Apenas quero seu bem

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Fiquei atônito com o que eu ouvi. Não fazia ideia de como reagir a essa frase. Grávida? Quer dizer que... Eu não acredito que ela fez isso comigo.

- Tá me dizendo que... a Leena ela... A Lexi...? - gaguejei, sem saber como falar aquilo.

- Sim. A Lexi é sua filha, Dean. - Ethan me respondeu.

Por que ela faria isso? Por que ela foi embora quando estava grávida? Ela não sabia quando terminou comigo? Ou simplesmente não queria que eu soubesse? Entendo que a vida que estávamos seguindo não era a mais adequada para ter um filho. Mas, eu poderia mudar por ele. Bem, ela. Lexi. Será que, a esse ponto, a menina sabe sobre mim?

- Dean, eu sei o que está pensando. Por que ela faria isso com você? Não te contar uma coisa tão importante. - estava tão óbvio? - Leena te amava muito. Ela sabia o quão difícil seria para você deixar a vida de caçador. Por esse motivo ela foi embora. Ela achou que conseguiria lidar com tudo isso sozinha e você não teria que fazer algo que não queria.

- Por que ela achou que eu não iria querer isso? Uma filha, Ethan! Uma família com a Leena... - Acabei elevando um pouco a voz, estava irritado com a situação. Parei e respirei fundo, antes que eu acabasse socando algo ou alguém. Já mais calmo, voltei a falar. - Eu sei que seria complicado, ia ser difícil se adaptar, mantê-la longe disso tudo. Quando se vive por tanto tempo como caçador, os problemas acabam vindo até você, mesmo que não queira. Mas eu tentaria o meu melhor para proteger a Leena e a garota. Droga, eu não consigo nem chamá-la pelo nome! - bati com força no volante.

- Por isso nunca gostei de você perto da minha irmã. - Ele disse, olhando assustado para o que acabara de fazer. - E é por isso que não quero você perto da minha sobrinha.

- Como é? - O olhei indignado.

- Você é muito instável, Winchester. Sempre teve esses ataques de raiva, desde novo. Além de estar sempre atraindo os maiores problemas possíveis para você. - o olho ainda mais indignado, se é que aquilo era possível.

- Acha que eu quero que essas coisas aconteçam comigo? - digo, me referindo aos "problemas que eu atraio" - Não pode me impedir de ver minha filha, Ethan. Eu nem sabia da existência dela, até agora. Pode ter certeza que seu soubesse, teria feito de tudo para ser um bom pai para ela.

- É, mas você não sabia e viveu muito bem sem ela. Pode continuar a fazer isso. Ela já está apavorada o suficiente com tudo o que aconteceu, não precisa de mais uma bomba na vida dela. - ele responde, determinado. Respirei fundo, fechando os olhos. Ele tinha razão. Lexi estava passando por muita coisa. Fazer isso agora, contá-la a verdade, seria demais, ela é só uma adolescente.

- Olha, se não quiser contar pra ela sobre mim, eu não me importo. Mas, precisa me deixar protegê-la. - digo, mais calmo. - Eu e meu irmão podemos ajudar com isso.

- Se ela está mesmo correndo perigo, não me importo de ter ajuda de vocês para protegê-la. - disse. - Mas depois que essa turbulência passar, não quero você perto dela, Winchester. Ela não merece mais sofrimento.

Balancei a cabeça, concordando, mesmo contrariado. Eu entendo que ele só quer o melhor para ela. Caramba, ele viveu com a garota sua vida inteira, sabe tudo sobre ela, o que gosta, o que odeia, seus sonhos. E nessa parte eu o invejava. Se pensar bem, ele fez o papel que eu poderia ter feito se Leena tivesse me contado. Mas, apesar de estar irritado com toda a situação, entendo que a sua decisão foi a melhor a ser tomada. Mesmo que eu pensasse que conseguiria mudar por elas, talvez tudo desse errado e acabaria às perdendo. Como Ethan disse, sempre acabo atraindo os maiores problemas possíveis para mim.

...


Lexi's POV

Eu corria, sem parar, por uma floresta. Estava com vários ferimentos, meu corpo todo sangrava e doía. Ele estava quase me alcançando e eu, a cada passo que dava, ficava mais fraca. No meio do caminho, uma pedra surge e acabo caindo. Ele chega perto de mim e não mede forças ao me puxar pelo pescoço.

- Por quanto tempo achou que conseguiria fugir, ahn? - ele dizia, com o sorriso mais perverso que poderia dar. E o terno cor de sangue o deixava mais apavorante do que já era. Ele olha para o lado e dá uma gargalhada horripilante. Minha mãe estava lá. - Acha mesmo que valeu à pena? Ela vai ser a próxima. - novamente a risada e um grito angustiante, que não consegui determinar se era meu ou da minha mãe, depois que passei a sentir cada osso do meu corpo ser quebrado. Ele me joga no chão, me deixando agonizar antes de morrer.

- Espere por mim, baby. Logo, logo, tudo isso se tornará realidade.
Sento rapidamente na minha cama, suando frio e com o corpo tremendo. Mais um pesadelo. "Se acalma, Lexi, não é de verdade", pensei, tentando ficar mais calma. Respirei fundo algumas vezes e tentei sair da cama. Precisava tomar um banho, estava encharcada de suor. Por conta do tremor que ainda se via presente em meu corpo, tive um pouco de dificuldades para ir até o banheiro.
Durante o banho, comecei a pensar sobre o caso da minha mãe e o que eu podia fazer para entender o que aconteceu. Me lembrei do que um dos agentes do FBI me perguntou, se ela tinha algum inimigo, alguém que ela havia tido problemas no passado, o que me levou a pensar no diário que Brandon achou quando estávamos arrumando as coisas dela.
Após o banho, voltei para meu quarto e fui até a gaveta da cabeceira e peguei o diário que havia guardado. A foto que estava dentro do diário foi a primeira coisa que vi então passei a analisá-la.

Aquele homem... Parecia alguém.

Fico pensando sobre o trecho que havia lido no dia anterior. Além de algum detalhe importante sobre a morte da minha mãe, o diário poderia conter alguma informação sobre meu pai. Um nome, endereço, qualquer coisa.

Depois que minha mãe morreu, não pensei que fosse sentir tanto essa necessidade de saber mais sobre ele. Mas, a cada dia que passa, parece que meu desejo de conhecê-lo cresce cada vez mais.

Minha mãe sempre evitou falar sobre ele, o máximo que podia. E meu tio odiava quando eu perguntava sobre ele. Ele dizia que ele era uma mau caráter por ter deixado minha mãe, grávida, e dizia que eu não deveria pensar nele tanto assim, pois ele não pensava em mim.

Tio Ethan sempre foi super protetor. Me criou como sua filha, ainda que vivêssemos em casas diferentes. Não gostava de nenhum menino que chegasse perto de mim, o que era um problema. Não por namoros, mas, não sei por que, sempre tive mais amizades com meninos. O único que ele decidiu suportar foi Brandon, pois o viu crescer.

Entendo que ele apenas queria me proteger, mas me pedia algo que eu não conseguia controlar, eu apenas tinha a curiosidade de saber como meu pai era, se tínhamos qualquer semelhança.

Guardei a foto no final do diário e o abri para iniciar minha pesquisa sobre o passado de minha mãe. Peguei meus fones de ouvido, coloquei uma música qualquer para tocar e comecei a ler o diário desde o início. Teria um longo caminho pela frente.

She has my eyes - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora