Capítulo 33. Quebrado

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Março, 2003

Fui para casa, mas eu não conseguia tirar Melanie da cabeça. Ela ter me perdoado me deixou aliviado, mas eu ainda estava apreensivo com a forma como tudo aconteceu e por ela ter chegado a me pedir um tempo. Aquilo me deixou desnorteado, ela queria um tempo de mim e fiquei com medo de perdê-la. Eu não podia perder Melanie, eu morreria se isso acontecesse.

Lógico que isso não é verdade, eu estava exagerando. Até parece que eu me mataria, deixando Melanie livre para namorar quem quer que fosse. Nem mesmo estando morto! Certeza que eu voltaria para assombrar a pessoa.

Mas eu precisava dizer aquilo para ela. Eu conheço muito bem a Melanie e sei que ela se preocupa com as pessoas de quem ela gosta, então ao dizer aquilo para ela, naquele momento e da forma como foi, eu sabia que ela voltaria atrás para que eu não fizesse nenhuma loucura, e todo aquele drama funcionou.

Eu não estava arrependido de ter dito aquilo ou de ter feito toda aquela cena. Se eu tivesse que fazer isso para que ela não terminasse comigo, eu faria quantas vezes fosse necessário. Nós não daríamos um tempo e não terminaríamos nunca. Eu faria de tudo para mantê-la ao meu lado e Melanie seria minha para sempre, como falamos que seríamos.

Mas mesmo me perdoando, ela estava chateada comigo e isso podia durar dias, então eu tinha que agir, tinha que reverter essa situação e eu já sabia como.

Eu estava no meu quarto, deitado na minha cama, pensativo, quando ouvi barulho no andar de baixo. Pelo horário só podia ser minha mãe chegando e eu soltei o ar revirando os olhos. Se ela soubesse que eu estava em casa, ela ia começar o interrogatório e eu não queria contar nada para ela, nem sobre a briga e nem sobre todo o resto, se ela soubesse que Melanie chegou a me pedir um tempo, ela ia me encher a cabeça. Era melhor que ela pensasse que eu não estava em casa.

Levantei da cama e tranquei a porta do meu quarto.

~~O~~

No dia seguinte eu acordei otimista de que Melanie já teria esquecido o que aconteceu no dia anterior, afinal, era um novo dia e eu fiz o que ela pediu, deixei ela ficar sozinha, eu nem mesmo mandei mensagens para ela, mesmo que eu quisesse muito fazer isso, mas sabia que eu tinha que dar um tempo para ela esquecer o que aconteceu, deixar a raiva e a mágoa passar, era sábado, um novo dia, eu ia me redimir com ela e tudo voltaria ao normal.

Depois de me arrumar, eu saí do meu quarto e desci para tomar um café rápido, precisava chegar na casa da Melanie antes que ela acordasse.

Entrei na cozinha e minha mãe estava preparando o café da manhã.

— Príncipe, você aqui tão cedo! Já sei, passou aqui para se trocar para ir à praia, não é? – perguntou com um sorriso segurando a jarra de suco de laranja.

— Na verdade, não – respondi tomando a jarra de suco da sua mão. – Eu não sei se vou à praia hoje – disse pegando um copo e colocando um pouco de suco para mim.

Minha mãe se apoiou com uma mão na bancada enquanto pôs a outra mão na cintura, me olhando intrigada.

— Não sabe se vai à praia? Você? Por quê?

— Porque... – eu pensei no que eu responderia sem mencionar que eu e Melanie tínhamos brigado. Eu tinha quase certeza de que Melanie não ia querer ir. – A Mel não quer ir.

— E por que não? Ela também não perde um sábado de praia. – indagou ainda mais intrigada e eu dei de ombros bebendo o suco. – Se vocês não vão à praia, então o que você veio fazer aqui a essa hora? – quis saber e me pegou totalmente de surpresa.

Obsessão: A História de Phillip Thompson - Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora