dá-me um sorriso malicioso quando acomodo Luise em um dos estofados, sentando-me ao seu lado.

-Onde está Alice, seu idiota?

-Margot está cuidando dela. - Grace fala tomando um pouco mais de fôlego, a vermelhidão de seu rosto dissipa-se um pouco e Tony continua a ostentar um enorme sorriso no rosto. O bastardo adora os ruboresces de sua esposa, levando em conta que Grace é a pessoa mais tímida que já conheci, Anthony está em seus próprio paraíso.

-Ela também disse que cuidaria de Edmund. - Tony complementa - Suponho que este seja o barão perseguido, não?

-O quanto sabe sobre isso?

-Não acha que as apresentações deveriam ser feitas antes de começarmos a falar de negócios, Harry?

Não pude conter a bufada e os revirar de olhos. Por mais que eu queira lhe responder, sei que está certo e Luise deve estar assustada com toda a interação. Todavia, um pouquinho de acidez não faz mal a ninguém.

-Eu teria apresentado antes se não estivessem às agarras em nossa biblioteca. - Dou-lhe um sorriso malicioso, vendo o rubor de Grace aumentar consideravelmente - Querida, estes são Anthony e Grace D'Evill, visconde e viscondessa de Brightdown. Para os íntimos, também conhecidos como meu irmão e cunhada.

-É um prazer conhecê-los. - Deu-lhes um ótimo sorriso simpático, apesar de seu nervosismo palpável.

-Tony, Grace, esta é Luise D'Evill, minha esposa e tia do atual barão de Greenten.

-Diga-me, Luise, devo me preocupar com seu sobrinho perto de minha filha?

-Anthony! - Grace o golpeia no braço - Modos! Estás assustando a moça.

-Não estou assustada. - Luise tentou soar convicta, mas falhou miseravelmente. Meu irmão lhe deu um sorriso amplo enquanto tomava a mão da esposa na sua.

-Veja bem, posso sentir sua tensão daqui. Eu já teria lhe oferecido uma bebida para acalmar os nervos, porém meu quero irmão as mudou de lugar desde a última vez que estive aqui.

-Não será necessário, obrigada. Eu não gosto de beber.

-Uma pena, não sabe o que perde.

-Voltemos ao que temos de falar.

-Certo. -Tony acomoda-se confortavelmente no sofá, trazendo sua esposa ainda mais para perto. Como é fisicamente possível? Não sabemos - Mamãe está puta e papai surpreso. Sempre esperamos as maiores surpresas de Charlotte, quero dizer, ela é uma meliante desde que me lembro, mas um casamento secreto? Nem mesmo ela ousaria irritar nossa mãe a tal ponto. Agora me contem, o que diabos aconteceu para se casarem tão depressa.

-Gostaria de contar, querida? - Pergunto baixo para Luise, seu corpo tenso como uma tábua de madeira, mas ela acena e foca seus olhos no casal diante de nós.

-Meu tio elaborou um plano com alguns serviçais de nossa casa para que simulassem um grande assalto e matassem meu sobrinho. Felizmente seus planos chegaram aos meus ouvidos e sabendo quando eles pretendiam atacar, fugi com Edmund na madrugada anterior. Corremos para a propriedade mais próxima em busca de ajuda e foi quando encontramos o duque e a duquesa.

-Imagino que Isaac não tinha a expressão mais amistosa no rosto? - Grace brinca e consegue tirar um pequeno sorriso de Luise, fazendo-a relaxar um pouco, sentindo-se confortável com a presença de minha cunhada.

-Certamente que não, mas quem estaria feliz por dois estranhos batendo a sua porta na madrugada? Enfim, eles foram muito prestativos, nos deram alimento e um lugar para descansar enquanto a duquesa fazia preparativos para nossa viagem a um lugar seguro.

-Sabiam que seriam mandados para cá? - Tony pergunta.

-Não, a duquesa não nos disse, apenas entregou-me uma carta e pediu que eu a repassasse para meu abrigador.

-É nessa parte da história que eu apareço. - Sorrio e Tony revira os olhos, Luise me olha como se pedisse que eu desse continuidade e é assim que faço - Pulemos os detalhes, não são importantes. O que precisam saber é que me encantei por Luise e ela por mim, seu tio planejava entrar com pedido na corte pela guarda de Edmund e Luise estaria em desvantagem, mesmo que o irmão tenha deixado o filho sob seus cuidados, ela ainda era solteira e infelizmente não teria grandes chances.

-Então a propôs em casamento.

-É claro, achas mesmo que eu deixaria esta mulher escapar? Estou vivendo meu próprio paraíso só não está inteiramente completo porque preciso me livrar do tio dela.