Capítulo Dez

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Passar o Natal n'A Toca havia sido uma experiência inusitada para os Malfoy, mas longe de ter sido péssima. Hermione e Ginevra, em especial, fizeram o possível para que os três "intrusos" estivessem confortáveis no local.

Albus não parecia dar a mínima para toda a situação. Ele apenas decidiu passar o tempo com a filha de Rose que estava próxima de completar oito anos, uma completa fofura e extremamente mimada por todos. Hermione era uma das poucas pessoas que compreendia que não se devia mimar as crianças daquela maneira e distribuía broncas a todos.

Harry e Draco também não escapavam das broncas de Hermione. Além de estarem constantemente ensinando coisas erradas para a garotinha, ainda se metiam em conversas inapropriadas com Jorge.

Por fim, todos fizeram questão de envergonhar o novo casal, porque definitivamente esse era um conceito de famílias que jamais perderia a magia.

Scorpius e Chloe permitiram que seu filho dormisse n'A Toca com a condição de que os sonserinos passassem uma noite na mansão Malfoy também. Sim, Albus estava incluso no pacote, porque Scorpius disse estar sentindo falta do melhor amigo.

Nenhum dos três discordou da ideia e dessa maneira os pais de Draco foram embora.

Naquela noite Harry e Draco mais uma vez dividiram a cama, mas nenhum dos dois acordou de maneira confortável. Uma noite repleta de pesadelos de uma guerra da qual não fizeram parte. Não naquela vida.

Harry acordou a casa com gritos durante a madrugada e apesar de Draco ter acordado Potter de maneira desesperada, ele só conseguia agradecer ao namorado pelos gritos que o tiraram de seu pesadelo.

— Você está bem, querido? — Ellen perguntou preocupada e sentada na beirada da cama enquanto acariciava a bochecha do filho.

Draco sentiu-se um intruso e com saudades do carinho de sua mãe.

— Estou. — mentiu não querendo preocupar a família, mas o loiro percebeu a mentira no momento em que a mão do outro procurou a sua.

Rony observava a cena com cansaço e preocupação. Ele olhou para Hermione que também parecia reconhecer que aquela era uma cena que havia feito parte da adolescência deles.

— Eu vou fazer um chá para vocês dois. — Hermione alertou percebendo que a expressão do Malfoy também não era das melhores. — Pode ir descansar, Ellen. Eles ficarão bem.

A mãe olhou para o filho com preocupação e recebeu uma aprovação para a ideia. Assim, todos retornaram para seus próprios quartos, deixando os dois adolescentes na companhia apenas de Rony que esperou para poder conversar em paz com os dois.

— O que acham de irmos juntos para a cozinha? — o ruivo sugeriu. — Tenho certeza de que pela expressão de vocês seria bom.

Ambos trocaram olhares e concordaram em acompanharem o homem. Em silêncio e de mãos dadas chegaram na cozinha em que o chá estava terminando de ser preparado.

— Seu avô tinha pesadelos da mesma forma como você teve hoje. — Hermione comentou enquanto colocava mel no chá de Harry. — É um chá de camomila, você quer açúcar nele? — perguntou para o loiro que negou.

— Puro está bom. — respondeu pegando sua caneca e a trazendo para próximo de si.

— Sonhei com a morte de um garoto. Eu falei o nome dele... Cedric, eu acho...

Hermione e Rony trocaram novos olhares de preocupação.

— Quer nos contar mais sobre isso? — Rony incentivou calmamente, como se testasse o local que pisava. Ele estava acostumado a lidar com os pesadelos do seu melhor amigo, não daquele adolescente na sua frente.

— Voldemort estava lá. — a menção do nome tensionou os três. — Não foi um pesadelo. Foi uma lembrança, não é? — perguntou olhando para os adultos.

— Com o que sonhou, Draco? — Hermione perguntou querendo desviar do assunto inicialmente.

— Não sonhei com nada. — mentiu desviando o olhar. Não queria contar.

