"De longe eu roubo olhares, se eu te tocar você vai desaparecer?"
JUNGKOOK
A efemeridade de um segundo. Quando em cima do palco, com a palma das mãos suadas de nervoso, eu finalmente abri os olhos enquanto cantava, os olhos dela cruzaram os meus. Castanhos, cautelosos, dedicados. Com os olhos ela disse que estava tudo bem, eu deveria olhar para frente, deveria encarar a minha pequena, mas tão assustadora plateia.
Eu amei aqueles olhos antes mesmo de perceber que poderia me apaixonar por ela.
Olhei para frente motivado pelo segundo de coragem e confiança que seu olhar seguro me deu. Os rostos sob a luz baixa do bar estavam atentos, alguns casais seguravam as mãos, conversavam em voz baixa, alguns sorriam, outros gravavam com o celular. No canto, dois rostos familiares me assistiam. Jimin hyung tinha um sorriso quase paternal no rosto, daqueles que fazem sumir seus olhos. Taehyung balançava ao som da música, sorrindo também.No refrão, a voz dela harmonizou à minha. Meus olhos a procuraram outra vez, ela dedilhava o violão habilmente enquanto me olhava também. Sua voz era suave como um sussurro e tão poderosa que preenchia cada canto da sala, não tinha um par de olhos no lugar que não estivesse grudado na gente.
Eu nunca me senti tão vivo.
A euforia que senti ao cantar na rua pela primeira vez preencheu-me outra vez. Dessa vez ouviam. Saia sem esforço, ressonava minhas cordas vocais e o corpo inteiro. Quando terminamos, eu sorri de alívio.
A plateia aplaudiu de pé. Eu me curvei várias vezes, encabulado com a atenção que a gente estava recebendo. Lá atrás, Taehyung puxou o coro pedindo mais uma. Ele me pagaria mais tarde.
Chaeyoung me olhou de canto de olho para checar se estava tudo bem, eu assenti que sim. O coração dentro de mim sacudia. Sim, eu cantaria de novo. Eu cantaria até perder a voz se preciso.
Cantamos mais duas, no fim das contas. Eu desci do palco meio alto de vinho e de felicidade, abracei Chaeyoung apertado, sentindo o cheiro de seu cabelo trançado, envolvendo-a sem querendo soltar tão cedo.
— Você foi incrível — ela sussurrou contra o meu ouvido.
— Obrigado por me convencer — ela riu baixinho, o que provocou cócegas em meu ouvido que me correram o corpo inteiro até parar na boca do estômago, acordando as borboletas.
Seu rosto quente estava colado ao meu, bastava virar para encontrar seus lábios. Mas ainda tínhamos plateia. Jimin e Taehyung eram como dois filhotes de shitzu rodeando a gente, esperando o momento de pular sobre mim e me constranger na frente do bar inteiro.
Taehyung não esperou que eu desfizesse o abraço com Chaeyoung.— Jungkook-ah — pulou envolvendo nós dois em seus braços enormes.
Jimin deu um tapa no pescoço dele.
— Você é burro, Taehyung?
— O quê? — Taehyung virou-se esfregando o pescoço, contrariado.
— Ah, sinceramente... — Jimin o puxou pela gola e o envolveu com o braço. Na ponta dos pés se ergueu para dizer algo em seu ouvido.
Os olhos de Taehyung foram de Chaeyoung até mim, até que se iluminaram em compreensão, esboçando um sorriso levado.
— Ah... Nós vamos dar uma volta então, né, Jimin. Comprar uma... Coca — Taehyung piscou para mim. Jimin revirou os olhos puxando Taehyung para longe.
Chaeyoung deitou a cabeça em uma risada sonora. Só então eu percebi que meu braço ainda estava pousado em sua cintura.
— Eles são adoráveis — ela comentou.
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youth.
Fanfiction"O momento mais bonito da vida somos nós; é essa imagem congelada na memória, são as curvas dos nossos sorrisos, os fragmentos da nossa história, as barras pesadas que seguramos um pelo outro, o som do teu riso e as piadas que ninguém além de nós va...