Capítulo Três

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Albus não compreendia como era possível que duas crianças que não sabiam falar e beiravam um ano e seis meses começaram a falar tudo que tinham direito após se encontrarem.

E pior: essas crianças sabiam o nome uma da outra sem nunca terem se visto ou ouvido falar sobre a outra! Era como se estivessem esperando por aquele momento há tempos.

O Potter suspirou cansado. Ele seguia revirando a livraria do Beco Diagonal ainda sem saber exatamente o que procurava. Afinal, ele queria respostas. No entanto, não havia como conseguir respostas se não sabia um tema específico para procurar um livro.

— Já é terceira vez que o vejo aqui. Existe algo em que posso ajudar? — um rapaz mais baixo que si perguntou de maneira a tirar toda a sua concentração e dar um susto no Potter.

— Poderia ter avisado que estava por perto. — reclamou da boca para fora.

— Eu sinto muito. Há algo em que posso ajudar?

— Eu não sei o que eu estou procurando ainda, eu estou olhando cada livro dessa livraria na esperança de achar uma resposta. — explicou e viu a confusão no olhar do atendente. — Desculpa, eu sei que não faz sentido. Apenas... Não se preocupe, se eu achar algum livro que faça sentido em relação ao que eu estou procurando, tenha a certeza de que comprarei.

— Ah, não. — respondeu e balançou as mãos em negativa nervosamente. — Eu não estou preocupado se você vai apenas ficar revirando ou comprar algo. Estou preocupado com você procurando por tanto tempo, achei que eu pudesse ser útil.

O cliente analisou o menor e suspirou.

— Duas pessoas que nunca se viram na vida se encontram pela primeira vez e sabem quem a outra pessoa é. Qual a primeira coisa que te vem a cabeça?

— O quê?

— Exato. Eu procuro a resposta certa para esta pergunta.

O rapaz pareceu compreender e deixou Albus sozinho e persistindo em sua incessável procura.

Severus voltou a livraria no dia seguinte ao mesmo horário após seu expediente no Ministério. Era ridículo o fato de que não tinha o mínimo interesse naquele lugar e acabou terminando com sua vida profissional atrelada àquele lugar. Ironias da vida que o homem aprendeu que deveria apenas aceitar.

— É... — começou tímido. — Potter..? — escutou seu nome ser chamado de maneira acanhada.

— Você de novo... — Albus murmurou. — Sabe meu nome, então.

— Fizemos algumas aulas juntas. — explicou brincando nervosamente com as mangas de sua camisa.

— Entendi. Desculpa não lembrar de você.

— Não se preocupe. — pediu o rapaz. — Eu só lembro de você porque... Bem, eram Potter e Malfoy juntos. Sempre chamaram a atenção.

— Certo. — concordou a contragosto pela verdade. — Eu estou atrapalhando em algo aqui na loja?

— O quê? — o atendente perguntou e se assustou ao entender. — Não! Definitivamente não. Eu descobri a resposta.

— Descobriu?

— Sim. — concordou empolgado e pareceu ter deixado toda sua timidez de lado naquele instante. — Acredito que esteja falando de reencarnação. — afirmou com extrema convicção.

— Reencarnação? — perguntou e seus olhos direcionaram para o teto na tentativa de se lembrar se já havia ouvido falar sobre o tema alguma vez, recebeu baixas risadas de quem estava a sua frente.

— Pelo visto você não lembra, mas aprendemos sobre reencarnações em Estudo dos Trouxas e Adivinhação. — comentou. — Os bruxos não acreditam nisso tanto quanto os trouxas. — explicou. — Eu separei alguns livros para você, quer dar uma olhada?

O rapaz sorriu satisfeito ao ver os olhos de Albus brilharem em empolgação e guiou Potter até a recepção, dando os livros que estavam ali guardados.

— Que preguiça de ler... — reclamou ao olhar para o sumário do primeiro livro.

— Reencarnação é a crença de que nossas almas não morrem e elas retornam para este plano em que estamos em um novo corpo. No caso do exemplo que você me deu ontem, as pessoas provavelmente se conhecem de uma vida passada e se lembram da vida passada. — explicou e viu uma cliente entrar na loja. — Olá, seja bem-vindo. — cumprimentou.

— Olá, querido! Quanto tempo! — cumprimentou a senhora e se distanciou em direção as várias prateleiras do local.

— Só que de acordo com essa crença, costumamos esquecer nossas vidas passadas a partir de uns dois anos. — prosseguiu. — Então, considerando que essa crença seja verdadeira, ou você está falando de duas pessoas com uma sorte enorme em lembrar da vida passada, ou são duas crianças com menos de dois anos.

— Vou deixar essa dúvida para você. — brincou Severus. — Eu não estou com tanto dinheiro disponível. Qual livro você recomenda que eu leve? — perguntou deslizando seu indicador pelas lombadas da pilha de livros.

— Esse primeiro de capa estrelada que você pegou na mão é um bom resumo de informações — respondeu já pegando e olhando o preço para o cliente.

Severus chegou em casa cansado. Afinal, estava a semana toda indo até a maldita livraria atrás de respostas e não as encontrava. Finalmente poderia descansar, mas seu corpo e cérebro ansiavam por respostas. Ele precisava começar a leitura do livro.

Sem disposição para contrariar a ideia decidiu ao menos se alimentar e tomar um banho.

Sua leitura, inusitadamente, rendeu mais do que esperava. Aquele atendente, que sequer perguntou o nome — que rude de sua parte! — estava certo sobre as informações que o fornecera. Além disso, descobriu que as pessoas costumam reencarnar por precisarem evoluir e melhorar como espírito. Albus não compreendia, seus afilhados se conheciam e precisavam evoluir? Será que precisavam fazer isso juntos?

Depois disso descobriu que algumas pessoas reencarnam para ajudar outro espírito. Será que eles haviam reencarnado para se ajudarem? Ou um deles iria ajudar o outro?

Outro detalhe curioso que aprendeu: costumam reencarnar próximo de pessoas com quem já conviveram. Era como um ciclo... Será que aquelas duas crianças o conheciam na vida passada?

Por fim, ele chegou ao conceito de almas gêmeas. Dois espíritos destinados a ficarem juntos, não necessariamente como amantes, em algumas vidas isso significa ter um irmão, responsável ou amigo. A relação não era algo fixo, mas costuma ser alguém que seja possível estar tendo apoio. Será que aquelas duas crianças eram almas gêmeas?

Quanto mais decidia ler, mais compreendia e mais confuso ficava. Talvez devesse conversar com seus afilhados e tentar conseguir alguma informação deles.

Foi com essa certeza que caiu no sono com o livro aberto ao seu lado na cama.


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Palavras: 1103
Publicado: 12/08/2020

Peço desculpas por um capítulo sem interação dos piticos, prometo que no próximo eles aparecem, hihi!

E TEM UMA NOVA ONE-SHOT DRARRY NO MEU PERFIL (Qual o Meu Nome?), APRECIO LEITURAS NOVAS LÁ <3

Reencarnação - Drarry ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora