Capítulo Sete

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— Por que não pode me contar o que está acontecendo, Potter?

Harry suspirou. Sabia que seu melhor amigo estava realmente bravo, pois estava usando seu sobrenome. No entanto, não podia contar o que afligia seu ser.

— Porque é algo pessoal! O que custa você respeitar isso, caramba!? — gritou tentando levantar muros para se defender.

— Talvez porque você nunca me escondeu nada. — Draco reclamou na defensiva e o moreno percebeu seu erro.

— Certo... Desculpa, mas é algo que eu não quero compartilhar com ninguém no momento e eu gostaria que você respeitasse isso. Pode fazer isso?

— ... Posso... — murmurou a contragosto.

Harry suspirou novamente. Desta vez de alívio.

— Vamos ir comer? — perguntou já se preparando para sair do dormitório e foi seguido pelo loiro.

Agora com quatorze anos Harry Potter compreendia o que significava reencarnação e almas gêmeas. Na verdade ele havia compreendido alguns dias depois de sua conversa com seu tio, pois Albus emprestou um livro sobre o assunto e movido pela curiosidade, leu quase o livro todo.

Na época deixou de lado suas preocupações sobre a ideia de ter que namorar Draco. Afinal, a ideia era ilógica, porque o loiro era seu melhor amigo de infância. Contudo, agora, dois anos depois, a situação era diferente.

Harry Potter estava fodidamente apaixonado por Draco Malfoy e estava desesperado por ter percebido isso.

Pela primeira vez durante toda sua estadia em Hogwarts havia mandado uma coruja para alguém sem falar para Draco o conteúdo da carta. Pior: o recado era para seu tio. E agora o loiro estava indignado.

Na verdade, Harry apostaria 10 galeões, com quem quisesse, que Draco havia mandado uma carta para o padrinho deles perguntando sobre o conteúdo da carta.

Durante o café da manhã sua coruja chegou com uma carta para si e percebeu que era a resposta de Albus. Por esta razão guardou a carta e dispensou sua coruja tão lindamente branca. Quando James disse para escolher ele não exitou em escolher aquela coruja e nunca compreendeu o porquê, mas não se importava.

Draco também recebeu sua coruja e diferente do amigo, não se importou em ver a resposta de Albus.

"Olá, Draco.

Me sinto ofendido em não ter recebido novidades suas e sim míseras palavras perguntando sobre a carta que Harry me mandou.

Eu não sei se Scorpius lhe ensinou isso, mas as pessoas possuem algo chamado privacidade. Harry escolheu não compartilhar algo contigo e é seu dever respeitar isso. Se um dia ele decidir que deve falar sobre o assunto com você, sinta-se privilegiado como sempre tem sido por estar sempre a par da vida e das escritas dele. No entanto, não sinta-se ofendido por uma vez na vida não saber de um segredo de Harry, ele provavelmente tem suas razões.

Acima de tudo, respeitem um ao outro e lembre-se do consentimento. Nunca ultrapasse barreiras que não deve, senhor Malfoy.

Albus S. Potter"

Draco se assustou ao ver que sua coruja havia deixado junto um berrador. Ele sabia que era de Albus e estava com medo de abrir.

— Não quero abrir. — murmurou com medo.

— Se não abrir é pior, sabe disso. — Harry disse preocupado com a vergonha que seria.

Draco respirou fundo, abriu ela e a jogou na mesa esperando as palavras que seriam proferidas.

— Draco Malfoy! Se eu receber outra carta como aquela de você, pode ter certeza que estará ferrado no momento que vier me visitar! E não ouse se esquecer de três palavras: respeito, consentimento e camisinha!

O berrador parou e o salão explodiu em risadas mesmo sem muito entender o contexto, mas o final era suficiente para ser motivo de piada.

E era óbvio que o final era apenas seu padrinho zoando com sua cara.

— Desgraçado... — murmurou Draco e decidiu rasgar ambas as cartas recebidas.

— Qual é, Draco. — Harry disse segurando o riso. — Foi engraçado. — disse e voltou a rir.

— No momento não. — retrucou e levantou-se. — Eu vou indo na frente, sei que quer ler essa carta sozinho.

Potter parou de rir, surpreso com a ação do melhor amigo.

— Obrigado, Draco. — agradeceu, mas não recebeu uma resposta.

Assim que Malfoy saiu do salão Harry murmurou um feitiço reparador para a carta escrita. O papel estava inteiro em sua mão, mas não iria e nem queria ler, não era algo seu, afinal. Apenas o guardou para o devolver ao outro mais tarde, porque ele conhecia o loiro o suficiente para saber que ele gostava de guardar as cartas que recebia e que a ter rasgado fora um ato impulsivo e impensado. Draco sentiria falta daquela carta na coleção.

"Olá, Harry.

Não irei negar, o conteúdo de sua carta me surpreendeu e muito. Tenha a certeza de que o me contou ninguém mais irá saber, se essa é a sua escolha. Contudo, eu tenho que admitir que considerando coisas que apenas eu sei, eu já tinha minhas suspeitas sobre um dia um de vocês se apaixonar pelo outro. Ainda considerando o que eu sei, ainda aposto que a paixão seja mútua, mas eu não sei dizer se ela já é mútua ou ainda será.

De qualquer maneira, eu te garanto que ser sincero com Draco é a melhor coisa que você pode fazer. Eu conheço vocês desde que nasceram, fui eu quem apresentou vocês um para o outro. Eu sei que ele jamais mudaria algo na relação de vocês por admitir o que você admitiu para mim.

E tome cuidado, Draco me mandou uma carta querendo saber sobre isso. Eu já conversei com ele sobre ser enxerido, mas se você não quer que ele saiba, fique alerta.

Albus S. Potter"

Harry estranhou seu tio pontuar que havia coisas que apenas ele sabia. Com essas palavras se repetindo em sua mente foi interrompido por uma amiga lhe avisando que se não fossem para a aula iriam perder pontos.

Se bem que o incrível apanhador da Sonserina — ele fazia juz ao nome "Harry Potter" ao ser tão bom no ar quanto seu avô havia sido — não se importava de perder alguns pontos por atraso se ele sabia que iria recuperar quando agarrasse o pomo de ouro.



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Publicado: 20/09/2020
Palavras: 1040

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