youth.

So Far Away

"Eu espero que tudo desapareça quando eu estou sozinho
Espero que desapareça como uma miragem"

YOONGI

Eu estava sóbrio. É preciso mais de dois copos de whisky e uma dose de tequila para me deixar bêbado. E ao contrário do que pareceu, não foi rápido.
Eu o observei maltratar a garota a noite inteira. A menina se encolhia todas às vezes que ele fazia um movimento brusco ao seu lado, ele gritou com ela mais de uma vez, mesmo que ela não tenha feito nada. Eu o ouvi reclamar e xingar Sora pelo atraso do atendimento, enquanto brincávamos com ela. Ele olhou feio quando, sem querer, Taehyung esbarrou nele e pediu desculpas.
Trabalhando à noite, eu sabia reconhecer esse tipo de longe. Playboy metido a machão que sai de casa para constranger os outros e arrumar briga.
Nossa mesa estava quase vazia, todos estavam dispersos, exceto por Taeyeon e Baekhyun que discutiam em voz baixa ao meu lado. Na mesa a minha frente, o playboy babaca sugava a garota estática em um beijo nojento. Ele apertava a menina, que permanecia imóvel, contra a parede. Quando ele finalmente, libertou os lábios da garota, ela saiu meio cambaleante em direção ao banheiro.
Na mesa ao lado, um grupo de quatro garotas parecia comemorar o aniversário de uma amiga. Eram lindas, estavam visivelmente bêbadas, dançavam, riam e falavam alto. Foi como se um grande alvo estampasse suas testas.
Ele levantou, ajeitou as calças, empinou o peito como um galo de briga pronto para atacar e seguiu em direção a moça que dançava em pé na frente da mesa. Ela vestia um vestido curto e balançava o cabelo tingido para todos os lados numa dança alcoolizada.
Eu vi ele se aproximar da garota por trás, puxá-la pela cintura e sussurrar algo em seu ouvido que a fez empurrá-lo levemente com uma careta. Ele não desistiu, puxou a garota com força, enfiando as mãos debaixo de seu vestido.
Contrariando qualquer bom senso, eu interferi.
Antes que eu percebesse, minha mão latejava, inchada, e o cara segurava o maxilar esquerdo. Em um segundo, a long neck que ele segurava atingiu meu supercílio em uma pancada que ressoou por toda minha cabeça, um rio de sangue desceu pelo meu rosto, me deixando levemente tonto.
Merda.
A garota se assustou, as amigas dela gritaram, alguém chamou "hyung" atrás de mim. O cara partia para outro soco, que provavelmente me derrubaria, quando um punho o atingiu no nariz. Eu posso jurar que ouvi estalar.
O homem cambaleou antes de cair sentado e bater a cabeça na mesa atrás de si.
— Que porra foi... HYUNG! Merda, merda, merda — ouvi Namjoon dizer atrás de mim.
Ao meu lado, Jungkook segurava o punho vermelho e inchado com os olhos arregalados.
— CARALHO, JUNGKOOK.
— Desculpa, hyung, ele ia te acertar... Hyung, sua cara tá cheia de sangue!
— É, eu percebi — eu respondi sentindo vertigem.
— Yoongi, senta. Meu Deus. Ele tá sangrando demais. — Taeyeon noona me puxava para sentar.
— Eu tô bem. A garota...
— Taehyung está com ela. Ele está perguntando se elas precisam de algo.
— Eu vou chamar Choi, o cara pode levantar e querer continuar a briga — Hyun-min falou e eu assenti.
Eu fiz merda, não nego.
Em qualquer ocasião comum, ao perceber suas intenções, eu avisaria Choi e pediria para que ele o tirasse do bar, caso assediasse a menina. Como funcionário, esse era o meu dever.
Mas eu sabia o que ele faria e assisti, esperando a oportunidade de socar sua cara. Foi quase como se eu tivesse esperado a noite toda por isso, o que era bem cruel, já que a menina ruiva tinha o rosto manchado de lágrimas, enquanto estranhos se reuniam à volta dela, fazendo perguntas que só a assustavam. Eu podia ter evitado o assédio, mas quis agir que nem um babaca.
No fim das contas, eu não era tão diferente dele.
— Yoongi, eu vou ser obrigado a acionar a polícia. — Choi disse ao ver o cenário caótico, Namjoon e Seokjin estavam ao seu lado.
— Não precisa, Choi, eu mesmo saio.
— Você sabe que não é simples assim. A garota tá envolvida, pode querer prestar queixa e também tem a garota que tá acompanhando ele...
— Faz o que quiser com a polícia — disse suspirando — Você veio aqui pra me tirar do bar, não veio?
Ele assentiu.
— Então, eu tô descendo. Não se preocupa, eu não vou a lugar nenhum, se a polícia aparecer, você vai me achar na porta dos fundos... — Falei levantando da cadeira, sentindo o mundo girar outra vez. Seokjin moveu-se para me amparar.
— Yoongi — Choi chamou, eu me virei para olhá-lo — Eu terei que reportar.
E lá se ia meu emprego.