Capítulo. 7🌹

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Marcas do Passado

Elisângela Narrando

__Elisa vem aqui você não vai conseguir escapar.-A voz do Flávio ecoo bem atrás de mim.

__SOCORRO.

__Cale essa boca ninguém vai te ouvir e para de tornar as coisas mais difíceis.-Tentei abrir a porta mais não consegui.

     Uns minutos atrás nós estávamos a conversar e de repente o Flávio começou a me tomar a força, com medo dei-lhe com uma garrafa na cabeça, agora ele não para de me dar corrida.

__Já estou sem paciência, pára ali Elisângela.-Não o ouvi corri no corredor que dá acesso aos quartos e banheiro, sem saída. Me encolho na porta tentando controlar minha respiração que parecia que em alguns minutos  meu coração sairia pela boca. Flávio acertou sua mão na minha bochecha, o estalo ecoo por toda a casa,senti como se metade da minha bochecha colasse na palma da sua mão.

__Hoje você vai ser minha,querendo ou não.

     Me arrastou pelo braço até o seu quarto, e me jogou na cabeça, enquanto ele tirava suas roupas eu me apressei em levantar e novamente senti sua mão pesada no meu rosto. Subiu na cama e ficou por entre as minhas pernas, segurou minhas mãos com força e tentou me beijar mais eu me debatia, balançando a cabeça freneticamente. Flávio era mais forte que eu, cedo ou tarde eu ficaria sem forças, cansei de tentar fugir e fiquei estática deixando que ele fizesse com o meu corpo o que  quisesse.

     O homem que até minutos atrás era meu namorado, me viola tão brutalmente. Foram 3 anos de namoro e o sem vergonha fazia juras de amor dia apois dia, e hoje, hoje me trata dessa forma. Não me lembro em que momento ele parou, acordei e estava pelada. A porta do quarto se abriu e ali estava ele,apenas de calça.

__Vista-se antes que a gente repita tudo.-Demorei 5 minutos pra perceber o que ele dissera. Levantei sentido todo meu corpo doer e procurei pelas minhas roupas, vesti com pressa e passei por ele que me analisava.  Abri a porta e comecei a andar sem olhar para os lados, só queria chegar na minha casa.

     As ruas estavam escuras, as únicas iluminações era dos postes e das lâmpadas de algumas casas. Da casa do Flávio até a minha é preciso um táxi, mais não foi preciso um. Corri desesperadamente, corri, corri e corri. Meus pés doíam tanto.

      Ao longe vi minha rua,que estava bem movimentada,quando as pessoas me viram chegar não desgrudaram os olhos de mim. Bati a porta com tanta força que um dos meus irmãos abriu a porta soltando tantos palavrões,logo atrás vi minha mãe. Eles perguntavam o que aconteceu mas eu não conseguia responder. Entramos no quintal e apaguei.

      Quando acordei,já estava na sala e toda família reunida, cada um fazia especulação do que acontecera, mas eu não conseguia dizer aquilo em voz alta, foi então quando minha mãe chutou e eu aumentei o choro confirmando o que perguntou. Todos ficaram indignados, e eu extremamente envergonhada.

     Fui tomar um banho, só ali percebi o quanto eu estava péssima. A blusa rasgada, a saia manchada de sangue, meus braços feridos, meu pé descalço ensanguentados, meu rosto cheio de arranhões e marca de mão na bochecha. Fiquei cerca de duas horas no quarto de banho, quando saí comecei andar coxando. Naquela noite Ashia não dormiu no nosso quarto, chorei durante a noite toda. No dia seguinte, os olhares das pessoas da minha casa não eram os mesmos, principalmente dos rapazes. Passei a evitar sair fora e cruzar com eles.

~       ~

     Abri os olhos  e sentei na cama, minha respiração estava acelerada e meu rosto todo suando. Eu queria nunca mais ter que lembrar nessas coisas, infelizmente minha mente não me ajuda.

    Desci da cama, e fui no quarto da Ashia. Ela ainda estava lá e pelo que vejo não irá a escola.

__A Paulina te falou?-Pergunto

__Sim, ontem liguei no mano e ele foi lá. O pai já sabe e foi lá pra a buscar.

__Não vais a escola.?

__Não.

__Tá bom. Eu vou descansar, ninguém me acorda yha?

__Nem mesmo quando a mãe chegar?

__Nem quando ela chegar, não me sinto bem.

***

    Ainda com a roupa de ontem vou a cozinha e tiro um copo d'água, volto no quarto e abro uma gaveta tirando de lá uns dos comprimidos que me fora indicado por um psiquiatra, é bom para o sono. Bebi dois e me deitei na cama antes que durma no chão porque os medicamentos têm efeito imediato. Dormi, eu só queria apagar e esquecer de tudo, mas mesmo no sono acabei vivendo metade da minha vida como se fosse um sonho.

 
     Quando acordei não sabia que dia era. Comecei a ouvir vozes estranhas vinda do corredor, meu cérebro estava a processar de forma lenta que não conseguia identificar que voz eram. Eu quero tomar banho.

     Procurei pelo meu telefone no quarto e quando o achei vi que tem várias mensagens e chamadas da Elisabeth e da Paulina. Primeiro liguei na Paulina que queria saber como eu estava. Depois liguei a Elisabeth.

📲

__Você sumiu ficamos preocupados.

__Foram alguns imprevistos.

__Sim, a tua irmã atendeu o telefone e explicou. O nosso contrato termina amanhã.

__É mesmo,devo ir aí?

__Eli você sabe que pode continuar com a gente.

__Eu sei mas, não vai dar mais.

__Eu achava que gostasses do trabalho.

__É complicado. Vocês vão sobreviver sem mim.

__Certo. Amanhã teremos uma confraternização e você não pode faltar, será no centro as 18:30.

__Me desculpa, não posso.

__Eli,você é muito... Estranha,é só uma festinha.

__Nada contra festas.

__O que é?

__Você não vai entender,e acho melhor desligar, amanhã de manhã vou ir lá pra assinar os documentos que forem necessário.

__Ok.

     Elisabeth é uma excelente mulher, junto com o Eduardo e o Inácio abriram o centro empreender, realizando palestras, vendas de livros, e dando cursos de teor profissional, pessoal e social, a equipe é grande e certamente eles serão grandes influenciadores se continuaram com a mesma garra.

     As vozes lá na sala diminuíram,peguei minhas roupas e uma toalha, passei pela sala. Tomei um banho rápido, vesti no quarto de banho, ao voltar no quarto,me encontrei com a minha mãe a deitar no sofá.

__Boa tarde mãe, como estás?

__Já estou melhor.

__Ouvi vozes aqui na sala.

__Teus irmãos estavam aqui mas já foram. Eles ficaram preocupados contigo e quiseram esperar até quando acordasses.

__Preocupados? Comigo? Não seria contigo?

__Eu já estou bem, é contigo porque faz dois dias que dormes,só não te levamos ao hospital porque percebemos que tomaste aqueles remédios pra memória.

__Que? Remédio pra memória?-Então isso explica os sonhos. Ouh céus, porque não tranquei a porta?

__Isso mesmo.

__Mãe era pra tomar os remédios de dormir.- Mesmo dormindo por dias ainda me sinto sonolenta... Tem comida?

__Tem.

__Eu vou.....

__Nós precisamos conversar.-Pelo seu tom de voz sério sinto que a conversa será longa.

__Mãe qualquer dia,qualquer hora podemos conversar, mas hoje não. Eu não vou aguentar.

__Está bem.


[...]






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