24. Repentinamente, não é, Henry?

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Charlotte esticou suas pernas por cima do colo de Henry, se recostou nas almofadas do sofá, soltando um suspiro satisfeito antes de abrir o documento onde se encontrava o quadro de atividades que compartilhava com o Hart.

- Vamos começar? - perguntou ao vê-lo se preparar para ligar a TV.

Henry a encarou de soslaio, desistiu do filme que iria começar a assistir e assentiu meio emburrado.

- Não sei porque temos que passar esse fim de ano em tantos lugares, não podemos só ir pra casa dos meus pais e visitar quem estiver por perto?

- Também queria fazer isso, mas assim que descobrirem sobre a Allie, nunca vão nos deixar em paz. - declarou, tombando a cabeça para trás e escutando somente o silêncio vindo de um dos quartos. - Eu estou com saudade da minha família e sei que você também está da sua.

- O vovô sempre quis um bisneto, ele vai surtar quando ver ela. - comentou sorrindo. - Mas, Char, ela ainda é tão pequena, não tem nem um mês direito e eu meio que... - parou meio preocupado, não queria expor a Allie a muitas pessoas, principalmente depois de passarem por outra pandemia.

Quando avisaram sobre o lockdown, Charlotte e Henry haviam acabado de se mudarem para o novo apartamento e coincidentemente haviam descoberto sobre a gravidez recentemente. A Bolton estava com quatro meses, tinham decidido adiar um pouco a notícia para a família e quando a nova pandemia apareceu e todos tiveram que ficar trancados novamente, postergaram a notícia até que Allie nasceu. Tudo havia ocorrido mais rápido daquela vez, o lockdown só durou seis meses, tempo necessário para Allie vim ao mundo e a vacinação ter sido realizada em uma velocidade bem maior.

- Estão todos imunizados, vamos tomar cuidado e sei que eles vão respeitar nossa decisão. - tentou tranquiliza-lo, apertando sua mão para que ele a encará-la. - Nós escondemos a Allie de todos, Hen, a gravidez inteira. Eles já vão ficar extremamente irritados por não temos contado, imagina se não deixarmos eles a virem também?

- Eu sei, mas não falamos antes porque foi tudo uma loucura. Tínhamos acabado de começar a morar juntos, nos acostumando com os novos empregos e com a nova cidade, então você apareceu grávida...

- Repentinamente, não é, Henry? - interrompeu irônica o fazendo gargalhar.

- Exatamente. - concordou, arrancando uma risada dela. - Nós ficamos uma bagunça, Char, ainda lembro dos dias que você passava dormindo porque não conseguia ficar acordada direito.

- Não sinto falta desses dias também, mas até que sinto saudade das horas de sono. - admitiu, bocejando alto e sentindo o cansaço do dia pesar. - Mas não tem desculpa, mesmo que tenha sido mais calmo não ter ninguém telefonando a cada hora, querendo fazer exames estranhos, discutir cada pedacinho da minha gravidez ou inventar de vim pra cá me ajudar.

- Esse foi o outro ponto que nos fez ficar calados.

- Mas voltando ao assunto, podemos só dar passadas rápidas na casa de todos e depois ficar só em Swellview. - propôs, recolhendo suas pernas e as cruzando abaixo do corpo.

- Ela não tem nem um mês, fico preocupado porque a imunidade dela ainda está muito baixa.

- Eu entendo, meu amor, a solução é realmente só passar pra dar um oi ou...

- Ou fazer um desfile! - interrompeu animado, recebendo um olhar receoso por parte dela, Charlotte sempre estava com um pé atrás sobre as ideias dele, mas não tinha culpa se uma ou dez haviam dado errado antes. - Podemos colocar ela dentro de uma cesta, decorar ao redor e pedir pra todos formarem uma fila enquanto só passamos com ela como em um grande desfile.

- Eu... você passou muito tempo pensando nisso, não foi? - perguntou sorrindo e rindo alto quando ele assentiu energicamente.

- Pensa um pouco, vai ser incrível e ninguém precisa tocar nela.

- Vamos terminar essa conversa amanhã, pode ser? Aí vemos com mais calma o que vamos fazer. - propôs, estendendo a mão para ele que aceitou a proposta. - Agora, o que vamos fazer? Allie está dormindo tranquilamente e temos que aproveitar esse momento.

- Que tal colocarmos um filme pra gente dormir nos cinco primeiros minutos? - sugeriu rapidamente, trocando um high-five com ela.

- Vou pegar uma coberta mais macia. - avisou, pulando do sofá em direção ao quarto enquanto Henry selecionava o filme mais entediante que conseguia encontrar.

Enquanto os dois se preparavam para uma boa soneca, a bebê rechonchuda dormia calmamente, suas pálpebras tremeluzindo enquanto sua mãozinha agarrava o tecido do pijama que usava. O quarto escuro, iluminado apenas pela luz da sala que atravessava a porta entreaberta, permitia uma tranquilidade que a faria dormir por mais vinte minutos antes dela acordar choramingando à procura da mãe.

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