Charlotte e Henry percebem que podem ser mais do que ousam ser.
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Charlotte não queria acordar, estava bastante confortável na cama macia e quente em que se encontrava, conseguia sentir o tecido suave por baixo de seu corpo e o lençol macio que a cobria. Inspirou profundamente o perfume do amaciante que saía do travesseiro e rolou para o outro lado sentindo um braço forte a apertar pela cintura, primeiro sinal de que algo estava errado.
Abriu os olhos de súbito dando de cara com um peito branco e conhecido, inclinou a cabeça para cima rezando para todas as entidades que pudessem existir que quando encarasse o rosto que dormia sereno, não fosse o rosto dele. Segundo sinal, reconheceria a pequena pintinha no queixo a qualquer momento, resolveu criar coragem e encarar de vez o rosto daquele que dividia a cama com ela. Ele parecia tão calmo e tranquilo, sem as preocupações diárias que o trabalho o trazia, parecia outra pessoa e ela adoraria passar o resto da manhã somente observando os traços de seu rosto, a curva suave de seu sorriso, a forma como suas pálpebras se movimentavam em meio ao sono, mas não poderia.
Quis lutar contra a quase irresistível vontade de permanecer ali entre os braços dele, mas eles haviam feito um acordo, um acordo antigo, mas ainda assim um acordo. Prometeram nunca mais passarem a noite juntos ou a amizade que tanto cultivavam não iria sobreviver, os dois já haviam perdido muito em suas vidas e não queriam abrir mão do outro por uma atração que ainda iria explodir na cara deles. Ela deveria ter ido somente visitá-lo, era para ser mais uma visita sem pretensões e não um convite para a cama dele! Mas parece que os dois não sabiam se controlar quando estavam sozinhos sob o mesmo teto.
Charlotte soltou um gemido inconformado e sentiu seu corpo balançar ao ritmo da risada silenciosa dele, estreitou os olhos em direção à ele e tentou se afastar, mas provalemte ele esperava por isso e portanto a apertou ainda mais contra o seu corpo. Terceiro sinal, não conseguiria se controlar se ele a mantivesse tão perto quanto estava no momento.
- Mesmo de olhos fechados eu consigo ver sua mente a mil por hora.
- Isso não é engraçado, Hart.
Resmungou indignada, ele não estava levando a situação a sério e isso a estava fazendo ficar irritada logo tão cedo pela manhã. Henry somente riu ainda mais e beijou o topo da cabeça dela, Charlotte tentou não se derreter por aquele gesto e o empurrou delicadamente para que ficassem cara a cara.
- Precisamos conversar. - decretou séria o vendo assentir. - Isso. - parou, apontando para os dois. - Tem que parar em algum momento.
- E se eu não quiser que pare?
A pergunta dele a pegou de surpresa, o encarou sem saber o que falar, se ele estivesse brincando ela iria matá-lo, mas ao olha-lo bem, conseguia ver que Henry estava mesmo falando sério.
- Como assim? - precisava de mais explicações.
- Char. - o apelido dito de uma forma tão carinhosa a desarmou um pouco. Henry aproximou seu rosto do dela até que seus narizes estivessem se tocando, então começou a falar de uma maneira tão intensa que ela não teve escolha a não ser escutar. - Vivemos nessa confusão há anos, prometemos que não iríamos acabar com nossa amizade por uma noite de sexo e não acabamos com nada. Na verdade, eu acho que começamos algo porque eu não consigo mais me ver longe de você. É uma tortura não estar ao seu lado, não sentir você perto de mim, ter que te dar boa noite há mais de mil quilômetros de distância sem poder te beijar. Eu estou completamente apaixonado por você e acho que já passamos do tempo de ficar fugindo um do outro.
- Eu não fujo de você. - rebateu impaciente, mas logo um singelo sorriso se formou em seu rosto. - Eu nunca quis fugir de você, só achei que talvez você não quisesse o mesmo que eu.
- E eu pensei que era você que não queria o mesmo que eu. - afirmou, estreitando os olhos em uma falsa acusação. - Parece que somos péssimos na parte da comunicação.
- Acho que podemos melhorar, na verdade temos que melhorar. - falou rindo.
- Jasper tinha razão, somos duas pessoas que complicam o incomplicável.
- Não precisamos mais ser.
Henry a abraçou forte e Charlotte enterrou seu rosto na curva do pescoço dele, sentia as batidas do coração do Hart se mesclarem as suas.
- Ainda não ouvi você dizer. - ele sussurrou em seu ouvido e ela tentou se fazer de desentendida.
- Dizer o quê?
- Você sabe muito bem o quê, Charlotte. - afirmou meio indignado, o que a fez rir ainda mais contra o seu corpo.
Depois de se recuperar e conseguir voltar a respirar normalmente, a Bolton afastou a cabeça para olha-lo diretamente quando soltou de seu peito o que há muito tempo estava guardado.
- Também estou apaixonada por você.
O sorriso dele poderia iluminar todo um céu e a forma como seu coração esquentou quando Henry começou a distribuir beijos por seu rosto a fez ter a certeza de que eles estavam mais que apaixonados. Eles eram realmente mestres na arte do incomplicável.
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