Marcas do Passado
Elisângela Narrando
__Elisa vem aqui você não vai conseguir escapar.-A voz do Flávio ecoo bem atrás de mim.
__SOCORRO.
__Cale essa boca ninguém vai te ouvir e para de tornar as coisas mais difíceis.-Tentei abrir a porta mais não consegui.
Uns minutos atrás nós estávamos a conversar e de repente o Flávio começou a me tomar a força, com medo dei-lhe com uma garrafa na cabeça, agora ele não para de me dar corrida.
__Já estou sem paciência, pára ali Elisângela.-Não o ouvi corri no corredor que dá acesso aos quartos e banheiro, sem saída. Me encolho na porta tentando controlar minha respiração que parecia que em alguns minutos meu coração sairia pela boca. Flávio acertou sua mão na minha bochecha, o estalo ecoo por toda a casa,senti como se metade da minha bochecha colasse na palma da sua mão.
__Hoje você vai ser minha,querendo ou não.
Me arrastou pelo braço até o seu quarto, e me jogou na cabeça, enquanto ele tirava suas roupas eu me apressei em levantar e novamente senti sua mão pesada no meu rosto. Subiu na cama e ficou por entre as minhas pernas, segurou minhas mãos com força e tentou me beijar mais eu me debatia, balançando a cabeça freneticamente. Flávio era mais forte que eu, cedo ou tarde eu ficaria sem forças, cansei de tentar fugir e fiquei estática deixando que ele fizesse com o meu corpo o que quisesse.
O homem que até minutos atrás era meu namorado, me viola tão brutalmente. Foram 3 anos de namoro e o sem vergonha fazia juras de amor dia apois dia, e hoje, hoje me trata dessa forma. Não me lembro em que momento ele parou, acordei e estava pelada. A porta do quarto se abriu e ali estava ele,apenas de calça.
__Vista-se antes que a gente repita tudo.-Demorei 5 minutos pra perceber o que ele dissera. Levantei sentido todo meu corpo doer e procurei pelas minhas roupas, vesti com pressa e passei por ele que me analisava. Abri a porta e comecei a andar sem olhar para os lados, só queria chegar na minha casa.
As ruas estavam escuras, as únicas iluminações era dos postes e das lâmpadas de algumas casas. Da casa do Flávio até a minha é preciso um táxi, mais não foi preciso um. Corri desesperadamente, corri, corri e corri. Meus pés doíam tanto.
Ao longe vi minha rua,que estava bem movimentada,quando as pessoas me viram chegar não desgrudaram os olhos de mim. Bati a porta com tanta força que um dos meus irmãos abriu a porta soltando tantos palavrões,logo atrás vi minha mãe. Eles perguntavam o que aconteceu mas eu não conseguia responder. Entramos no quintal e apaguei.
Quando acordei,já estava na sala e toda família reunida, cada um fazia especulação do que acontecera, mas eu não conseguia dizer aquilo em voz alta, foi então quando minha mãe chutou e eu aumentei o choro confirmando o que perguntou. Todos ficaram indignados, e eu extremamente envergonhada.
Fui tomar um banho, só ali percebi o quanto eu estava péssima. A blusa rasgada, a saia manchada de sangue, meus braços feridos, meu pé descalço ensanguentados, meu rosto cheio de arranhões e marca de mão na bochecha. Fiquei cerca de duas horas no quarto de banho, quando saí comecei andar coxando. Naquela noite Ashia não dormiu no nosso quarto, chorei durante a noite toda. No dia seguinte, os olhares das pessoas da minha casa não eram os mesmos, principalmente dos rapazes. Passei a evitar sair fora e cruzar com eles.
~ ~
Abri os olhos e sentei na cama, minha respiração estava acelerada e meu rosto todo suando. Eu queria nunca mais ter que lembrar nessas coisas, infelizmente minha mente não me ajuda.
Desci da cama, e fui no quarto da Ashia. Ela ainda estava lá e pelo que vejo não irá a escola.
__A Paulina te falou?-Pergunto
__Sim, ontem liguei no mano e ele foi lá. O pai já sabe e foi lá pra a buscar.
__Não vais a escola.?
__Não.
__Tá bom. Eu vou descansar, ninguém me acorda yha?
__Nem mesmo quando a mãe chegar?
__Nem quando ela chegar, não me sinto bem.
***
Ainda com a roupa de ontem vou a cozinha e tiro um copo d'água, volto no quarto e abro uma gaveta tirando de lá uns dos comprimidos que me fora indicado por um psiquiatra, é bom para o sono. Bebi dois e me deitei na cama antes que durma no chão porque os medicamentos têm efeito imediato. Dormi, eu só queria apagar e esquecer de tudo, mas mesmo no sono acabei vivendo metade da minha vida como se fosse um sonho.
Quando acordei não sabia que dia era. Comecei a ouvir vozes estranhas vinda do corredor, meu cérebro estava a processar de forma lenta que não conseguia identificar que voz eram. Eu quero tomar banho.Procurei pelo meu telefone no quarto e quando o achei vi que tem várias mensagens e chamadas da Elisabeth e da Paulina. Primeiro liguei na Paulina que queria saber como eu estava. Depois liguei a Elisabeth.
📲
__Você sumiu ficamos preocupados.
__Foram alguns imprevistos.
__Sim, a tua irmã atendeu o telefone e explicou. O nosso contrato termina amanhã.
__É mesmo,devo ir aí?
__Eli você sabe que pode continuar com a gente.
__Eu sei mas, não vai dar mais.
__Eu achava que gostasses do trabalho.
__É complicado. Vocês vão sobreviver sem mim.
__Certo. Amanhã teremos uma confraternização e você não pode faltar, será no centro as 18:30.
__Me desculpa, não posso.
__Eli,você é muito... Estranha,é só uma festinha.
__Nada contra festas.
__O que é?
__Você não vai entender,e acho melhor desligar, amanhã de manhã vou ir lá pra assinar os documentos que forem necessário.
__Ok.
Elisabeth é uma excelente mulher, junto com o Eduardo e o Inácio abriram o centro empreender, realizando palestras, vendas de livros, e dando cursos de teor profissional, pessoal e social, a equipe é grande e certamente eles serão grandes influenciadores se continuaram com a mesma garra.
As vozes lá na sala diminuíram,peguei minhas roupas e uma toalha, passei pela sala. Tomei um banho rápido, vesti no quarto de banho, ao voltar no quarto,me encontrei com a minha mãe a deitar no sofá.
__Boa tarde mãe, como estás?
__Já estou melhor.
__Ouvi vozes aqui na sala.
__Teus irmãos estavam aqui mas já foram. Eles ficaram preocupados contigo e quiseram esperar até quando acordasses.
__Preocupados? Comigo? Não seria contigo?
__Eu já estou bem, é contigo porque faz dois dias que dormes,só não te levamos ao hospital porque percebemos que tomaste aqueles remédios pra memória.
__Que? Remédio pra memória?-Então isso explica os sonhos. Ouh céus, porque não tranquei a porta?
__Isso mesmo.
__Mãe era pra tomar os remédios de dormir.- Mesmo dormindo por dias ainda me sinto sonolenta... Tem comida?
__Tem.
__Eu vou.....
__Nós precisamos conversar.-Pelo seu tom de voz sério sinto que a conversa será longa.
__Mãe qualquer dia,qualquer hora podemos conversar, mas hoje não. Eu não vou aguentar.
__Está bem.
[...]
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Marcas Do Passado
RomanceJosias viu sua noiva morrer lentamente. Elisângela viu sua inocência sendo roubada. Duas vidas,uma noite, um passado que acarreta marcas no presente. Poderão as marcas do Passado ser mais forte que o amor que unirá esses jovens? Capa- Kleyse Peroll...