— Com o que sonho? — Harry repetiu a questão abraçando o namorado desajeitadamente por estarem sentados na mesa.

Rony fez uma careta de desgosto e a esposa apertou o joelho dele por baixo da mesa em uma forma silenciosa de dizer que desaprovava a repulsa dele.

— Eu estava no banheiro. — começou pensando se realmente era certo contar. — Eu estava desesperado. Mas eu vi Potter e começamos a lutar. Eu não queria lutar. Só... Eu só queria sofrer em paz... Eu fui atingido por um feitiço doloroso... — Harry sentiu culpa por algo que ele não se lembrava de ter feito, mas apoiou sua cabeça no ombro do loiro em um silencioso pedido de desculpas.

— Sectumsempra... — Hermione sussurrou lembrando-se de quando descobriu a respeito. Draco deitou sua cabeça, encostando com a do namorado.

— Eu achei que reencarnar significava esquecer. — Harry comentou e riu sem humor. — Esse pesadelo é suficiente. Eu não quero me lembrar de uma guerra.

— Acho que eu também não quero. — Malfoy murmurou e levantou a cabeça para tomar seu chá.

— Vocês não parecem surpresos em saber sobre essa questão de... Hã... Reencarnação e os avôs de vocês... — a mulher disse tentando deixar de lado o fato de que nunca acreditou naquelas coisas porque nunca viu sentido em algo sem exatidão.

— Nós meio que já sabíamos. — explicou Draco e tomou outro gole.

— Tio Albus que contou para a gente. — Harry disse e deu seu primeiro gole no chá.

— Albus? — Rony perguntou sem entender.

— Nunca tivemos certeza, mas ele disse que já mostramos algumas vezes sabermos sobre o passado. — o loiro disse sem dar importância.

— Nossa professora de Adivinhação nos disse que somos almas gêmeas.

Rony engasgou com a própria saliva e se levantou para poder se recuperar.

— Almas gêmeas? — Hermione repetiu as palavras com incerteza. — Vocês? — a incredulidade estampada em seu rosto.

— Deve ser estranho para vocês. — Harry disse achando graça de verdade da reação dos dois. — Nossos avôs pelo visto se odiavam.

— Talvez ódio fosse uma palavra fosse muito forte. — a mulher comentou se lembrando dos corpos falecidos. — Harry e Malfoy morreram de mãos dadas. Não sei que circunstâncias os levaram a morrerem dessa forma, mas acredito que isso mostra que ódio talvez fosse um sentimento de fachada. Eles com certeza não se amaram, mas um sentimento tão negativo como esse com certeza é algo que muitos acreditam ser a verdade.

Harry suspirou e bebeu todo o seu chá de uma vez.

— Eu estou cansado. — o moreno disse querendo encerrar a conversa. — Podemos ir? — perguntou ao namorado que sorriu e bebeu seu chá de uma única vez também.

— Obrigado pelo chá e pela conversa. — agradeceu se levantando e Harry também se levantou.

— Obrigado e boa noite. — se despediu o moreno e entrelaçou os dedos aos de Draco antes de começarem a andar.

Albus entrou no local para ir atrás de água, mas os afilhados sabiam que ele estava ouvindo a conversa.

E apenas o padrinho compreendeu qual era o objetivo dos dois por terem voltado para uma nova vida.


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Publicado: 11/10/2020
Palavras: 1184

Confesso que a partir deste capítulo eu passo a ficar insegura com o que eu escrevi, porque envolve coisas que eu não li/vi de Harry Potter. Então, se algo sair dos eixos sobre os Harry e Draco originais, por favor, relevem!

Mas então, já pode começar a contagem regressiva para o término da fanfic? ASHUASHUASHUASHASUHASU Faltam três capítulos, gente!

Eu só tenho a agradecer a vocês que disponibilizam um tempinho para ler e acompanhar uma fanfic em andamento porque isso é algo que eu não faço kkkkkkkkkkkkk

Enfim, novamente agradeço os votos e comentários sz

Reencarnação - Drarry ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora