She has my eyes - Livro 1

Quer dizer que eu sou tio?

Sam's POV

Dean me deixou no necrotério antes de ir para a casa dos Hayworth, para ficar de olho em Lexi caso algo acontecesse. Entrando no local fui até ao balcão de atendimento e mostrei meu distintivo falso do FBI pedindo para ver o corpo de Leena para ter mais detalhes do caso.

A atendente, que tinha cabelos ruivos e presos em um rabo de cavalo, verificou algumas coisas no seu computador antes de liberar o meu acesso e pedir para um homem, que não parecia ser muito mais novo que eu, me acompanhar até o local onde ficavam os corpos.

Chegando lá, o homem puxou uma das gavetas e abriu o saco que mantinha o corpo de Leena, saindo em seguida. Eu agradeci com um pequeno sorriso.

Peguei um par de luvas e as coloquei, abrindo mais o saco, que o homem tinha aberto apenas o suficiente para enxergar o seu rosto. Assim que fiz isso o cheiro de enxofre que já sentia se intensificou, era extremamente forte. Era impossível não dizer que foi um demônio que a matou. É claro, não tinha como não perceber também o buraco no peito de Leena, que me fez questionar o que realmente tinha acontecido.

Depois de procurar mais alguma coisa que talvez pudesse dar alguma pista sobre quem fez aquilo, eu saí do local, ligando para Dean assim que cheguei na saída, avisando sobre o que encontrei.

- Com certeza foi um demônio, Dean. O cheiro de enxofre chegou a ser sufocante. - eu disse, enquanto descia os poucos degraus que tinha do lado de fora.

- É, Ethan acabou de me contar uma história que bate com isso. - franzi o cenho, enquanto caminhava. O hotel que tínhamos nos hospedado era ali perto.

- Quem é Ethan? - perguntei, confuso.

- Irmão da Leena. Ele me viu no carro, veio falar comigo. Acabou me reconhecendo. - ouvi o meu irmão responder.

- O que ele te contou? - perguntei.

- Onde você tá? - Dean perguntou, parecendo evitar o que eu disse. Ele estava falando meio estranho, alguma coisa parecia ter acontecido.

- Estou indo para o hotel. Porque? - disse.

- Estou indo para aí, então. Te conto no hotel, pode ser? - ele questionou, eu concordei.

- Mas e a menina?

- Ela está segura, Ethan é um ótimo caçador e, pelo o que vi de longe, a casa está bem protegida. Eles aguentam um tempo sem vigia. - ele respondeu, se despedindo e desligando em seguida.

Guardei o telefone e segui meu caminho até o hotel. Mesmo com Dean estando de carro, cheguei antes que ele no lugar, então decidi tomar um banho antes dele chegar. Ouvi um barulho na porta quando estava desligando o chuveiro e ouvi a voz de Dean avisando que ele tinha chegado.

Já vestido e secando os meus cabelos com a toalha, cheguei no quarto, vendo Dean sentado na beira de uma das camas, esfregando as mãos no rosto, parecendo bem cansado.

- Então, vai me contar o que aconteceu com Leena? - perguntei, me sentando na cama ao lado. Dean tirou as mãos do rosto e me olhou ao começar a falar.

- Ethan me contou que ela fez um pacto para salvar a menina... a Lexi. - ele respondeu, parecendo se corrigir por não ter chamado Lexi pelo seu nome. Estranhei isso um pouco.

- Salvá-la? - perguntei. - O que houve?

- Quando Lexi era pequena, Leena acabou pegando um caso e levou Lexi junto. O que não resultou em coisa boa, óbvio. - Dean falou, apoiando os antebraços nas pernas e fitando o chão. - Lexi foi atacada.

- Então porque o demônio quer ir atrás de Lexi? Ele pode fazer isso? - questionei confuso. Aquilo não fazia sentido nenhum.

- A Leena tentou de tudo para anular o pacto, quase matou o desgraçado várias vezes. - ele respondeu. - Ele tá puto, Sam. Provavelmente matou ela com as próprias mãos e agora quer matar a Lexi, simplesmente por birra.

Agora fazia bem mais sentido e a história confirmava as nossas suspeitas. Observei Dean por um momento. Ele parecia estar sendo muito afetado por essa história toda. Eu não sabia de Leena e muito menos que meu irmão a amava tanto assim, ele nunca havia me contado. Conhecendo bem o meu irmão, sabia que a pergunta que eu faria a seguir seria em vão, mas pelo menos mostraria a ele que estava ali e que ele podia desabafar comigo se quisesse ou precisasse.

- O que tá rolando, Dean? - perguntei. - Como está se sentindo? Sei que você conhecia Leena, deve estar sendo bem pesado para você.

- Você nem imagina. - ele disse, rindo irônico e voltando a fitar o chão, com uma expressão que eu não soube decifrar o que era, mas que dava para perceber que ele não estava me contando algo importante.

- Tem mais alguma coisa que queira me contar, Dean? - perguntei. Ele respirou fundo, antes de me encarar.

- A garota é minha filha, Sam. - ele disse, depois de uns segundos me encarando. Eu franzi o cenho. - A Lexi é minha filha. - ele se levantou e foi até o frigobar que tinha no local, pegando uma cerveja.

- Espera aí. Como assim, Dean? Sua filha? Quando descobriu isso? O tal Ethan te contou?

- É. - ele respondeu de forma simples, voltando a se sentar na cama enquanto bebia. - E eu nunca soube de nada. Quando a Leena foi embora, ela estava grávida e já sabia. Mas não me contou nada. Para "me proteger", segundo o Ethan. - ele explica, frustrado.

- Te proteger de que? - questionei, mais de forma retórica. Dean fez uma feição enquanto tomava mais um gole de sua bebida que mostrava que ele se perguntava o mesmo.

Ficamos em silêncio por um tempo.

Caramba, então eu tinha uma sobrinha. Eu era tio de alguém. Eu ri quando me peguei pensando em como teria sido se tivéssemos nos conhecido antes, se ela tivesse crescido conosco. Fiquei um pouco triste por Dean. Ele merecia ter uma família. Ele praticamente me criou então sei muito bem que ele seria um ótimo pai.

- E como está se sentindo sobre isso? - finalmente perguntei, depois de um tempo tentando digerir a informação.

- Eu... eu sei lá. Eu tô feliz, mas ao mesmo tempo eu tô puto. - ele diz, me olhando em seguida. - Nunca a conheci, Sammy. Não faço a mínima ideia de como ela é. Eu queria ter feito parte da vida dela, visto ela crescer, sabe? - concordei com a cabeça.

- Ela sabe sobre você? - perguntei e Dean me respondeu negativamente com a cabeça.

- O Ethan não quer que ela saiba.

- Mas quando falamos com ela, ela não disse alguma coisa sobre conhecer o pai?

- É, acho que ela disse algo assim. Mas o Ethan me confirmou que nunca contaram para ela. Ela nem sabe o meu nome.

Coloquei minha mão no ombro do meu irmão, apertando carinhosamente, demonstrando apoio. O caso tinha se transformado em algo bem maior agora que descobrimos sobre tudo isso. Era salvar alguém da família.

- Nós vamos protegê-la, Dean. Vamos pegar esse desgraçado e acabar com ele. Ninguém vai encostar na minha sobrinha. - Dean me olhou, agradecido, e com um sorriso pela forma que chamei Lexi.