Novembro, 2003
Fui para o baile sozinho, possesso de raiva. Ainda no estacionamento, encontrei os meus amigos e suas acompanhantes. Eles não me viram chegando, pois Steve estava com uma garrafa de vinho e usando um funil para distribuir o líquido nos cantis de bolso que cada um tinha. Nós tínhamos combinado isso para podermos "batizar" o ponche do baile.
Me aproximei do grupo, que estava em um círculo perto do carro do Steve, e tomei a garrafa da sua mão, virando o gargalo na boca.
— Ô, Phillip! Qual é! – ralhou ele, se virando para mim e tirando a garrafa da minha mão.
— Cadê a Mel? – perguntou Tiffany, que obviamente era o par do Steve.
— Ela não vem – respondi irritado.
— Como assim ela não vem?
— Não vindo, caralho! – respondi e todos me olharam, espantados.
— Ô, Phillip, calma aí. Acho que ela só quer saber por que ela não vem – disse Louis.
— Porque ela resolveu que hoje era um ótimo dia para terminar comigo! – respondi com sarcasmo e ríspido. Todos me olharam pasmados, mas dava para ver que eles pareciam mais surpresos e até felizes com isso do que chocados. – Aquela... – eu queria insultá-la, mas não conseguia porque eu a amava demais para chamá-la de vadia. – Ela terminou comigo minutos antes de eu ir pegar ela em casa! – contei, furioso. — Mas se ela quis perder o baile de formatura dela, azar é o dela! Eu vou aproveitar, porque eu nunca vou ter outro baile de formatura! – falei, pegando de novo a garrafa da mão do Steve.
— Ô, ô, espera aí. Isso aqui é para o ponche, porra! – Ele reclamou, puxando a garrafa.
— Só trouxe esse vinho?
— Não. Eu trouxe vodca também, mas escolhemos batizar o ponche com vinho.
— Cadê a vodca? – perguntei e ele me olhou, ponderando se me diria. Steve sabia muito bem que eu ia encher a cara e ficar bêbado.
— Phillip, vai com calma...
— Eu quero beber, caralho! Cadê a porra da vodca?
— Phillip... – Max já ia intervir também, mas eu ignorei ele e todos os outros.
Eu sabia que a garrafa só podia estar no carro do Steve, então abri a porta com eles protestando. Peguei a garrafa no banco de trás e tomei o funil da mão dele enquanto eles falavam para eu ir com calma pois estávamos fazendo aquilo escondido dos professores e do diretor. Se nos pegássemos com bebida, estaríamos encrencados. Enchi o meu cantil com vodca e tomei um gole grande do gargalo da garrafa antes de fechar.
— Vamos pro baile! – exclamei, saindo do círculo, erguendo o braço e andando para o prédio do colégio.
Lá dentro, bastou eu chegar sem Melanie para começarem a questionar o motivo e não demorou muito para que o boato do término se espalhasse.
Eu fiquei a maior parte do tempo afastado da pista de dança, perto da mesa de bebidas. Todos os meus amigos estavam com par e eles estavam dançando. De vez em quando eles iam até a mim, para saber como eu estava ou para batizar o ponche, às vezes eram as duas coisas. Eu acabei servindo de desculpas para eles fazerem isso.
O esquema para batizar o ponche era simples. Sempre que eles iam até a mesa para falar comigo ou pegar bebida, derramavam o vinho do cantil dentro da tigela do ponche, depois iam até o carro do Steve e enchiam o cantil novamente. Eles bebiam o ponche sem ninguém desconfiar que eles estavam bebendo praticamente uma sangria.
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Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1
Ficção Adolescente(Vol.1): Phillip Andrew Thompson, um jovem comum de Miami, vive sob a sombra das altas expectativas de sua mãe, Sylvia, que sonha em vê-lo bem-sucedido e poderoso. Com a pressão para se relacionar com Melanie Swanson, filha do sócio de seu pai, Phil...